sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mal ou bem, por tímida que seja, uma reforma sempre passou

3 comentários :

João Vasco disse...

Uma reforma que é simpática para os miseráveis, muito simpática para as seguradoras; chata para a classe média, e péssima para os pobres em geral.

Filipe Moura disse...

É uma reforma muito tímida, mas que apesar de tudo é importante para muita gente. Os vários problemas que cria, apesar de tudo, são menos graves que os problemas que resolve. Mas, sim, sabe a decepção ("traição" é que me parece forte!).

João Vasco disse...

Filipe Moura:

É importante para muita gente, sem dúvida.

Para os miseráveis é importante, porque passam a ter acesso gratuito à saúde. Mas esses não são muitos: são cerca de 3 milhões.

Para as seguradoras é importante, porque se já tinham lucros chorudos e obscenos, agora vão tê-los ainda maiores. A procura vai subir, visto que o seguro de saúde vai passar a ser obrigatório. Agora têm ainda menos a perder em manter os preços ridiculamente altos.

Para a classe média e para os pobres também é importante. Os preços dos seguros de saúde vão subir, e aqueles que antes optavam por não usufruir de um plano de saúde (por exemplo por ter pouco dinheiro para outros gastos), vão deixar de ter essa opção. Se acham que os preços das seguradoras são caros, têm como alternativa pagar multas ao estado.

Parece-me o contrário: esta reforma é um passo atrás. Vem criar mais problemas do que aqueles que resolve.

Num país em que 60-80% do eleitorado quer a opção pública, e em que ela tinha sido uma promessa de campanha de Obama, fazer esta reforma sem garantir essa opção só não seria uma traição se existisse uma mínima contrapartida para controlar os custos das seguradoras. Lembremo-nos que esse era o maior problema, e vai ser agravado com a parte da reforma que vai passar. Nem extensão do Medicare, nem maior concorrência entre estados, nem nada.

As seguradoras tiveram um Feliz Natal, e isto pode custar as eleições a Obama.


PS- A reforma não me parece nada tímida. Obrigar vários milhões de pessoas a ter um seguro de saúde é um grande passo. Um passo desequilibrado, apenas. Às seguradoras dão-se clientes, e não se lhes tira nada. Como se a anemia financeira das seguradoras é que fosse o problema...