A taxa de desemprego diminuiu significativamente. Sendo verdade que a variação homóloga continua negativa, aparentemente a sazonalidade «típica» não explica estes valores, que já sofrem essa correcção.
Há quem tente explicar esta situação misteriosa, em particular os defensores da actual coligação que atribuem estas mudanças ao sucesso das políticas de austeridade, e não terão problemas nenhuns em dispensar a responsabilidade pelos resultados macro-económicos assim que os indicadores piorarem.
Uma ideia ocorreu-me recentemente, enquanto passeava por Lisboa e deparava enorme quantidade de obras prestes a terminar por esta altura de eleições autárquicas - ritual que se repete por todo o país, como é mais que sabido.
Existe um outro tipo de sazonalidade para o qual o Eurosat não faz correcções, mas que deve afectar os números do desemprego: o volume acrescido de obras públicas nos meses antes destas eleições, e o impacto que essas têm na economia, ampliado pelos multiplicadores maiores em tempo de crise. Esse impacto não podia ser mais favorável à agenda do PSD: a economia vai melhorar precisamente até à ida às urnas, e o estímulo desaparece logo que não for necessário.
Passos Coelho pode bendizer a sua sorte: nunca em Democracia este mísero estímulo teve tanto impacto como quando o país sofreu estes dois anos de políticas catastróficas.
Há quem tente explicar esta situação misteriosa, em particular os defensores da actual coligação que atribuem estas mudanças ao sucesso das políticas de austeridade, e não terão problemas nenhuns em dispensar a responsabilidade pelos resultados macro-económicos assim que os indicadores piorarem.
Uma ideia ocorreu-me recentemente, enquanto passeava por Lisboa e deparava enorme quantidade de obras prestes a terminar por esta altura de eleições autárquicas - ritual que se repete por todo o país, como é mais que sabido.
Existe um outro tipo de sazonalidade para o qual o Eurosat não faz correcções, mas que deve afectar os números do desemprego: o volume acrescido de obras públicas nos meses antes destas eleições, e o impacto que essas têm na economia, ampliado pelos multiplicadores maiores em tempo de crise. Esse impacto não podia ser mais favorável à agenda do PSD: a economia vai melhorar precisamente até à ida às urnas, e o estímulo desaparece logo que não for necessário.
Passos Coelho pode bendizer a sua sorte: nunca em Democracia este mísero estímulo teve tanto impacto como quando o país sofreu estes dois anos de políticas catastróficas.
4 comentários :
A questão é que precisamos de saber como se alterou a despesa pública de há uns meses para cá, em volume e em natureza. Essa informação deve ser possível de O bter, e é importante para percebermos o que se passa é o que podemos fazer.
Mas em nenhum caso representa uma vitória da austeridade, que tinha que estar mais que morta em qualquer universo com um debate político honesto e competente. Entre os economistas não se disputa que uma economia acaba por estabilizar "in the long run", e regressar a níveis de emprego mais ou menos normais. Aquilo contra que o Keynes se insurgiu era precisamente isto, porque "in the long run, we are all dead" - ou seja, é preciso saber o que fazer durante as crises para as ultrapassar. E a austeridade é o oposto disso...
Xii, tanto erro. Sorry, escrevi do telemóvel...
«Mas em nenhum caso representa uma vitória da austeridade»
Claro que não. O gasto mais elevado durante os meses que precedem as autárquicas tem os efeitos de um estímulo - uma suspensão da "austeridade" - que trouxe consequências positivas. Mas o estímulo só vai durar até às eleições...
Contra a austeridade, mais eleiçöes!
Por isso o PPC diz "que se lixem as eleiçöes"... ele só quer ainda mais austeridade, px tá claro!
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