quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Eutanásia e suicídio assistido: o debate que se inicia

É sem dúvida surpreendente que, num partido tão conservador como o PS, haja deputados dispostos a iniciarem um debate difícil como o da regulamentação legal da eutanásia e do suicídio assistido.
Confundem-se frequentemente diversas questões, subsumidas sob as designações de «direito a morrer», «eutanásia» e «suicídio assistido». Há que distinguir:
  1. A situação do tetraplégico ou do doente oncológico terminal, que deseja conscientemente pôr termo à vida, mas que está impossibilitado de o fazer por falta de meios próprios;
  2. A situação do paciente em coma irreversível ou em estado vegetativo, portanto sem consciência.

Há também que distinguir, no segundo caso, as situações em que se pára o tratamento (eutanásia passiva) daquelas em que se fornece uma substância letal (eutanásia activa). Finalmente, há que distinguir também, na mesma situação, as situações em que existe um «testamento vital» daquelas em que o indivíduo não deixou instruções.

Que dizem os autores e leitores deste blogue?

9 comentários :

JDC disse...

Há, de facto, uma grande diferença nas situações que o Ricardo Alves apontou. Como tal, será muito difícil contemplar legalmente a eutanásia sem que se permita incorrer em abusos, pois sabe-se da dificuldade que muitos idosos ou pessoas incapacitadas sofrem por não terem apoio nenhum de familiares ou amigos. Há ainda a questão do desenvolvimento dos cuidados paliativos por forma a minimizar o sofrimento de doentes terminais.
Posto isto, não sou por principio contra a eutanásia e, de facto, o caso da Eluana figurava-se já como distanásia.

Anónimo disse...

Ia pá!C'a ganda confusão para os teocráticos(fundamentalistas),isto vai dar uma confusão do caneco.Vai ser pior do que o PREC e a respectiva comezaima de criancinhas...
O PS,é bem capaz de tirar o 'cavalo da chuva'....

Héliocoptero disse...

Na esteira do que disse o JDC, o tema pode ser de regulamentação complexa. Principalmente com a queda que o nosso triste parlamento tem para legislação de má qualidade.

Mas que venha o debatem e a apresentação de propostas, que o caminho faz-se andando. Um corpo pertence ao seu dono e há que determinar em que situações é que ele pode legalmente matá-lo.

Filipe Castro disse...

A Holanda tem uma lei que funciona pefeitamente. acho que a direita, como de costume, vai ligar o complicómetro. Mas acho que isto não é um problema que requeira 10 engenheiros da NASA para ser resolvido.

JDC disse...

Filipe Castro, não é pela lei funcionar bem na Holanda que se garante que funciona bem cá. Bom era que tivéssemos o mesmo nível cívico e cultural dos holandeses... Com bom-senso e honestidade (praticamente) qualquer lei funciona bem. O problema é quando o bom-senso e honestidade são substituídos pelo "cada um por si"...

Zeca Portuga disse...

Ricardo:

1 - A situação do tetraplégico ou do doente oncológico terminal, que deseja conscientemente pôr termo à vida, mas que está impossibilitado de o fazer por falta de meios próprios;

2 - A situação do paciente em coma irreversível ou em estado vegetativo, portanto sem consciência.



Faltam, pelo menos, uma terceira e uma quarta hipóteses:

3 - E o cidadão saudável que resolve pôr fim à vida, só porque lhe apetece? Esse não tem direito a uma morte assistida?

4 - E o cidadão com problemas graves que lhe causam um sofrimento psicológico sem medida. esse tem ou não dirieto a reclamar a sua morte de uma forma assistida e suave.

Helena Velho disse...

Ò Zeca Portuga

faltou às aulas muitas vezes, não foi? tenho muitos(tinha) e muitas conhecidos/as e até intímos/as que puseram termo à vida mas não foi de todo porque lhes apeteceu, assim tipo:ai, hoje apetece-me matar-me, ai, que bem que me sabia suicidar-me agora e aqui!!
e só é saudável o ser humano que não experiencia sofrimento físico e psicológico(OMS)!logo, deduza lá se as suas questões fazem sentido!

Miguel Madeira disse...

[Caso 1] e [Casos 3/4] - Sim
[Caso 2] com "testamento vital" - Sim
[Caso 2], "eutanásia activa" sem "testamento vital" - Não
[Caso 2], "eutanásia passiva" sem "testamento vital" - inclino-me para o "Não", mas...

Zeca Portuga disse...

O sra. Maria, e eu disse o contrário, foi? onde?