Eu não tenho uma opinião definitiva sobre este assunto, mas acho muito complicado defender esta história das religiões terem lugar nas escolas públicas.
Desde logo porque associar moral e religião é uma falácia perigosa e anti-intelectual. A moral, como valor relativo associado à conduta humana e aos costumes deveria ser discutida nas aulas de filosofia, antropologia e história da religião.
Julgo que misturar a moral com crenças em abstracções indemonstráveis – como o céu e o inferno – promove a superstição e é contrário à lógica, à razão e ao bom senso.
Aqui nos EUA ouve-se muitas vezes dizer que as pessoas sem religião não têm moral, isto é, não têm incentivo para se “portarem bem”. Esta afirmação, estupida e infatil, deriva indirectamente desta associação tácita da moral à religião, que as pessoas aceitam frequentemente sem pensar.
A realidade demonstra todos os dias que a religião não melhora as pessoas: assassinos sanguinários como Ariel Sharon ou Bin Laden, para citar dois exemplos recentes, inspiraram-se e justificaram-se nas religiões respectivas para assassinar "infiéis" indiscriminadamente. Hitler era católico.
O problema do criacionismo não me parece ser o mais grave. É natural que pessoas simples e ignorantes se sintam perdidas perante os mistérios da evolução das espécies ou das teorias da formação do universo.
Vai sempre haver pessoas broncas.
Mas acho que esta atitude do estado promove a associação perigosa da moral com a religião e distrai as pessoas da realidade que as influência todos os dias: 5000 padres católicos que sodomizam 11.000 crianças nos EUA, ao longo de 20 anos, sem que ninguém faça nada para travar a onda de pedofilia; ou um presidente evangélico que mente deliberadamente ao senado, ao congresso, ao país e às Nações Unidas e invade um país sem nenhuma razão senão a ganância da indústria petrolífera para a qual trabalhou toda a vida, provocando a morte a mais de meio milhão de inocentes...
3 comentários :
Uma das razões porque as pessoas ainda não encostaram a ICAR à parede na questão da pedofilia é justamente por não quererem reconhecer que a religião não torna as pessoas melhores.
E a minha opinião é definitiva: a educação moral e religiosa não tem lugar na escola pública. O papel do Estado não é apoiar o ensino de uma religião, seja ela qual for.
Subscrevo o essencial do post. E também concordo que o papel do estado não pode ser o de apoiar o ensino de qualquer religião em particular. Sobretudo porque religiões há muitas, e como diz o provérbio, ou comem todos ou há moralidade. E eu que até nem sou crente, mas reconheço a importância do fenómeno religioso, acho que teria, por exemplo, cabimento o ensino optativo de uma disciplina do género história das religiões ou filosofia da religiões, onde os alunos pudessem ter uma panorâmica das tradições espirituais da humanidade. Isso sim, faria algum sentido, agora o ensino oficial da moral católica é que me parece um completo absurdo.
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