Através de uma referência d´«O Acidental», descobri um artigo da Der Spiegel sobre os assassinatos «por honra» que vitimam raparigas de origem turca ou árabe na Alemanha.
A estória começa a ser recorrente: muitas famílias de imigrantes de cultura muçulmana casam as filhas, ainda adolescentes, com jovens da mesma origem. Muitas vezes, a rapariga nem pode dizer «não». As que dizem «não», ou que abandonam os maridos, arriscam-se a ser assassinadas, como acontece às que têm relações sexuais antes do casamento. O artigo refere seis assassinatos, aparentemente nestas circunstâncias, só em Berlim e apenas nos últimos quatro meses. Parece também indubitável que, das mesquitas de garagem aos adolescentes muçulmanos do sexo masculino, existe muito quem justifique moralmente estes assassinatos, em nome do islamismo.
E no entanto, estas raparigas só queriam gozar de liberdades que os europeus tomam por adquiridas: o direito de escolher o parceiro sexual; o direito de ter relações sexuais fora do casamento. Em suma, o direito à autodeterminação sexual, sem querer saber do Estado nem de religiões. Infelizmente, alguma esquerda desorientada não consegue denunciar estes fanatismos religiosos, porque assume, erradamente, que seria racista criticar aspectos de uma cultura minoritária. Todavia, racismo é o contrário: é aceitar a limitação dos direitos humanos e cívicos de indivíduos educados numa cultura minoritária devido à origem «estrangeira» dessa cultura. Quem não compreende isto, renega toda a tradição da esquerda que visava emancipar os cidadãos das opressões grupais justificadas a partir de tradições culturais e religiosas.
Aquelas raparigas são cidadãs antes de serem muçulmanas. O perigo vem justamente de esquecer isso. E deve ser denunciado, como se faz em relação ao fanatismo católico, sem qualquer sombra de complacência.
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