Como estou sobre outros.
É impossível a um eleitor estar devidamente informado sobre todos os assuntos respeitantes à governação e à política. No entanto, na altura do voto cabe-lhe avaliar os partidos e o governo o melhor que pode.
Claro que tem o dever de se tentar esclarecer, e perder algum tempo da sua vida a informar-se sobre as diferentes questões em jogo. Mas por muito tempo que perca numas, vai sempre ter informação insuficiente sobre outras.
Para isso, o eleitor acaba por ser forçado a usar heurísticas: formas de raciocinar que lhe permitem formar uma opinião, mesmo com informação incompleta. As heurísticas podem ser mais ou menos sofisticadas, mas são sempre falíveis. Podemos ter mais ou menos confiança neste indivíduo ou naquele pela avaliação de situações passadas, podemos ter em linha de conta quais são as partes interessadas, quais são as dinâmicas usuais de comportamento, etc... O importante é que exista sempre alguma abertura para corrigir uma opinião baseada em heurísticas se melhor informação revelar que esta era errada. Assim sendo, passo a expôr as minhas impressões sobre esta questão dos professores, num convite a que me esclareçam melhor se estiver errado.
1- Seria bom que passasse a existir um sistema de avaliação sério. Progressões automáticas, ou um número ilimitado de lugares de topo não cumprem este requisito. Os lugares de topo não precisariam de ser fixos por escola, mas o seu acesso teria de ser sempre de tal forma restrito que na prática só uma percentagem reduzida dos professores lhe pudesse aceder.
2- Uma crítica que me parece algo legítima que os professores fazem a este sistema é relativa à avaliação por pares, e toda a "politiquice" envolvida. O ideal seriam critérios objectivos. Será possível medir o mérito desta forma? Se sim, como seria isso feito? Parece-me disparatado medir o mérito quase exclusivamente pela auto-avaliação. Posto isto, existe alguma proposta em cima da mesa que cumpra o requisito 1 e que ultrapasse este problema?
3- Uma crítica que me parece algo legítima que os professores fazem refere-se ao peso dos encarregados de educação na avaliação. Tanto quanto descobri, este peso é muito reduzido. É defensável que não devia ser nenhum. Mas não estamos a falar de um problema grave, sendo o peso tão reduzido.
4- Uma crítica que me parece algo legítima que os professores fazem diz respeito à necessidade de passarem muitos alunos. Alega-se que promove o facilitismo, e premeia os professores que são mais generosos na altura de dar as notas, e não aqueles mais rigorosos.
4.1- Por si, parece disparatado que o professor seja avaliado pelas notas que ele próprio escolhe dar. Isto é como premiar um juiz quando absolve os arguídos - assim ele torna-se parte interessada no julgamento em curso, e a justiça fica comprometida. A ser assim, os professores têm toda a razão neste ponto. Será que eu percebi mal?
4.2- O senso comum diz-nos que em Portugal existe um grande facilitismo. Esta forma de avaliação é acusada de agravar este problema. Mas os números e os estudos aprofundados desmentem o nosso senso comum. Há argumentos sérios e bem estruturados que podem ser usados para sustentar que em Portugal não existe retenção insuficiente, mas sim excessiva. Isto foi uma surpresa para mim que acreditava que um dos nossos grandes males era o facilitismo. Creio que grande parte dos professores acreditam que é, mas podem estar equivocados. De qualquer forma, mesmo pretendendo encorajar os professores a alterar as suas taxas de retenção, a avaliação de professores não deve ser usada com esse objectivo. É possível defender que a generalidade dos professores devia aprovar mais alunos, mas é disparatado assumir que os melhores professores aprovam mais do que os piores.
5- Um aspecto muito positivo deste sistema de avaliação é que a assiduidade é tida em linha de conta. Já aumentou significativamente. Este é um aspecto a manter.
6- As críticas mais disparatadas que oiço por parte dos professores são aquelas que dizem respeito à "forma" como são tratados pela ministra. Se dão importância a este aspecto, perdem toda a razão. Sempre que leio entrevistas de Maria de Lurdes Rodrigues, ou a oiço a falar, parece-me que tudo aquilo que diz é uma exposição do seu ponto de vista perfeitamente normal. Geralmente algum tempo depois vejo os sindicatos indignados com uma expressão qualquer que ela usou, a "falta de respeito", a "arrogância", etc... Quase que dá a impressão de se terem de discutir a forma por não quererem discutir o conteúdo.
Conclusão: não me parece difícil de acreditar que este modelo de avaliação é mau. É o primeiro que cumpre o critério exposto em 1, e para que uma mudança desta envergadura saia bem não é estranho que se tenham de dar muitas voltas.
Aquilo que eu gostaria de ver seria um conjunto de propostas alternativas bem estruturadas, que conseguissem o apoio de grande parte dos professores, que obedecessem ao critério 1, e não descartassem o aspecto 5. Seria uma excelente oportunidade para que o nosso sistema de ensino melhorasse significativamente.
15 comentários :
JV,
em relação ao ponto 4.1, tudo depende de como a coisa é implementada: vejamos, melhores professores saberão ensinar e formar melhor, logo produzirão melhores alunos que conseguirão tirar melhores notas. faz sentido que este mérito seja reconhecido. a questão, naturalmente, é como é implementado:
se for simplesmente pelas notas dadas pelo professor em questão, de facto pouco saberemos sobre o que queremos medir. mas se for, por exemplo, pelos resultados dos respectivos alunos em provas nacionais, já avançamos um passo (podemos até correlacionar os resultados nacionais com as notas obtidas pelos alunos, para saber se os professores estão a ser generosos ou não). naturalmente há mais factores a ter em conta nos resultados nacionais (de natureza sócio-económica, etc, mas isto são correlações que podem ser estudadas q.b. para obter resultados mensuráveis úteis).
logo, desde que implementado de forma correcta, acho muito bem que se meça o mérito associado à capacidade de ensinar e formar de um professor.
em relação ao ponto 6, isso vai no caminho do que já escrevi: parece-me que há uma grande maioria que não deseja avaliação nenhuma, logo prende-se em pequenas questões secundárias, em questões irrelevantes (como as que apontas) ou sugerem barbaridades tais como a "auto-avaliação"...
Ricardo:
Só uma pequena parte dos professores tem alunos que vão fazer exame nacional, por isso esse método não pode ser implementado.
Concordo que esse seria o ideal: a avaliação seria externa, e assim os alunos e professores seriam ambos avaliados nos exames nacionais, tendendo a cooperar para que os resultados fossem os melhores possíveis.
Quanto aos resultados dos exames poderem depender do contexto, etc... isso seria uma questão de se fazer a comparação em termos dos resultados históricos obtidos naquela disciplina naquela escola. Os professores que se destacassem mais em relação ao historial estariam em vantagem, e vice-versa.
Mas para isso funcionar seria preciso fazer exames nacionais todos os anos.
Bem ou mal, essa opção não está em cima da mesa.
pois não está. mas se os professores tentassem chamar a atenção para um ponto como este, para poder ser corrigido por forma a valorizar os melhores de uma forma mais objectiva, em vez de cantarem "piu piu piu" e pedirem auto-avaliações e reflexões, se calhar ganhavam mais do que perdiam...
Ricardo:
Esse é o ponto do meu texto. Este sistema de avaliação pode ser mau, mas a opção certa é "afiná-lo" mantendo as características essenciais (aquilo que descrevi no ponto 1) e não abdicar delas.
sim sim, e eu concordo, aliás como já escrevi noutro estilo uns posts mais abaixo :-)
J. Vasco:
Ponto 1.
Se o PS e o ME tivessem alguma seriedade, pura e simplesmente terminavam com as promoções automáticas por anos.
Criavam em alternativa um esquema misto, que conjugasse anos de carreira + prestação de testes aos professores + mérito avaliado no desempenho da profissão que passaria por, por exemplo, questões como a assiduidade.
Nada disso foi feito, porque nada disso interessa que seja feito pelo PS e pelo ME.
Ponto 2.
as criticas dos professores a isto são absolutamente correctas.
Ponto 3
Os encarregados de educação NÃO TEM nada que opinar sobre conteúdos e avaliações.
Ponto 4
Este ponto é um engano.
O que é colocado em cima da mesa aos professores é simplesmente os seguinte: se não passarem muitos alunos são maus professores porque......não passaram muitos alunos.
É uma pescadinha de rabo na boca.
Se as pessoas não cumprirem o critério, é automaticamente dado como adquirido que estão contra o critério.
A solução "perversa" é aceitarem o critério, FACILITANDO a passagem de alunos
Ponto 4.1
Concordo e é obviamente uma consequência da lógica que existe no ponto 4 e que os professores criticam.
Ponto 4.2
EM Portugal existe grande facilitismo.
Não é preciso "estudos" feitos por luminárias.
Basta observar o comportamento de adolescentes e a maneira como falam para se perceber IMEDIATAMENTE, que a maior parte daquelas pessoas está, ao nível da formação mais básica - falar e escrever - a anos luz dos alunos de há 20 anos.
Todos os professores que conheço ou conheci dizem que são forçados a passar alunos que não merecem passar de ano.
A própria lógica do sistema impele a isso.
Ponto 5.
Penso que deveria ser já óbvio que a assiduidade deveria ser tida em atenção.
O que se pergunta é porque é que um ME que tanto insiste em estatísticas até agora falhou em ver essa estatística...
Ponto 6
Estás redondamente enganado.
Aquela senhora é péssima. Faz afirmações e defende coisas absolutamente indefensáveis e para lá disso ainda consegue ser estúpida a fazê-lo.
Fora com aquela senhora, que não tem nenhuma capacidade para ser ministra da educação.
Outras notas:
Faltou aqui falar do absurdo que é carregar professores com TRABALHO BUROCRÁTICO absolutamente inútil, que chega por vezes às 30 horas por semana.
Escrever à mão actas de reuniões parece-me ser algo de completamente improdutivo e isso está a ser exigido.Entre outras coisas.
Os professores devem ENSINAR.
Não é andarem a realizar trabalhos de burocracia, Às dezenas, apenas para satisfazer as fantasias do ME e dos pseudo técnicos que andam por lá.
Outra coisa que falta aqui criticada é a existência proposta por esta ministra incompetente, de "uma estatuto do aluno"-
Há necessidade de estatutos do alunos à propósito de quê?
Mas aquilo agora é uma profissão?
Dissidentex:
Ponto 1:
«Se o PS e o ME tivessem alguma seriedade, pura e simplesmente terminavam com as promoções automáticas por anos.»
Acho que é o que está a ser feito.
«mérito avaliado no desempenho da profissão que passaria por, por exemplo, questões como a assiduidade»
Estamos de acordo. E além disso?
Não é uma pergunta irónica, gostaria mesmo de conhecer uma boa forma de avaliar o desempenho dos professores. Isto infelizmente tem sido pouco discutido, tanto quanto consigo entender.
Ponto 2:
O ponto 2 destinava-se a fazer uma pergunta. Existe alguma forma de avaliar o mérito mediante apenas critérios objectivos? Que forma?
Se não existe uma forma objectiva, existe uma forma melhor do que considerar parcialmente a avaliação por pares? Que forma?
Ponto 3:
Reconheço a legitimidade dessa crítica, que eu próprio já fiz em várias ocasiões.
Depois descobri que o peso que esta componente tem na avaliação é tão reduzido, que mesmo que isto seja errado, é pouco relevante face ao que está em discussão.
Ponto 4:
Faço essa crítica no ponto 4.1.
Ponto 4.1:
Estamos de acordo.
Ponto 4.2:
É natural que os alunos hoje tenham um nível de conhecimentos inferior ao que tinham há muitos anos, pois o acesso à educação teve uma democratização repentina.
A questão importante que aqui se coloca é estratégica: qual a melhor estratégia para, com a sociedade que temos, elevar ao máximo o nível de conhecimentos dos educandos?
Não sei responder a esta questão, mas sei que em termos objectivos a taxa de retenção em Portugal é das mais elevadas da OCDE. Podemos dizer que face à ignorância dos alunos esta é a melhor estratégia, mas há estudos que dizem o contrário. Quem tem razão? Não sei, é uma questão em aberto.
O senso comum sugere uma coisa, mas quem estudou o assunto a fundo tende a concluir o oposto.
De uma forma ou de outra o meu ponto é que MESMO que os professores devessem ser encorajados a passar mais alunos, o sistema de avaliação NÃO deveria ser a ferramenta para isso. Por isso creio que aqui, no essencial, estamos de acordo.
Ponto 5:
Pois, parece que sucessivos ministros da educação não têm conseguido resolver os problemas básicos...
Pode ser que esta ministra esteja a ser tosca naquilo que faz, mas também dá a sensação que o ME é um ministério ingovernável, e que basta querer fazer "algo" para levar com tudo em cima.
Ponto 6:
«Aquela senhora é péssima. Faz afirmações e defende coisas absolutamente indefensáveis e para lá disso ainda consegue ser estúpida a fazê-lo.»
Bom, eu não me lembro de cor daquilo que diz ou faz, e pelos vistos o Dissidentex também não (senão tinha dado exemplos).
Pelos vistos ficámos com impressões diferentes daquilo que lemos e ouvimos..
João Vasco:
Relativamente ao ponto 1.
Não é exactamente o que está a ser feito, porque terminar o actual sistema e substitui-lo por aquilo que se pretende vir a ser substituído é apenas substituir uma versão hierárquica de promoções por outra ainda pior.
Ponto 2.
No caso da escola penso que não existe uma forma de avaliar o mérito por critérios objectivos pelo simples facto de ser extraordinariamente difícil definir quais são os critérios objectivos.
Certamente não serão um professor passar mais pessoas do que menos pessoas ou vice versa...
Ponto 4.2
Com todo o respeito mas
"...pois o acesso à educação teve uma democratização repentina."
Isto aqui em cima é a teoriza mais treta que há.
Eu andei nos anos 80 na escola.
Completamente "democratizada"
Saia-se de lá a saber alguma coisa.
Agora saem de lá sem saberem nada.
E na altura as condições eram absurdamente piores.
Mas na altura chumbavam-se pessoas por faltas, e tinha que se saber um mínimo para passar de ano, e não eram permitidos telemóveis nas aulas nem outras manifestações e intervenções artísticas do mesmo género.
Do ponto de vista "estratégico" a melhor solução para elevar o nível de conhecimentos que temos é sair imediatamente do processo de Bolonha, isto para começar.
É acabar com as teorias segundo as quais toda a gente deverá passar de ano, apenas por economicismo.
Deverá passar pelo fim da exclusão de alunos na selecção de turmas no ensino secundário, por exemplo.
E acabar com as teorias de benchmarking vindas da OCDE ou de outro lado qualquer, porque os nossos problemas
não são mensuráveis de acordo com as tretas da OCDE ou de qualquer outra organizaçãod o mesmo genero.
A ocde não benchamrka 48 anos de salazarismo que influenciam o actual ensino ainda hoje.
Ponto 5.
Como se está à espera que calhaus vindos de partidos políticos completamente corruptos resolvam problemas do ensino?
É o mesmo que esperar tirar sangue de uma pedra...
Ponto 6.
Basta escutar a senhora a falar para perceber que aquela coisa não entende NADA de educação e do que está a dizer.
Aquela senhora é um sub produto de baixa qualidade do ensino universitário português versão sociologia.
Só há ar naquela cabeça, misturado com teorias sociológicas abstrusas.
Se ela queria fazer reformas começava por pequenos passos, começando pela assiduidade, e pela melhoria concreta de escolas.
NA ZONA ONDE VIVO existem duas escolas.
Ambas funcionam com metade da lotação!
Porquê?
Porque uma é para colocar os pretos, e os imigrantes.
A outra é para colocar os meninos da classe média e assim esses aprenderem melhor.
Quem paga?
O contribuinte, que sustenta duas escolas em vez de pagar uma.
Ela que comece por aí.
E já não vou falar da burocracia absurda que se quer implementar.
Dissidentex:
Sobre o ponto 1 e 2,
Acredito que é difícil conceber uma boa avaliação. Assim sendo, aquilo que pergunto é, qual a melhor avaliação em cima da mesa?
Os professores serem avaliados por pares parece-me mau, mas existe alguma solução melhor?
Não é uma defesa de uma ideia, é mesmo uma pergunta.
Entrar em linha de conta com a asseduidade é óbvio. E a partir daqui, o que é que mais interessaria para a avaliação?
Certamente que não deve ser apenas o tempo de carreira. Mesmo no que diz respeito às acções de formação, há várias de qualidade duvidosa. Estamos de acordo que não devem ser os pais nem os alunos, e muito menos as notas destes, ou a taxa de retenção.
Não podem ser os exames nacionais pois ninguém defende que sejam feitos todos os anos.
Sobra o quê? A auto-avaliação?
É complicado...
Sobre o Ponto 4.2,
Note que eu não concordo nem discordo disso. Aí sim sinto que as lacunas de informação que tenho não me permitem considerar que um dos lados em disputa deve ter mais razão que o outro.
Mas se discutir com o autor do blogue que eu cito, seria uma discussão que eu poderia assistir, e talvez aprender alguma coisa.
Sobre o ponto 5, acredito que os povos têm os políticos que merecem, mesmo que cada eleitor individualmente possa ser muito injustiçado. Mas se as pessoas não querem saber de política, os oportunistas aproveitam-se, e os mais competentes e brilhantes não encontram apoio para mudar o estado de coisas.
Sobre o ponto 6, não sei se "pequenos passos" é a forma correcta de lidar com algo que está num estado calamitoso.
Mesmo que esta reforma seja muito tosca, esta ministra tem alguns méritos que lhe reconheço:
- diminuiu consideravelmente o número de sindicalistas pagos pelo estado no ME.
- implementou as aulas de substituição.
- diminuiu consideravelmente o absentismo dos professores.
As asneiras que ela fizer podem ser revertidas quando outro ministro chegar ao poder, mas estas vitórias imagino-as mais definitivas.
Por isso tenho tendência a pensar que a senhora não é uma desgraça assim tão grande para o país.
Mas eu próprio avisei que estou mal informado.
J.Vasco:
Ponto 1 e 2.
Se existir avaliação nos moldes que se quer impor, passaraáa significar, por exemplo, que APENAS uma certa e determinada matéria a leccionar no ensino num dado ano lectivo será DADA.
Se existir um professor que queira COMPLEMENTAR a formação dos alunos,será automaticamente desincentivado de o fazer com este sistema, por exemplo.
Além disso existe ME para avaliar os seus empregados.
Acaso não exista "melhor solução" como a da tua pergunta então é melhor não se avançar para avaliação nenhuma.
É melhor não mexer no que já é mau e torná-lo ainda pior.
E na formação, desconheço em absoluto porque é que devem ser feiras acções de formação às toneladas.
O que evidentemente leva logo à tendência de "cortar atalhos" e ao surgimento de vigarices.
Se calhar era melhor inverter os d dados do problema e perceber que algumas destas coisas estão nos alunos e não nos professores.
O que eu posso dizer é o seguinte:
Nos anos 80 faziam-se por disciplina entre 4 a 7 testes por ano.
E depois era a média de todos que dava as passagens de anos.
Saia-se de lá a saber alguma coisa.
E com menos horas de aulas por semana.
Actualmente as escolas parecem fábricas com horários pré industriais, e é reconhecido por toda a gente que os alunos , em média são péssimos.
Lamento, mas a culpa não é dos professores.E eu nem sequer gosto particularmente de professores...
E é fácil ao ME reconhecer um mau professor e pô-lo fora.
Não se quer fazer isso porquê?
---
Sobre o ponto 4.2
O custo de não se chumbar o numero suficiente de pessoas está a manifestar-se na iliteracia cada vez maior, com estudos da OCDE ou não.
A realidade é que estamos a ficar rodeados de amibas que nem sequer sabem articular uma frase toda seguida.
Porque por exemplo, acabou-se, com o mandar para a rua dos meninos que se portam mal, acabou-se com os chumbos por faltas etc.
Ponto 5
dava uma grande conversa, concordo... :-)
Sobre o ponto 6:
A senhora apenas fez o óbvio a duas das alineas.
E no que diz respeito às aulas de substituição estou completamente contra a existência de aulas de substituição.
Por professores de inglês a dar aulas de substituição de matemática e completamente contraproducente.
O problema aqui NA PSEUDO ESQUERDA é que continuam a achar que MAIS e MAIS é que é a solução quando não é!
- Tem que existir no máximo 30 horas de aulas por semana.
- Mas os alunos e os professores tem que ter regras de funcionamento que todos entendam.
- E limites ao numero de alunos por aula.
E não sair dai.
Agora inventar parvoíces como "O ESTATUTO DO ALUNO??!???
Mas ser aluno agora é uma profissão?
A seguir vem o quê?
A ordem do Aluno?O sindicato do aluno? O conselho deontológico do aluno?
E ideais de contratação de professores via câmaras municipais?
Também é uma boa ideia?
Já para não falar nas alterações aos programas ERRADICANDO tudo o que são disciplinas que vem ensinar a pensar.
A escola é para ensinar, não é para qualificar.
E estás enganado: o problema é que as asneiras dela não podem ser revertidas.
Depois deste comboio ser lançado em andamento, já não há reversão.
Nota: e escrevo isto sem qualquer acrimónia.Não compro a conversa do PS anti sindicalismo, ou anti PCP. não porque eu seja do PCP ou tenha sequer sido.
Mas apenas e só porque isso é uma GRANDE DESCULPA do PS para viver à conta de mitos que camuflam a incompetência do PS e a incapacidade de delinear uma política na educação ou noutro lado qualquer.
Francamente, hoje ouvi o senhor Walter Lemos , secretário de estado da educação a afirmar que miúdos de 14 anos estavam a ser instrumentalizados por sindicatos (logo pelo PCP)
Qualquer dia há uma epidemia de gripe e os vírus estão a ser manipulados pelo PCP, também?
Lamento, não compro estas tretas.
Há 25 anos, pelo menos, que temos disto...
dissidentex:
Sobre os primeiros dois pontos não entendo. Eu fiz uma pergunta, e esclareci que a pergunta não era retórica.
Em vez de me responderes, argumentaste. Mas eu estava realmente a perguntar.
Depois dizes que a culpa dos problemas não é dos professores. Não sei onde me ouviste dizer isso. Sei que os professores portugueses não são mal pagos, e a educação em Portugal NÃO está sub-financiada.
Agora se as coisas estão más, parece-me que a culpa é da sociedade que ainda há pouco era quase toda analfabeta. Uma mudança de instrução radical não se consegue rapidamente.
O ministério tem estado a fazer um mau trabalho durante as últimas dezenas de anos? É possível, mas queixarmo-nos dos políticos todos sem apresentar alternativas parece-me um pouco fútil.
Uma coisa é dizer que o político do partido A é melhor que o do B, ou então que tanto um como outro têm feito X e deviam ter feito Y, em que Y é concreto.
Se o objectivo é dizer "isto é tudo uma treta, este país é uma miséria", serve como desabafo, mas não é muito construtivo.
(Nota: partilho do cepticismo em relação às "acções de formação")
4.2 - A questão é se estarmos a "ficar rodeados de anibas" é resultado de estar a chumbar gente a menos.
É isso que o autor do blogue que recomendei questiona. Ele defende que a causa é a inversa: chumbamos mais que toda a OCDE, se não me engano, e estamos entre os que têm piores resultados.
Mas eu não digo que concordo com ele. Mas se tem uma convicção tão fundamentada de que a posição dele é disparatada, repito a minha sugestão: discuta com ele, que essa discussão só me ajudaria a esclarecer-me.
Sobre o ponto 6, há muita coisa que conheço mesmo pouco. O insuficiente até para uma conversa. Não conheço o estatudo do aluno, as últimas alterações ao currículo (só mesmo um caso anedótico em relação a uma disciplina relacionada com publicidade), ou a contratação de professores via câmaras municipais.
Mas acho muito bem que se implementem aulas de substituição. Não só porque o sistema actual desincentiva o absentismo, mas porque se um aluno não ia ter a aula de inglês de qualquer forma, não faz mal nenhum que um professor de história fique na sala enquanto os meninos fazem exercícios e trabalham.
Saudando o tom civilizado e a humildade (no sentido de ausência de arrogância, entenda-se) desta discussão, há um aspecto aparentemente lateral onde me quero meter: a avaliação que a opinião pública faz do nosso sistema de ensino.
O ensino está cada vez pior, é uma afirmação que passei a vida a escutar. Primeiro no liceu, onde tendo apanhado a reforma Veiga Simão já apareciam em número mais razoável alunos não provenientes das elites. Dizia-se: isto já antes de 74, que a qualidade dos alunos tinha baixado, estes não querem aprender, dantes é que havia dos bons, etc. etc. Mais tarde, na década de 80, continuei a ouvir mesmíssima cantiga com poucas variações na letra. Os resultados seriam cada vez piores, os professores não ensinavam, os alunos não aprendiam. A melodia continua a repetir-se. Dir-se-ia que cada geração quando sai da escola insiste em repetir que no meu tempo é que era a sério. É de um pouco de seriedade que este debate precisa.
Não temos a mínima possibilidade de comparar dados estatísticos referentes à aferição da aprendizagem dos alunos nos últimos 40 anos, pelo simples facto de o ministério nunca ter obtido esses dados, com um mínimo de seriedade.
Mas temos outro avaliador, de resto muito mais pragmático: pode-se avaliar a qualidade do ensino à posteriori, verificando se na população houve ou não progressos no que toca a alguns indicadores.
Ora nunca na história de Portugal houve, como há hoje, tanta gente a ler, e acrescento que a escrever, nunca Portugal teve tanta investigação científica internacionalmente reconhecida. Isto prova que a qualidade do ensino público existiu, e existe, mau grado o esforço ministerial para deliberadamente destruir a escola pública, e sobretudo poupar no orçamento.
Sendo este um argumento que contraria a tese de que os professores, por não serem supostamente avaliados (o que é mentira), são incompetentes, e que desfavorece a campanha a favor da liberalização do ensino, compreende-se que a ele se oponham os que não querem ver a realidade e preferem inventá-la.
O que se esquece é um pequenino facto histórico: em 1974 estávamos mesmo na cauda das estatísticas no que toca à frequência da escola, à alfabetização, e nos restantes itens quantificáveis pelas OCDE's deste mundo. Partindo bem atrás, a democratização (ou se quiserem massificação) do nosso ensino foi atingindo níveis razoáveis, dentro do que é legítimo comparar.
A escola não funciona no imediato: a evolução dos seus resultados é geracional. Por decreto pode chegar a escolaridade obrigatória, a sua implementação prática demora anos. Mais alunos significou inventar professores, muitas vezes sem habilitações, o que hoje já não sucede. Este factor é esquecido, mas temos de convir que seria absurdo que as escolas de hoje, onde os professores estão habilitados para o serem, estejam piores que há 20 anos, quando se encontravam professores de português e francês que tinham por habilitação um curso da Alliance Française!
Quando ensinava em finais da década de 80, e ouvia dos meus colegas o discurso miserabilista sobre a fraca qualidade dos alunos, habituei-me a fazer continhas a partir dos dados disponibilizados nas fichas que cada aluno preenchia no início do ano. Invariavelmente numa turma do 7º ou 8 ano apenas um ou dois alunos tinha menos habilitações que os pais, vivendo em casas onde não havia livros nem entravam jornais. E fui achando que, sendo isto um progresso, só seria de esperar melhores resultados na aquisição de conhecimentos quando os filhos dessa geração chegassem à escola, uma das boas razões para não acreditar nas reclamações pela suposta desgraça que por aí vai. Posso estar enganado. Mas aposto que daqui a 10 anos se constatará que tenho razão.
Joao Cardoso
João Vasco:
A principal culpa dos problemas não é do professores enquanto classe.
É evidente que existem maus professores.Uma minoria.
Mas também é evidente que o ME não os afasta porque não quer.
Os professores não são mal pagos, e a educação no secundário em Portugal não é subfinanciada.
Então se calhar temos que olhar para a atitude das famílias e dos alunos.
E olharmos para o ME que tem - DE FACTO - feito um mau trabalho ao longo dos anos.
Independentemente do partido que lá está.
Não há espaço nem orçamentos para tantas teorias sociológicas aplicadas pelo ME.
Com os resultados que se vêem...
E o problema dos chumbos, é exactamente como o outro autor do blog afirma.
Chumbamos mais e mesmo assim temos piores resultados.
E é com isso - A REALIDADE - que temos que viver e aceitar e não embarcarmos em facilidade e invenções que apenas servem para fins estatísticos.
E quanto ao Estatuto do aluno.
A própria ideia em si mesma é de uma estupidez atroz.
Volto a perguntar: ser aluno, agora, passou a profissão?
E quanto à aulas de substituição, não concordo.
Penso que apenas existem para "armazenar" os alunos mais tempo dentro das escolas.
Era melhor terminar-se com "a necessidade" de existirem aulas de substituição.
João Cardoso:
o ensino está pior.AGORA.
Basta escutar adolescentes a falar ou lê-los em blogs.
Percebe-se logo que o ensino está pior.
As pessoas não tem qualquer referência, não tem qualquer tipo de valor ético ou outro, possuem muito poucos conhecimentos e descartam-nos mal achamq ue deles não precisam, e são completamente anti sociais.
Preocupam-se em ter qualificações - seja lá o que isso for - e não em ter educação.
Vivem fascinados por gadgets electrónicos, ou por modas, e desprezam imenso a escola.
Quanto ao discurso de existir mais gente a ler, e existir "x " pessoas a fazer investigação,etc, tudo isso é apenas PROPAGANDA, um discurso de propaganda,que anda a ser repetido, sistematicamente há pelo menos 20 anos.
No entanto a realidade é que, inúmeras pessoas altamente qualificadas estão a ir embora, ou só conseguem fazer aquilo para o qual se treinaram LÁ FORA.
E arranjar MAIS "habilitações" é fácil.
Alteram-se os cursos superiores e passa-se a chamar "mestrado" a coisas que antes duravam 5 anos e eram uma licenciatura, ou em alternativa criam-se programas especiais de corrida que atribuem por sorteio graus de ensino semelhantes ao 12º ano feitos em 6 meses.E a martelo.
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