sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Diário Ateísta reloaded

O Diário Ateísta, depois de uma fase em que foi quase exclusivamente editado pelo Carlos Esperança, vai reagrupar vários dos seus ex-redactores que entretanto se tinham dispersado por várias paragens da blogo-esfera (e também mais alguns que nunca lá tinham escrito). Voltam a Palmira Silva, o Ludwig Krippahl e o Luís Grave Rodrigues, entra também o Raul Pereira.
Uma nova aurora na luta pelo ateísmo em filosofia, pela laicidade em política e pela ciência enquanto método para estudar a realidade.

16 comentários :

Zeca Portuga disse...

Claro!...

Basta entrar essa peça rara que se chama Luís Grave Rodrigues, para já se saber o tipo de tolerância, liberdade, justiça, integridade, seriedade e honestidade com que os comentadores vão ser tratados.

Todos os que não se confessem féis de uma seita especial de ateus de que ele quer ser o guru - deve ser a tal ICAR = Insolentes e Contraculturais Ateus Republicanos -, verão como um suposto adulto se comporta como um catraio de 10 anos!

Está visto!!!

JDC disse...

No Diário Ateísta só tenho visto, até hoje, ataques cerrados a instituições religiosas, procurando todo o tipo de notícias sobre as mesmas, esquecendo a subtil(?) diferença entre as acções de uma instituição sobre um pretexto de fé e a escolha de um individuo de seguir uma determinada conduta porque acredita em algo superior a ele. Queima-se a floresta por causa de algumas árvores.

Não tenho visto reflexões sobre o que é ser-se religioso/ateu e em como isso afecta a nossa vida, individualmente e socialmente.

Não vejo reflexões sobre como contornar o problema do relativismo que o ateísmo acarreta.

É pena.

Ricardo Alves disse...

Ao Zeca Portuga não respondo, limitou-se a fazer uma tentativa (canhestra) de assassínio de carácter.

Ao JDC,
considere os seguintes textos, e diga-me se não abordam questões éticas/existenciais/da natureza da fé:

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/05/morte-o-derradeiro-trunfo-da-religio.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/11/abrao-ou-obedincia.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/05/o-sucesso-social-da-religio-organizada.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/04/o-rei-vai-nu-mas-muito-bem-vestido.html

http://www.ateismo.net/2008/05/29/as-dificuldades-de-cesar/

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/05/superfcie-e-o-fundo.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/06/pensamento-religioso-o-sentido-proibido.html

Foram TODOS publicados no Diário Ateísta, embora possam não estar acessíveis devido às sucessivas migrações de servidor ou de endereço.

Ricardo Alves disse...

Quanto ao relativismo que decorreria do ateísmo, a verdade é que estou convencido de que é um falso problema.
Andei à procura dos textos onde falei disso, mas não os encontro. Essencialmente, o que penso é que temos um sentido ético inato. Provavelmente mesmo guardado numa área específica do cérebro. Os trabalhos do Damásio sobre as alterações comportamentais em pessoas com lesões neurológicas parecem confirmar isso. Evidentemente, esse sentido ético não será suficiente para nos comportarmos de uma forma universalmente considerada decente. A cultura entra aí, ao nível da regulação de grupo (para o «bem» e para o «mal»).
E, claro, há psicopatas e sociopatas. Nalguns casos, poderão sê-lo mesmo por razões fisiológicas. Noutros, por acidentes da vida ou por condicionamento cultural.
Mas confesso que não tenho as ideias bem assentes neste assunto.

JDC disse...

Caro Ricardo Alves

Eu não disse que não existiam, disse que não os tinha visto. De facto, só descobri o Diário Ateísta em junho deste ano. Curiosamente, ou não, todos os textos que refere são antecedentes a esta data.
O que critico, por isso, é que as temáticas fundamentais de um site/blog que se propõe ser "Uma nova aurora na luta pelo ateísmo em filosofia, pela laicidade em política e pela ciência enquanto método para estudar a realidade." são as que são menos vezes abordadas. Por oposição, o achincalhamento e crítica fácil são a regra da generalidade dos textos. Que se denuncie tudo o que de mal acontece em nome de religião é aceitável e desejável, que se faça praticamente só isso em nome do ateísmo, do género "eles são tão maus que só é possível que sejamos nós a ter razão", é que é um caminho reacionário e que bloqueia qualquer confronto de ideias. Basta ver o caminho das discussões que surgem nas caixas de comentários.
Isto é só uma crítica/sugestão minha: que o diário ateísta se dedique principalmente aos temas fracturantes entre ateísmo/teísmo sem cair numa sucessão de notícias sobre esta ou aquela acção censurável. Porque apontar os erros alheios sem um contexto argumentativo não é discussão...

Quanto ao sentido ético inato, eu concordo consigo, ele é inato. Mas por ser inato não quer dizer que não tenha uma origem "peculiar"...
Por outro lado, e como muito bem diz, sem um referencial absoluto ético, vive-se a lei do mais forte, da maioria que, infelizmente, não tem sempre razão. Basta ler a reação do existencialismo e, mais tarde, do nihilismo, a este problema.

Zeca Portuga disse...

Ricardo Alves:

Assassínio de carácter!?

Não!… de todo!!!

O que acontece é o referido personagem, no seu blog fundamentalista, desordeiro, contracultura, zaragateiro, conflituoso e monocular, defensor da zona cinzenta do pensamento, mais próximo das técnicas “nazi-comuna” do que da realidade actual, teve o descaramento e a falta de honestidade suficiente para a adulterar comentários feito pela minha pessoa.

Posteriormente, porque eu tinha abandonado tal “chiqueiro indecente”, resolveu escrever (ele próprio) comentários assinados com o meu nick.

Só passado algum tempo me apercebi de tal facto.

Ora, são precisamente estas características de “border-line”, esta irresponsabilidade pueril, estes técnicas de (do)entes com alguns anos, mas que mas mentalidade de muito muito próxima da idade dos berlindes e das fisgas, que mostram, precisamente, o tipo de homens que compõem os ICAR (Insolentes e Contraculturas Ateus Republicanos) – os tais que não são ateus, são fundamentalistas samurais, dissidentes do catolicismo, de onde foram corridos por terem comportamentos disfuncionais e tendências obsessivas fundamentalistas, que se dispõem a combater o cristianismo, sob a capa do ateísmo, porque não têm lugar noutro sitio.

Um ateu, dada a distância a que se situa das religiões (uma vez que não lhe despertam interesse nem ódio), deve ser uma pessoa isenta, neutra, afastada do fenómeno religioso. Não é isso que eu vejo em tal (do)ente.

Estou a mentir, por acaso?

Já agora, quanto aos vossos Posts, acho interessante o facto de não passarem de teorias vossas, onde se citam uns aos outros, suportando-se num ciclo vicioso.
Nunca admitem a visão dos outros, portanto, nunca são imparciais… partem sempre de um pressuposto, previamente dimensionado.

JDC disse...

Desculpem bater na mesma tecla, mas veja-se o caso deste post:

http://www.ateismo.net/2008/11/30/para-que/

Isto serve para quê? Para promover a laicidade? Para denunciar acções negativas da Igreja? Serve isto para demonstrar o impacto negativo da religião na sociedade actual?

Não, isto é pura e simplesmente não respeitar quem é crente, não respeitar as opções das outras pessoas só porque não se concorda.
Até parece que o ateísmo necessita de "converter" pessoas, tal como qualquer outra religião...

João Vasco disse...

JDC:

Acho que nem tudo o que está no DA tem como objectivos aqueles que o Ricardo enunciou.

Mas a afirmação de que a oração não serve para nada não só é legítima, como corresponde a um desses objectivos (o primeiro).


Este é um ponto interessante porque o ponto de vista dos crentes a este respeito não é nada claro.
Vejamos uma pergunta concreta: se rezar com sinceridade e devoção por um amigo seu que tem cancro, pedindo a Deus que o cure, a probabilidade de que isso aconteça aumenta ou mantém-se igual?
É uma pergunta simples e directa, mas encontro poucas respostas claras e frontais a esta pergunta.

JDC disse...

Efectivamente, a resposta a essa pergunta não é clara.

No entanto, o que lhe posso dizer é que a oração é uma referência de conforto para o crente. Na oração, quando sincera e com devoção, o crente assume uma posição de meditação com o seu próprio espírito, com a sua alma, para quem acredita. Neste contacto com a alma, muitas vezes surgem respostas ao que se pergunta/pede na oração. Do ponto de vista cristão, através da oração o crente pode ser chamado (sentir um impulso, uma necessidade) a ter uma intervenção no problema, directa ou indirecta.

Obviamente que, para o exemplo que perguntou, a minha oração em nada vai ajudar clinicamente o paciente. No entanto, se ambos forem crentes, a oração pode, por exemplo, surtir um efeito placebo, pelo seu carácter psicológico. E isto, repare, é uma tentativa minha de lhe responder sem recorrer a meta-física.

Posto isto, eu devolveria a pergunta "para quê" com um "qual é o mal? alguém obriga alguém? faz algum mal a alguém? E se da oração surgirem voluntários para ajudar?"

Em suma, a oração é uma forma de meditação, de investigação pessoal aprofundada e serve com esse propósito para quem a procura. Ou será que o ateísmo também tem como objectivo castrar a espiritualidade da esfera individual?

Ricardo Alves disse...

JDC,
ao contrário do João Vasco, eu acho que o artigo em causa serve não apenas o objectivo 1) mas também o 3) dos referidos no meu artigo. ;)

Existem estudos feitos que demonstram que a oração, longe de ter um efeito placebo em quem está doente, até piora a saúde de por quem se ora (porque causa ansiedade). Portanto, é objectivamente prejudicial.

Também é subjectivamente prejudicial porque desvia a energia e tempo das pessoas de objectivos que poderiam ser mais úteis, como encontrar uma cura para o cancro, médica e não «espiritual». ;)

JDC disse...

Quanto ao estudo, desconhecia. Até me parece um pouco contra-senso, mas a menos que eu faça ou encontre outro estudo a contradizer esse (e o que não faltam são estudos...) terei que aceitar a oração como origem de ansiedade...

Quanto ao desvio da energia e tempo das pessoas para encontrar a cura para o cancro, olhe que nem todos somos médicos, biólogos, etc, para, em caso de doença de familiar, nos dedicarmos a esse estudo. Muitas vezes a nossa contribuição para o bem-estar da pessoa doente é, apenas (?), emocional!

Mas pronto, dando de barato que a intenção do autor do post era, de facto, explorar o objectivo 1) e 3), porque não, efectivamente, explorá-lo? Porquê só o link e a interrogação retórica? É essa a minha crítica, desafio talvez, que faço ao Diário Ateísta: não se fiquem por meias palavras e insinuações; desenvolvam, discutam premissas permitam o debate, caso contrário serão tão fechados e dogmáticos como as igrejas que tanto criticam!

Ricardo Alves disse...

JDC,
o autor do post pode não ter explorado o assunto por uma miríade de razões: falta de tempo, de disponibilidade, o assunto já ter sido abordado, preferir outro tipo de abordagem, etc. O DA tem cerca de cinco anos de história. Já se abordaram esses e outros temas várias vezes. E houve longos debates nas caixas de comentários com crentes, mais ou menos violentos, mais ou menos abertos, mais ou menos profícuos. Mas com os ataques informáticos que tivemos, muitos desses debates perderam-se...

Anónimo disse...

Mas caro Ricardo Alves, porque é que nunca fizeram um apontamento a um miúdo do Brasil que nao só é apiante de Estaline como é o campeao de insultos a todos os crentes que aparecem?

João Vasco disse...

JDC:

Revejo-me nas respostas dadas pelo Ricardo Alves.



Pedro:

Os autores de um bloge não têm obrigação de policiar ou repreender quem se "porta mal" nas caixas de comentários. Podem fazê-lo, mas apenas na medida da sua disponibilidade e vontade.
De qualquer das formas quando participava mais cheguei a chamar à atenção vários comentadores, às vezes ateus, não sei se esse a que se refere terá sido um deles.
Comentadores desagradáveis há muitos, e alguns, por mais que se chame à atenção, estão sempre a abusar.

Anónimo disse...

Caro Joao Vasco,eu compreendo o que disse mas imagine que passava eu todo o santo dia a insultá-lo no Diario ateista conjuntamente com proclamaçoes nazis? Mais cedo ou mais tarde iriam compreensivelmente bloquear-me o acesso ou apagar os comentários.

Ricardo Alves disse...

Pedro,
bloquear o acesso e apagar comentários não foi a prática generalizada no DA durante anos, apesar da extrema violência com que alguns crentes ali se exprimiam habitualmente.

A dado ponto, começámos a deixar ao cuidado dos colaboradores visados apagar (ou não) os comentários com palavrões e/ou ameaças de violência. O Carlos Esperança, que eu tenha dado conta, nunca apagou nada.