Enquanto que a economia clássica é incapaz de lidar com o problema fundamental do consumismo (a manipulação em geral e a publicidade em concreto), ela é mais do que suficiente para explicar porque é que os padrões de consumo actuais são tão devastadores para o planeta. A razão é simples: as externalidades associadas à produção de vários produtos não são internalizadas no custo dos mesmos.
Um exemplo simples: imaginemos que eu quero comprar um produto. Os fabricantes A, B e C usam uma técnica de produção que é agressiva para o meio ambiente. Com isso o custo de produção baixa, e como existe concorrência o produto é algo mais barato. Os fabricantes D, E e F não usam essa técnica. Neste caso, não é preciso manipulação alguma: se eu for irresponsável e não quiser saber do planeta, vou escolher os produtos mais baratos. D, E e F irão falir se não existirem consumidores responsáveis, enquanto que os envolvidos nas transacções de A, B e C continuarão impunemente a beneficiar à custa de destruição do planeta.
Se o consumismo faz as pessoas consumirem mais, é a ausência da internalização dos custos ambientais que desloca os padrões de consumo para bens cuja produção tem um impacto ambiental severo. Mas a resolução deste problema é mais simples e independente da questão do consumismo. Os custos ambientais têm de ser internalizados. Não o fazer, e isto é economia clássica básica, é ineficiente. Se os custos não forem internalizados, ocorrerão transacções voluntárias sem qualquer manipulação que causam destruição de riqueza - ou seja: em que aquilo que ambas as partes ganham é nenos valioso que a destruição que causaram.
Internalizar os custos ambientais nos bens de consumo é urgente e necessário. Mas não vai resolver o problema essencial do consumismo, descrito no texto anterior. Os indivíduos terão um perfil de consumo mais adequado ao valor que a sociedade der ao planeta, mas continuarão a consumir mais do que aquilo que serve os seus interesses.
Como evitar tal situação?
Sem comentários :
Enviar um comentário