quarta-feira, 14 de março de 2012

Um paradoxo agravado

Portugal mantém, desde o 25 de Abril, um paradoxo.

Segundo vários indicadores, os preceitos da religião tradicional são irrelevantes para a maioria da população. Nos casamentos, a cerimónia religiosa é escolha minoritária. Os jovens casais, frequentemente, nem se casam (duas em cinco crianças nascem de pais solteiros). O divórcio banalizou-se. A frequência da missa diminui. Nas escolas, os alunos fogem da Religião e Moral depois da puberdade.

E no entanto, talvez por não terem interiorizado que a sociedade se secularizou (e muito), os governos (de «direita» e de «esquerda») tratam a Igreja Católica como se representasse ainda uma fracção preponderante do país. Recentemente, assistiu-se ao ridículo de o governo da República «negociar» com essa igreja o fim de feriados civis (algo a que a Concordata nem obriga). Essa mesma igreja mantém os seus privilégios imunes à «austeridade», agravando o paradoxo da secularização sem laicização.

O fim da devolução do IVA, da isenção de pagamento de IMI (falamos do maior proprietário privado nacional) ou dos subsídios autárquicos à construção e manutenção de templos faria mais pela redução do défice que algumas medidas, socialmente gravosas, que estão a ser tomadas. Ao contrário de um mito urbano persistente, a «assistência social» atribuída à Igreja Católica não seria afectada: essas são outras contas.

7 comentários :

tempus fugit à pressa disse...

ó deus das notas de 500..

no norte uma população rural ainda se revê na igreja

e nas classes etárias acima dos 50...

e a egreja dura há + tempo que a respúbica e inda dá votos
na madeira e no alentejo comuna
que em cada seca faz procissões a pedir chuva
e nã a pedem a Marx nem a Groucho

Filipe Tourais disse...

Não é que seja muito apologista da moda das petições, mas aqui estaria uma que eu gostava de ver a andar. A ICAR a pagar impostos, como corresponde. É muito fácil fazer caridade assim. E ainda sobra para umas romarias.

tempus fugit à pressa disse...

Esta sanha contra A ICAR a Opus Dei
(não sobra nada para a igreja maná ou a Universal do Reyno de Deus que tirou centos de milhões de contos no seu tempo...e em menor grau ainda continua aqui no burgo

já para não falar em ordens várias não religiosas e maçonarias várias que se bem me lembro arrecadAm bastante mas não pagam impostos...

tempus fugit à pressa disse...

nas escolas os alunos fogem da escola...

não é da EMRC ou da EMR...em particular

António Matos disse...

Como antigo aluno, posso dizer que fugi da EMR em particular. E que à catequese só fui até acabar de pintar os desenhos do livro.

ASMO LUNDGREN disse...

António Matos disse...

Como antigo aluno, posso dizer que fugi da EMR da igreja maná...isse foi bom

da EMRC nã é preciso fugir que geralmente tã muy velhinos pra vir atrás

já agora ó predecessor de nosso Arnaldo do XXIºpara MRPP tás com trunfa a mais

vai pró bloco É que à catequese, só fui...

NG disse...

"Segundo vários indicadores, os preceitos da religião tradicional são irrelevantes para a maioria da população"

E segundo vários outros indicadores, os preceitos da religião tradicional são cada vez mais relevantes para os movimentos ateístas fundamentalistas. Hum... Quem desdenha quer comprar.