Afinal, valeu a pena a limitação dos mandatos: na Madeira, o PSD tem uma derrota histórica, perdendo sete das onze câmaras do arquipélago (incluindo o Funchal); em Braga, o PS de Mesquita Machado perde. Em ambos os casos, são resquícios quase salazaristas da paisagem política portuguesa que são varridos, com o seu cortejo de compadrios e autoritarismo, e relações promiscuas com construtores civis, a igreja católica e clubes de futebol.
O partido vencedor é o PS: ganha câmaras como Sintra, Coimbra e Gaia (e esmagadoramente em Lisboa). Onde perde, parece ser mais para a CDU, o que indicia uma viragem à esquerda do eleitorado. Loures, Évora e Beja são municípios significativos. O PSD/CDS fica reduzido a pouco mais de um terço dos municípios nacionais. E os (uns mais, outros menos) «independentes» são agora a quarta força autárquica, e com caras mais lavadas do que as de anos anteriores (com a excepção de Oeiras).
4 comentários :
No Funchal houve três coisas a jogar em conjunto: o limite do mandato de Albuquerque, um presidente bastante popular que deixou o lugar a um candidato apoiado pelo núcleo duro do PSD-Madeira; a queda continuada da popularidade do PSD-Madeira nas camadas mais jovens; e o agarrar pelos cabelos da oportunidade pelos partidos que fizeram uma coligação como nunca havia sido feita antes.
O que penso que vai acontecer é uma convocação de um Congresso extraordinário que vem mesmo a jeito a Miguel Albuquerque. Depois de perder as eleições para a presidência do partido, só teve de deixar as coisas entregues a si mesmas. Já tem a jota do lado dele e tudo.
"Afinal, valeu a pena a limitação dos mandatos..."
A limitação de mandatos valeria sempre a pena, quer se traduzisse ou não em resultados politicamente "convenientes". Era uma questão de princípio.
"O partido vencedor é o PS."
A maior vitória é da CDU.
O maior partido autárquico é o PS. «Maior vitória» é o quê? Maior aumento proporcional relativamente a 2009? Os independentes duplicaram o número de câmaras...
Não sei se o factor principal não terá sido a austeridade, Francisco. O jardinismo sem dinheiro externo não funciona...
Enviar um comentário