No meio de uma crise social e económica como a que se vive, nunca falta quem diga que «os políticos querem é tacho», que são todos iguais, todos corruptos, e que no tempo do Salazar é que era. Como é a direita parlamentar quem governa, tremendamente desacreditada e apenas apoiada num Presidente autista que prefere deixar a situação política degradar-se, e para cúmulo decidiu concorrer coligada às eleições europeias, esse discurso tem criadas as condições para se corporizar eleitoralmente numa candidatura da direita populista, extra-parlamentar e que levante o combate à corrupção (esse filão inesgotável) como a sua principal bandeira.
A candidatura de Marinho e Pinto por um pequeno partido da direita radical (o MPT) satisfaz todas as condições acima mencionadas. Ser bastonário da Ordem dos Advogados deu-lhe uma notoriedade pública muito acima de qualquer líder do PNR ou do que José Maria Coelho (que, recorde-se, teve 4.5% numa eleição presidencial). O seu discurso histriónico e a capacidade torácica para gritar mais alto do que todos os outros na televisão são uma imagem de marca de uma visão simplista da coisa pública, própria de quem não tem soluções para além da denúncia e do apontar de dedo. A ausência de pensamento sobre a Europa não será, portanto, um problema. Só falta que Paulo Morais (com quem tem partilhado o palco em muitas ocasiões públicas) surja mais à frente ao seu lado (o que imagino que acontecerá). A sua intransigente e orgulhosa homofobia é um bónus que tranquilizará mesmo os mais salazaristas.
5 comentários :
O MPT é "de direita radical"? Como assim?!
O Marinho Pinto näo é aquele a quem a Direita andou a chamar de "comunista", pelo menos desde que se tornou Bastonário da Ordem dos Advogados?
Parabéns ao MPT por ter lhe dar esta oportunidade, e "desparabéns" aos partidos da Esquerda, principalmente os movimentos e desmovimentos dissidentes unitários por estarem entretidinhos a brincar às dissidências convergentes, em vez de irem buscar candidatos que representem a voz do povo, mesmo que essa voz näo seja a 100% o que as directrizes programáticas politicamente correctas querem que seja.
Espantoso como gente de Esquerda tem de se socorrer de partidos de Direita (lembro o José Maria Coelho que teve de se apoiar no PND antes de fundar o PTP) para ser eleito!
Chamar "radical de direita" ao MPT também me parece exagerado, apesar de o Luís Lavoura já os ter apoioado algumas vezes, tanto quanto sei.
(1) Eu nunca fui simpatizante nem militante do MPT, portanto não vejo por que motivo diz o Filipe que eu apoiei esse partido. (Posso ter alguma vez votado nele, tal como já votei em diversos outros, mas isso não faz de mim simpatizante.)
(2) Eu não sou de direita, muito menos radical. Em muitas coisas sou de facto de esquerda, tendo até sido (em tempos muito longínquos) militante ativo do BE.
Quem é o "José Maria Coelho"? Conheço é o José Manuel Coelho.
Quanto ao MPT, não me parece que seja um partido da direita radical.
Marinho Pinto? É um populista que deu jeito a gente de esquerda até ter revelado a sua boçalidade e homofobia.
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