Muito se tem comentado sobre a inclusão da esposa do ministro Nuno Crato no Conselho Científico de Ciências Sociais e Humanidades da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. As objeções apriorísticas têm alguma validade: mesmo sendo um órgão consultivo, pode ter influência na política científica (apesar de, sendo aquele um órgão da FCT, ser de desejar uma autonomia da direção da FCT face ao ministro). No entanto, aquele é um cargo meritocrático. Seria de esperar que os melhores de cada área científica fizessem parte dele. Eu não tenho nada contra a esposa de Nuno Crato (cujo currículo desconheço, mas pode ser muito bom), mas a senhora é professora de um instituto politécnico privado. Eu também não tenho nada contra o ensino superior privado, mas creio que não é polémico afirmar-se que em Portugal os maiores especialistas encontram-se no ensino superior público. É portanto de estranhar encontrar-se um especialista no ensino politécnico privado, ainda mais numa instituição que (uma vez mais, com todo o respeito) nem é das mais conhecidas (quanta gente já tinha ouvido falar nela?). Portanto, ou a equipa ministerial está apostada em encontrar colaboradores próximo em tudo o que envolva ciência, ou não estão mas não encontram mais ninguém disponível para trabalhar com eles que não sejam “os amigos do Crato”.
Tomemos como exemplo o Conselho Científico de Ciências Exatas e da Engenharia da mesma instituição. Em não sei quantos membros, não se encontra um único físico, o que deve ser caso único no mundo. A coisa mais parecida com um físico que se encontra é um astrónomo, que não por acaso é coautor de um livro recente... com o ministro Nuno Crato. Julgo que daqui se podem tirar algumas conclusões.
Tomemos como exemplo o Conselho Científico de Ciências Exatas e da Engenharia da mesma instituição. Em não sei quantos membros, não se encontra um único físico, o que deve ser caso único no mundo. A coisa mais parecida com um físico que se encontra é um astrónomo, que não por acaso é coautor de um livro recente... com o ministro Nuno Crato. Julgo que daqui se podem tirar algumas conclusões.
6 comentários :
não se encontra um único físico
Falso, Manuel Collares Pereira é físico.
Fui consultar o CV do senhor, e já agora clarifica-se o que o Luís Lavoura escolheu não clarificar: o indivíduo em questão não é físico de formação-base (é engenheiro electrotécnico), mas possui um doutoramento em física.
Isso nem é o mais relevante. Desconhecia que o senhor tinha um doutoramento em física. Mas a investigação que Collares Pereira desenvolve não é física. Pode ter uma componente de física (e pode ser muito relevante, já agora), mas não é física.
Se Collares Pereira faz investigação em colectores e concentradores solares, isso é PACS 88.40.F e também 42.79.Ek. Ou isso não conta?
http://www.aip.org/pacs/pacs2010/individuals/pacs2010_regular_edition/reg80.htm
"Interdisciplinary Physics and Related Areas of Science and Technology", é esta a classificação APS genérica. Isto não é física (ou só é num sentido muito, muito lato). De qualquer forma: é isto o melhor que o Crato arranja?
Mas nesse caso há também que ter em conta a possibilidade de outros terem sido convidados para essa posição e terem recusado.
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