sexta-feira, 31 de maio de 2013

É já amanhã



Ver percursos aqui.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Quais são as tarefas fundamentais do Estado?

Ontem: anunciou-se que os únicos funcionários públicos protegidos dos possíveis despedimentos na função pública são os diplomatas, os polícias e os pides. No mesmo dia, soube-se que encerrarão quase duzentos cursos do Ensino Superior.

É claro que modelo de Estado o governo quer: aquele que começou a terminar em Portugal na Era de Sebastião José. E que se pensava que morrera de vez na Era do MFA.


A "Cinderela do empreendedorismo"

Ainda sobre o "caso Martim", vale a pena ouvir o Ricardo Araújo Pereira, que diz tudo o que eu gostaria de dizer. Via Cinco Dias, onde está transcrito.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma sondagem de que não se falou o suficiente

Dois em cada cinco portugueses querem a «denúncia» do acordo com a tróica - é o dobro da proporção que diz ir votar nos partidos que têm essa posição. Um em cada dez quer «cumprir» o memorando - é cerca de um quarto do apoio que os partidos no governo têm em sondagens (reduzindo ao mais troiquista dos partidos, ainda é menos de metade dos que dizem ir votar no PSD). Finalmente, dois em cada cinco querem «renegociar profundamente» - um pouco mais do que a proporção que diz ir votar no PS, mas tendo em conta os dois dados anteriores, a verdade é que não bate a bota com a perdigota. E, tudo junto, significa que a «distância entre eleitores e eleitos»/ a esquizofrenia política/a disfunção da democracia estão a bater máximos históricos. Geralmente, estas situações não acabam bem.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Revista de blogues (27/5/2013)

  • «(...) A proposta de lei, que tinha como primeira signatária a deputada do PS Isabel Moreira, foi aprovada por 99 votos a favor, 94 contra, e nove abstenções. Os maiores grupos parlamentares, do PSD e do PS, bem como o do CDS, “deram” liberdade de voto aos seus deputados (...) O resultado foi uma surpresa. Sou de opinião que o mero facto de assim ter sido valoriza a democracia representativa e o parlamentarismo. Faz uma diferença significativa que o resultado final de um processo legislativo não seja completamente previsível só pela contagem de cabeças nos grupos parlamentares. É bom que em Portugal possa ter acontecido ganhar uma proposta de esquerda numa legislatura em que há maioria absoluta de direita. Um dia talvez venha a suceder o contrário, e talvez eu não goste tanto do resultado, mas gostarei do processo. Porque ele dignifica o trabalho dos deputados e leva os cidadãos a estarem mais atentos ao que se passa no parlamento. Também aqui é importante que a política se adeque aos tempos. Não são os partidos que “dão” liberdade de voto aos deputados. São os deputados que têm esse dever constitucional, e a obrigação de dar um cunho de independência e autonomia ao trabalho que fazem. Se as estruturas partidárias aprenderem, de uma forma geral, a não impedir esse processo e até a promovê-lo, estarão a dar razões para que os cidadãos se reconciliem com a democracia representativa.» (Rui Tavares)

domingo, 26 de maio de 2013

Algumas notas sobre o "caso Martim"

Tomo este texto do Daniel Oliveira como base. Li muitas opiniões parecidas de pessoas de esquerda.

"Martim Neves, sem o saber (ou sabendo, é indiferente), atirou por terra tudo que Raquel Varela tivesse para dizer. Porque a historiadora não tinha razão? Porque o salário mínimo dá para viver? Nada disso. (...) O problema de Raquel Varela foi ter escolhido a pessoa errada para ilustrar o seu ponto de vista."
Portanto o problema não é a opinião: é mesmo a Raquel Varela. Reconheço que muitas das opiniões políticas da Raquel (que eu não conheço) são polémicas, mas não é preciso concordar com elas. Parece-me, porém, que o que leva muitas pessoas de esquerda a demarcarem-se da Raquel Varela é o terem medo de serem associados a essas opiniões polémicas. Nada disso, no entanto, se viu no momento da polémica, a questão ao Martim no Prós e Contras. A Raquel não foi agressiva e limitou-se a falar com ele.

Pelos vistos muita gente acha que o Martim não tem idade para responder às questões que lhe foram colocadas pela Raquel. Mantenho-me na minha: qualquer empresário tem que lhes saber responder. O Martim então, se calhar, não terá idade para ser empresário. Espanta-me que ninguém questione isto. Espanta-me que ninguém pergunte ao Martim com que capital começou ele o seu negócio. Espanta-me que toda a gente ache isto perfeitamente natural. E espanta-me (e dececiona-me) que se ache melhor exemplo para o país um menino filho de pais ricos que faz t-shirts que uma académica com trabalho reconhecido. Acresce que na blogosfera e nas redes sociais, sobre este assunto, o que se lê mais são comentários do tipo "David contra Golias", como "o jovem empreendedor deixou sem palavras a doutorada". Até "professora catedrática" já vi chamarem a uma bolseira de pós doutoramento. Tal atitude mesquinha revela um desprezo pela academia e pelo conhecimento que justifica bem como este povo teve um ministro chamado Relvas.

Já o Martim, de acordo com o mesmo texto do Daniel Oliveira, é "um miúdo empenhado, com genica, a querer viver da sua criatividade e do seu trabalho. Não vi um chico esperto, um arrivista, alguém que espezinha os outros para subir na vida. Vi alguém que quer fazer o que gosta e faz por isso. Nada sei sobre ele. Ninguém ali sabia. Logo, o que interessa é o que se viu: um miúdo articulado, despachado, esperto e empenhado." Extraordinário: o Daniel Oliveira não conhece o míudo, mas "viu" isto tudo num vídeo de dois ou três minutos. Teria sucesso a fazer entrevistas de emprego: é rápido a "ver" as pessoas.

Mantenho: não é natural um miúdo de dezasseis anos ser empresário. É normal querer vir a ser. É normal ter ambições e querer progredir na vida. Da minha parte aprecio isso desde que se comece de baixo. E um miúdo que aos dezasseis anos é empresário não começou por baixo.

Há quem refira como uma "virtude" o empreendedorismo de um rapaz que, apesar de não ter necessidade, prefere trabalhar a ficar a ver televisão ou jogar computador. Não concordo. Aos dezasseis anos há muita coisa ainda para aprender e descobrir. Parece-me desejável que se aprenda e descubra algumas dessas coisas mais básicas antes de se começar a trabalhar (principalmente como empresário), mesmo se a trabalhar se descobrem muitas outras coisas. Mas convém estar preparado para elas. Por muito talento que se tenha (e eu não nego o talento do Martim), esse talento será muito melhor desenvolvido com esse conhecimento. Ao elogiarmos a atitude de um rapaz que, por sua livre escolha, e sem precisar, aos dezasseis anos se tornou empresário, estamos a elogiar quem tem como principais, se não únicos valores, o sucesso pessoal, o individualismo e a ganância. Não serei eu a elogiar tal estilo de vida.

Há muitas outras coisas que um rapaz de dezasseis anos pode fazer para se sentir útil, a começar dentro da sua própria casa. Alguém perguntou ao Martim que tarefas domésticas ele realiza? Será que ele sabe cozinhar? Será que ao menos limpa e arruma o seu quarto? Queremos mesmo tomar como exemplo alguém de dezasseis anos que se tornou empresário com dinheiro da família e nunca sequer fez estas tarefas tão simples? Que mundo é o que queremos construir, afinal?

Dois portugueses na capa da «The Economist»

(O provincianismo, neste caso, é plenamente justificado).

... e Cavaco contra a Liberdade de Expressão


Mais sobre isto aqui.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Revista de blogues (24/5/2013)


  • «(...) Então aí vai um resumo para quem estiver interessado.

    Assunção Esteves pediu uma voz mais forte ao governo na Europa e fez uma intervenção muito crítica da situação actual, no que foi acompanhada por vários outros conselheiros que classificaram negativamente o governo de Passos Coelho, tendo alguns deles pedido expressamente a sua demissão.

    Uma das posições mais veementes foi a do presidente do Tribunal Constitucional, que aproveitou a ocasião para responder às críticas do primeiro-ministro às decisões daquele tribunal quanto ao OE2013, sublinhando que são as leis que têm de se adaptar à Constituição, e não a Constituição que tem de se adaptar às leis, e avisando que o TC não se deixará condicionar em futuras análises de legalidade dos orçamentos.

    Já quanto ao sacrossanto tema do consenso nacional, a discussão foi muito acesa e foram vários os conselheiros que afirmaram que ele não existe, nem quanto ao presente nem quanto ao futuro – sobretudo Mário Soares, Manuel Alegre e Jorge Sampaio –, tendo este último considerado que o tempo de negociação e de compromisso já passou (Aleluia!).

O PS em Braga até dá para fazer a direita passar por inocente

«“Esta é uma homenagem ao cidadão cónego Melo, que era um bracarense dos sete costados”, justifica o presidente da câmara, Mesquita Machado, um dos seis socialistas que aprovou a proposta. “Testemunhei isso em várias situações. Tudo o resto deve ser abstraído”, acrescentou o autarca. Eduardo Melo foi conotado com movimentos de extrema-direita e ficou conhecido pela sua oposição à esquerda no pós-25 de Abril. Mas, para o autarca do PS, “não tem qualquer tipo de significado a ideologia da pessoa”.
Os vereadores do PSD e do CDS abstiveram-se “por uma questão de principio”, justifica o líder da coligação, Ricardo Rio. “É uma homenagem que não promoveríamos, mas à qual não nos opomos”, acrescenta.»

Resta acrescentar que foi em Braga que teve origem o golpe que pôs fim à 1ª República e instaurou a ditadura militar, a 28 de Maio de 1926. Justamente por isso foi erguida uma estátua do seu mentor, Gomes da Costa, numa das principais praças da cidade.

A plutôt et merci, cher Georges!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O choque dos fascismos

No final do século passado, Huntington falou no «choque de civilizações», mas o que nos saiu na rifa aqui na Europa do início do século 21 é cada vez mais um choque de fascismos.
De um lado, os islamofascistas que tranquilamente degolam um soldado na rua; do outro lado, os etnofascistas que atacam imediatamente mesquitas. Os primeiros deram-nos os atentados indiscriminados de Atocha e Londres; os segundos, o massacre direccionado de Utoya e o assassinato selectivo de imigrantes muçulmanos. Ambos recorrem ao suicídio como forma de propaganda política. Uns gostariam que todos nos convertêssemos ao Islão; os outros, que expulsássemos todos os muçulmanos e mais uns tantos.  Mobilizam multidões de jovens furiosos e violentos, que desfilam para provocar o outro lado (tal como nos anos 30). Os de fora são vigiados pelos serviços secretos; os de cá, aparentemente são protegidos. Não pedem exigem nada que seja possível conceder sem criar problemas maiores.
Entre a peste e a cólera, não há que escolher, não há que hesitar, não há que vacilar: todos merecem o nosso repúdio, e a sua estúpida estratégia de radicalização mútua deve ser combatida de todas as formas legais possíveis.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Bater o punho" 2

O assunto do dia tem sido o "Prós e Contras" de segunda feira, nomeadamente a parte resumida no vídeo acima: a interpelação do "empreendedor" de 16 anos (!) por parte da Raquel Varela. O que mais me espanta é haver, à esquerda, quem não se aperceba de que um empresário responsável tem necessariamente que saber responder às questões que a Raquel colocou. Saberá o empreendedor Martim o que é um sindicato? Se fosse confrontado com uma comissão de trabalhadores, saberia o que responder? Não faz mal nenhum o "menino" ter uma noção das consequências do seu "empreendedorismo", algo que pelos vistos ele não tem. Eu não sou contra o empreendedorismo, mas os empreendedores (ou empresários, como lhes queiram chamar) têm uma responsabilidade social. Enquanto não estiverem conscientes dela, não devem exercer essa atividade. Por essa ordem de ideias, o menino de 16 anos já pode votar? Comprar álcool? Conduzir um carro? Pelos vistos os meninos de 16 anos não servem se se tratar de discutir as relações laborais do país, mas servem para "arregaçar as mangas" e acabar com a crise. Nada disto parece importar para o Sérgio Lavos e o Daniel Oliveira.
Já à direita surge a acusação habitual de que a esquerda supostamente defende que mais vale estar desempregado do que ser mal pago (neste caso receber o salário mínimo). Eu defendo que mais vale um trabalho do que estar desempregado, dentro de certas circunstâncias. Uma delas é que obviamente esse trabalho não seja uma exploração. Seguramente a generalização de uma política de salários baixos e desproteção social não é para mim aceitável. Se se prescindir do salário mínimo, como pretende a direita, a favor da "empregabilidade", é meio caminho andado para o regresso à escravatura. Neste assunto, de facto, existe todo um abismo moral. E - mantenho - um empresário tem de saber discutir isto. Senão, que volte para a escola, que é onde um jovem de 16 anos deve estar com a escolaridade obrigatória até ao 12º. Ainda sou do tempo em que a esquerda era contra o trabalho infantil.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Polémica em torno da viagem de Portas à Venezuela

Paulo Portas quis homenagear Hugo Chávez, visitando o seu túmulo.
Talvez com alguma injustiça, no Blasfémias escreve-se esta crítica feroz ao Ministro dos Negócios Estrangeiros:
Todavia, Portas tem uma certa racionalidade na sua relação especial com a Venezuela.
Esta racionalidade é interpretada no Blasfémias como cedência a uma chantagem. Alegadamente, os imigrantes portugueses estarão em risco de ir para as câmaras de gás.

A última do "mata mouros"

O vice-presidente da bancada do PSD e candidato à câmara de Gaia, na hora de comemorar mais um título de futebol do seu clube, escreveu o que a imagem documenta, e que tem sido amplamente relatado.
Sobre este acontecimento, gostaria de fazer os seguintes comentários:
Adeptos de outros clubes que não o FC Porto há-os em todo o país, e também no concelho a que CAA se candidata. Por outro lado há (eu conheço vários) adeptos do FC Porto que não se revêem nem um bocadinho neste "tweet". De um ponto de vista puramente eleitoral, foi uma péssima atitude. É o menos importante (para quem não é de Gaia), mas é o que mais dá vontade de rir.
Verdadeiramente graves são dois aspetos. O primeiro: em pleno séc. XXI usar-se o termo "magrebino" como se algo depreciativo se tratasse (não nos esqueçamos de que CAA é um firme defensor de Israel). O segundo: CAA é um deputado da nação, pelo que é grave que incite a ódios regionais.
Finalmente, ninguém parece já recordar-se disto, mas este episódio nem é assim tão surpreendente se nos recordarmos que CAA já foi coautor de um blogue intitulado Mata-mouros.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O que é a novilíngua?

É chamar «Academia da Inteligência» a acções de formação em violação de privacidade, vigilância ilegal e tortura.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Não há dinheiro?!

Aqui no Texas, como em Portugal, todos me dizem que não há dinheiro, que temos que apertar o cinto...  e eu pergunto para onde foram os seis mil milhões de dólares de cortes nos impostos dos ricos que o meu governador Rick Perry assinou em 2006?  Que eu não percebo, que só os economistas (e os astrólogos?) é que sabem explicar este mistério da recessão...  e ninguém se revolta, ninguém pia, parece que a culpa é nossa: ganhamos demais, queremos coisas demais do estado, esse é que é o problema.

O papão da inflação

A relação que os alemães têm com a inflação é algo que só pode ser entendido como um fenómeno de histeria religiosa. Os media fazem reportagens sobre a hiper-inflação que estás quase quase quase a chegar, os bancos têm cartazes com publicidade assustando os seus clientes, promovendo os seus produtos para escapar à inflação.
No dia em que se soube que a inflação na Zona Euro e nos EUA chegou a níveis historicamente baixos, 1,2% e 1,1% respectivamente, o ministro das finanças alemão Wolfgang Schäuble vem avisar que... há demasiada moeda no mercado (leia-se,a hiper-inflação está quase quase quase a chegar por culpa dos bancos centrais).
O problema é que este fanatismo religioso não é apenas um papão que cria ansiedade aos alemães, ele tem graves consequências. Primeiro impede uma política monetária mais agressiva, exactamente quando grande parte dos países da Zona Euro está em recessão há vários trimestres consecutivamente, estando o desemprego em máximos históricos.
Segundo, porque a inflação baixa funciona como um aumento na taxa de juro (nominal) da dívida, ou seja aumenta os encargos dos endividados numa altura em que tantos esforços se fazem para controlar as dívidas. Veja-se o caso da Grécia, que tem uma taxa de inflação de -0,6%, ou seja o euro está a ganhar valor. Uma dívida a 10 anos vai sair 29% mais cara ao estado grego, do que custaria com uma inflação a 2% - estamos a falar de um custo extra gigantesco para quem já tem o país destruído.
Terceiro, e assumindo que realmente os salários da periferia têm de diminuir face aos alemães, com a inflação tão baixa são há uma maneira de reajustar os salários que é baixando-os. E isto só acontece com mais e mais desemprego.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O embuste da ligação Porto-Vigo


Imagem JN


A atual ligação ferroviária Porto-Vigo possibilita uma viagem com duração de 3h30min. Há várias razões para uma viagem tão demorada: um número talvez excessivo de paragens e composições muito antigas. Estas razões foram por mim abordadas há dois anos, quando o atual governo entrou em funções e se falou no cancelamento da ligação. Mas a principal razão parece ser a linha, que não é eletrificada na maior parte do trajeto (a partir de Nine), só podendo ser percorrida por comboios necessariamente lentos.
Uma vez abandonado o projeto de alta-velocidade Porto-Vigo, a única alternativa razoável seria investir na infraestrutura existente, eletrificando-a a norte de Nine. Consta que existe financiamento comunitário para esta obra. Esta intervenção deveria ser complementada com uma ligação ferroviária entre as cidades de Barcelos, Braga e Guimarães. Tal linha permitia uma ligação direta entre as cidades minhotas (que não existe) e uma melhor potenciação da linha, trazendo mais passageiros de todo o Minho, havendo ligações que o permitissem. Existe um volume diário de deslocações entre estas cidades (principalmente entre Braga e Guimarães) que justifica e tornaria viável esta linha.
Novidades neste sentido, sim, seriam de saudar. O que foi anunciado esta semana, na sequência da cimeira ibérica, não tem nada a ver com isto. A única razão para a viagem Porto-Vigo se tornar mais rápida vai ser... o cancelamento das paragens intermédias. O facto de passar a ser só um maquinista resulta necessariamente de não haver paragens na fronteira - mas não era isso que fazia perder muito tempo. A este respeito, a novidade de haver bilhetes pré comprados não é novidade nenhuma: sempre houve esses bilhetes no trajeto Porto-Vigo; não havia era para as paragens intermédias (tinham que ser comprados dentro do comboio), que agora vão ser totalmente suprimidas.
O comboio talvez pudesse ter menos paragens, mas nunca uma supressão total. Nenhum comboio se destina somente às cidades de início e fim de marcha: pelo meio há sempre outras cidades que devem ser servidas. Neste caso as mais importantes são Braga, a maior cidade entre Porto e Vigo, desde que a ligação que referi fosse construída (enquanto não o for, deveria parar em Nine), mas também Viana do Castelo e eventualmente Barcelos e Valença. No caso particular de Viana, com a infraestrutura existente o comboio vai lá passar de qualquer maneira. Vai ser muito difícil explicar aos vianenses por que lá não pára.
Esta nova ligação seria comparável a uma ligação Porto-Lisboa feita num comboio regional (e não num intercidades ou alfa pendular) que, em contrapartida, não efetuasse nenhuma paragem - nem em Aveiro ou Coimbra! Alguém acharia uma solução deste tipo brilhante? Ou, sequer, razoável?
Uma solução deste tipo melhora a ligação, sim, mas somente para o Porto (e para Vigo). Ignora totalmente o resto do norte do país, nomeadamente todo o Minho. Foi anunciada nas primeiras páginas dos jornais (a reste respeito é para mim um mistério que um jornal que se intitula "Diário do Minho" a anuncie na primeira página como se fosse uma boa notícia para a região). Não vejo motivo nenhum de júbilo.

Logicamente

Se o Vítor Gaspar diz que «abaixo do limite de 100 mil euros os depósitos são sagrados»(*), é porque acima não o são. No Chipre ou alhures.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

As queimas e a morte

Está de volta aquela época do ano em que as ruas de cidades universitárias como Braga são dominadas pela presença de estudantes fardados - ou "trajados" - a rigor, para "semanas académicas" de "queima de fitas". De certa forma para os habitantes dessas cidades tal é um alívio, pois tais festas representam o fim das "praxes", que duravam desde o início do ano letivo. Mas o que acaba são os exercícios humilhantes (e barulhentos) de submissão espalhados pela cidade: no resto, a alienação continua a mesma. Ainda na sexta à noite passei por um grupo que aguardava transporte para o estádio do Braga, o "queimódromo" lá do sítio. Ocupavam todo o passeio no largo da estação. Em direção a eles dirigiam-se grupos de mais estudantes. Dirigiam-se... a marchar. Sempre em frente, disciplinadamente, sem desviarem o olhar um milímetro. Totalmente indiferentes ao trânsito, aos outros peões, que tinham que parar ou se desviar por causa deles. Há uma semana um aluno da Universidade do Porto, dirigente académico, morreu ao tentar corajosamente defender a receita da associação de que fazia parte durante um assalto. Da restante direção não se ouviu uma palavra dirigida à família. Nem um remorso pelo colega que deu a vida por uma causa que supostamente seria a deles - e poderia ter sido um deles. Se fosse um espectador numa outra circunstância qualquer ainda se compreenderia - mas era um organizador, que morreu graças a essa função. A festa continuou, com a mesma indiferença com que os estudantes em Braga marchavam. O país ficou indignado com tal indiferença. Mas só quem nunca presenciou cenas como a que eu testemunhei na sexta à noite (e com que sou quotidianamente confrontado em Braga, durante todo o ano letivo) se pode verdadeiramente surpreender. Dizem-me os defensores das praxes e da "tradição académica" que tais ações servem para "integrar" os estudantes e transmitir-lhes uma "sensação de pertença". Talvez por o estudante falecido ter crescido na Venezuela, deveria ter uma noção diferente do que é integração - e sobretudo de solidariedade. A "pertença" de que falam os praxistas é a uma alienação total.

sábado, 11 de maio de 2013

Dorje Gurung

Dorje Gurung é um professor de química nepalês que está preso no Qatar. Durante vários dias, alguns dos seus alunos fizeram pouco dele e do seu aspeto físico, comparando-o a um ator chinês. Dorje reagiu, fazendo-os ver que tecer considerações sobre as pessoas baseadas na sua aparência física é tão injusto como fazer generalizações sobre muçulmanos e dizer que são "terroristas". Por esta razão Dorje está detido, e poderá vir a passar muito tempo na cadeia. Podem ler a notícia no Washington Post e assinar uma petição para a sua libertação.

Realmente não entendo a política portuguesa


  1. Numa democracia normal, um deputado que defende a «demissão» de um ministro deve fazer tudo para que ele saia, desde logo votar contra ele sempre que puder. Ou então o deputado demite-se.
  2. Numa democracia normal, um partido que considera «inaceitável» a postura política de um seu candidato a uma Presidência da Câmara deve retirar-lhe o apoio político. Ou então estamos num pântano.

As provas de que o Dióxido de Carbono causa, causou e está a causar o Aquecimento Global

Neste curto vídeo (16 minutos), Potholer54 resume as várias provas de que o Dióxido de Carbono conduz ao Aquecimento  Global, seja olhando para as propriedades físicas, seja olhando para a história climática numa escala geológica, seja olhando para a recente evolução da temperatura. Um vídeo a não perder da excelente série sobre o Aquecimento Global. Aconselho vivamente:



E aqui se encontra um vídeo complementar, com mais referências relativas ao vídeo acima, que pela sua extensão não couberam totalmente na descrição desse vídeo.

Fórmula para as eleições autárquicas correrem menos mal ao PSD


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Já não se pode brincar?

Homem português de 79 anos com sentido de humor diz à mulher: «tenho uma bomba no saco». Autoridades entram em pânico e evacuam o avião onde se encontra, levam o homem a tribunal e no fim têm que o absolver porque ele «é um brincalhão».

Sou só eu a achar que toda esta história é perfeitamente ridícula, mas infelizmente ilustrativa do regime em que vivemos, de paranóia securitária e de aplicação cega de «protocolos de segurança» sem atender à realidade do caso (pacato idoso bem humorado)?

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pode alguém ser quem não é?

Só me espantam, na ressaca das declarações de ontem do Terceiro Ministro, duas singelas coisas: que nenhum jornalista lhe tenha ainda perguntado directamente se o CDS votaria contra a «TSU dos pensionistas» no Parlamento; e que nenhum partido tenha ainda prometido levar a votos a referida medida, «entalando» o CDS entre as palavras e os actos. É que todos já entendemos que o «procurar ser quem é» de Paulo Portas passa necessariamente por uma grande e muito calculada distância entre umas e os outros...

Uma verdade inconveniente sobre a Alemanha

Durante onze anos, a «eficiente» polícia alemã e os seus «democráticos» serviços secretos tentaram convencer a opinião pública e as próprias famílias das vítimas de que os autores de dez homicídios eram da «máfia turca». Afinal, eram neonazis alemães e as polícias nunca tinham pensado que tal coisa fosse possível...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um governo não eleito

Registe-se que o caso de Vítor Gaspar está longe de ser único. O governo actual conta com cinco ministros que não foram eleitos deputados nesta legislatura (nem numa legislatura anterior): Vítor Gaspar, Álvaro, Paulo Macedo, Nuno Crato e Poiares Maduro. Cinco em doze: é quase metade. O caso de Gaspar é particularmente especial pelo poder efectivo que tem, e por serem cada vez mais insistentes os rumores de que foi escolhido para o governo da República por potências estrangeiras...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

«All you fascists bound to lose» (Woody Guthrie)

Onde está o Wally?

Ministro das Finanças da Alemanha: Wolfgang Schäuble.
Deputado desde 1972. Eleito pela circunscrição de Offenburg.

Ministro das Finanças da França: Pierre Moscovici.
Deputado desde 1994. Eleito pela 4ª circunscrição de Doubs.

Ministro das Finanças do Reino Unido: George Osborne.
Deputado desde 2001. Eleito pela circunscrição de Tatton.

Ministro das Finanças da Holanda: Jeroen Dijsselbloem.
Deputado desde 2000. Eleito pelo círculo nacional.

Ministro das Finanças da Irlanda: Michael Noonan.
Deputado desde 1981. Eleito pela circunscrição de Limerick City.

Ministro das Finanças da Espanha: Cristóbal Montoro.
Deputado desde 1993. Eleito por Sevilha.

Ministro das Finanças de Portugal: Vítor Gaspar.

Era desconhecido antes das eleições de Junho de 2011.
Nunca foi eleito «coisíssima nenhuma».