terça-feira, 24 de maio de 2005

A ofensiva clerical contra a APF desmontada

«Fim da educação sexual, já. É o que se lê num comunicado do movimento Juntos Pela Vida, que exige "a imediata recolha do material didáctico já distribuído e o imediato cancelamento deste programa para investigação". Vai no mesmo sentido uma petição da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN)
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o artigo do Expresso apresenta como uma das principais fontes um estudo efectuado por "João Araújo, professor universitário e pai de quatro crianças", sobre "o programa oficial de ES". João Araújo é membro do movimento Juntos pela Vida, aspecto que o semanário não cita mas que o próprio confirmou ao DN.
Tanto a APF como o ministério da Educação já reagiram, frisando a inexistência de "qualquer programa oficial de ES". A APF é uma das três associação que tem assinado protocolos sucessivos com o ministério no sentido de efectuar formação nesta área - formação essa que, no caso da APF, incide sobretudo nos professores. As outras duas associações a trabalhar na ES são o Movimento de Defesa da Vida e a Fundação Comunidade Contra a Sida. Estas duas colaborações não são mencionadas no artigo do semanário.
Quanto ao estudo efectuado por João Araújo, consistiu em, segundo diz, "ler o livro que o Ministério da Educação mandou para as escolas". O livro em causa, Educação Sexual em Meio escolar - Linhas Orientadoras , é citado no comunicado do Juntos pela Vida como tendo sido "encomendado" à APF. Na verdade, foi editado em 2000 pelos ministérios da Educação e da Saúde, em colaboração com a APF e a Rede de Escolas Promotoras de Saúde e consiste numa filosofia de base para a área, sem exemplos concretos. Foi na secção de bibliografia, no que considera obras "recomendadas" - mais concretamente em dois manuais espanhóis - que Araújo colheu a maioria dos exemplos e a totalidade das ilustrações que o Expresso apresenta no artigo em causa como integrando "manuais de apoio aos professores" e "documentação oficial". São esses "os aspectos que mais o chocaram" e que Araújo apresenta em sessões de esclarecimento que terá efectuado pelo País, embora reconheça "não saber se os livros que cita são usados em alguma escola portuguesa".
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(Diário de Notícias)

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