No fim-de-semana li finalmente o nº1 do semanário Sol (que saíra no fim-de-semana anterior). Parece um Expresso sinóptico com inclinação para o tabloidismo. Exemplo: a entrevista de Filomena Mónica, que defende que se deve explorar jornalisticamente a vida sexual dos políticos. A idosa senhora cita nomes e insinua as perguntas que quer ver respondidas (se Sócrates é guei, se Soares tem amantes...). E de caminho, lá dá a sua opinião (beatíssima, diga-se...) sobre a vida afectiva e sexual de toda a gente, incluindo Santana Lopes. Justificação apresentada? É muito simples: na Inglaterra não se respeita a vida privada das pessoas, e a senhora da Lapa (que sofre de anglofilia galopante) quer que seja tudo como na ilhota do Mar do Norte. Foi também pela anglofilia que começou essa ideia dos círculos uninominais que se arrisca a destruir o sistema político-partidário tal como existe...
Curioso também um artigo titulado «PS cria movimento pró-aborto». Que engraçado. Então os outros serão os «pró-prisão»? Os nomes que se dão às coisas revelam o que se pensa delas...
Finalmente, na réplica da Única (não fixei o nome), um artigo de Paulo Portas em que elogia o filme de Sofia Coppola sobre Maria Antonieta por este ignorar a política. O pior é que o pseudo-crítico cinematográfico não resiste à política em todos os parágrafos do texto. Contra-revolucionário e francofóbico até à medula, aliás...
4 comentários :
Concordo na generalidade , porque comprei o segundo numero e reconheço-me nesta critica... e oportunamente lá farei a minha análise ao mesmo. Mas parece-me extremamente acertada esta analise.
É um expresso light recauchutado.
Ainda não consegui apanhar "O Sol" - mas paguei o segundo porque pensei que podia voltar a esgotar-se e quando lá cheguei já o quiosque estava fechado.
Mas vi na Iternet o artigo de Paulo Portas. Não vi o filme mas achei pertinente algumas das considerações sobre a Revolução Francesa.
Ao fim e ao cabo, muitas das conclusões que podemos tirar sobre o arco irís é das cores que queremos ver.
Quanto à Grã-Bretanha, pode haver muita boa coisa a aprender com elas, mas não será certamente a triste devassa sobre a vida privada de pessoas proeminientes ou de quem quer que seja.
Grafismo propositamente saloio, editorial morníssimo, revista insonsa, com irreverência q.b. à medida do burguês. Tudo colorido mas na verdade comportadinho, institucional, para que ninguém tenha vergonha ou medo de ser visto a lêr o dito nas esplanadas da moda. A rematar com uma sondagem espúria, generalizante, para ajudar a garantir o pleno de vendas.
Mais do mesmo, como toda a gente gosta para não se sentir perdida. Se fosse uma cor, seria pastel.
o sol começa pelo director:
no seu melhor é o mister lugar comum.
Em velocidade de cruzeiro é um lunático com o problema adicional de ser pretencioso.
POr fracote que seja, o Expresso não corre perigo.
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