As praxes são um tema recorrente neste blogue. Volto ao assunto de tempo a tempo, porque sempre as condenei e porque a indiferença com que o problema se agravava publicamente há vários anos não augurava nada de bom. Esta semana, as praxes são «o» tema de debate público: sucedem à adopção gay e ofuscaram o desinvestimento na ciência.
Deve notar-se que não é possível interditar as praxes sem ferir direitos fundamentais: são actividades entre adultos, e que em muitos casos começam por ser consentidas. Mas também é verdade que o princípio da praxe (a saber: os mais velhos exercitarem alguma coação para humilhar os mais novos) está errado e deve ser combatido. Infelizmente, nesta situação o combate cultural e social parece estar a ser perdido: a praxe irradiou a partir dos anos 80 de Coimbra para todo o território nacional, e a peste é hoje particularmente virulenta e malsã em Escolas Agrárias e Universidades privadas.

Eu sei: pode ajudar-se a velhinha a atravessar a rua, não se pode obrigá-la. Não se faz ninguém ajoelhar, mas também não se vai levantar quem o faz de livre e espontânea vontade. A dignidade é um direito, não um dever. Não se proíbe o mau gosto nem os divertimentos parvos (como a tourada). Não se proíbem pessoas adultas de entrarem em grupos religiosos fundamentalistas, nem de estarem em relações perversas.
Todavia, a Universidade não é um espaço qualquer e os estudantes universitários têm responsabilidades sociais.

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