Irrito-me um bocado com as pessoas que me falam da América como o país da liberdade. A América profunda é a América toda menos quatro ou cinco cidades, e a América profunda é calvinista, odeia quem se diverte e ofende-se por tudo e por nada.
Recentemente, numa reunião
duma comissão supostamente progressiva aqui na universidade, um colega
meu, gay, disse-nos que se tinha casado (noutro estado) e que tinha anunciado isso na aula e os
alunos tinham aplaudido. E depois disse que isto há 12 anos, quando ele
chegou aqui, era impensável, congratulou-se com a evolução das mentalidades e perguntou-nos se
queríamos dizer alguma coisa sobre o que gostaríamos que a universidade fosse daqui a
10 anos. “Porque temos dinheiro para organizar coisas”.
Eu disse que
gostava que a esquerda fosse mais assertiva e que concordava com o Daniel
Dennett, que se lamentava há pouco tempo de ter sido toda a vida respeitador da
direita caceteira, e que o resultado era ser publicamente considerado um idiota
pela maioria dos americanos, por ser darwinista.
E depois
sugeri que contratássemos artistas para organizar eventos que fizessem os
alunos olhar para o mundo de forma
diferente. Por exemplo, gostava de ver
uma guilhotina gigante, cor de rosa, no meio do relvado, e depois uma série de
conferências, filmes e debates sobre esta prática medieval da pena de morte,
que só se aplica aos pobres, em que um em cada nove condenados é inocente, num
sistema judicial em que é muito melhor ser-se rico do que inocente, etc., ou gostava de
ver um crescente verde, enorme, no meio do campus, a dizer: “At least nobody is nailed to me!” Mas que
acima de tudo gostava que a universidade discutisse a questão da
evolução, porque me envergonha muito saber que a maioria dos nossos estudantes
acha que o mundo tem seis mil anos... fui interrompido pelos meus colegas
porque estava a desrespeitar os presentes e a religião, e a fazer alguns membros da comissão desconfortáveis.
1 comentário :
COMUUUUUUUUUNA!
Ai que balhamedeus! Vou rezar pela tua alma!!!
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