O PS perdeu para a CDU, mas ganhou ao PSD. O PSD perdeu para o PS e para independentes. Em duas frases, este é o resumo destas eleições.
Excetuando o caso de Matosinhos, a maior parte das candidaturas independentes (pelo menos nas principais câmaras: Gaia, Sintra, Porto e mesmo Oeiras, se bem que este último é um caso à parte) surgem de descontentes... com o PSD. Fossem outros os candidatos oficiais do PSD, e provavelmente o partido não teria tido dificuldade em ganhar estas câmaras. As vitórias do PS são na maior parte dos casos fracas (embora o seu conjunto seja significativo), o que justifica que se diga que a derrota do PSD é muito maior que a vitória do PS.
O que concluir daqui? Houve um divórcio entre o eleitorado do PSD e os candidatos do seu partido (nos casos de Gaia e Porto isso parece-me muito positivo). Não me parece abusivo extrapolar e dizer que uma parte significativa do eleitorado do PSD está descontente com o rumo que o partido (e a governação, já agora) tem vindo a tomar.
Se a isto acrescentarmos as fracas vitórias do PS que referi e as derrotas em feudos internos de António José Seguro, como Braga e Matosinhos, verifica-se que uma boa parte do eleitorado do PS também não está nada satisfeita com a liderança do partido. E atenção: a grande e inequívoca vitória do PS foi em Lisboa, à custa... de António Costa.
Julgo que é evidente (pelos resultados do partido e pelos resultados... do próprio líder) que o eleitorado do Bloco de Esquerda também não está satisfeito com a liderança de João Semedo.
É comum falar-se em descontentamento "com os partidos" como a causa para o crescimento das votações em independentes. Porém, creio que se trata bem mais de descontentamento com as lideranças dos dois maiores partidos e do Bloco de Esquerda (o que pode ter a ver com o modo de funcionamento dos partidos) do que com o sistema partidário em si.
Excetuando o caso de Matosinhos, a maior parte das candidaturas independentes (pelo menos nas principais câmaras: Gaia, Sintra, Porto e mesmo Oeiras, se bem que este último é um caso à parte) surgem de descontentes... com o PSD. Fossem outros os candidatos oficiais do PSD, e provavelmente o partido não teria tido dificuldade em ganhar estas câmaras. As vitórias do PS são na maior parte dos casos fracas (embora o seu conjunto seja significativo), o que justifica que se diga que a derrota do PSD é muito maior que a vitória do PS.
O que concluir daqui? Houve um divórcio entre o eleitorado do PSD e os candidatos do seu partido (nos casos de Gaia e Porto isso parece-me muito positivo). Não me parece abusivo extrapolar e dizer que uma parte significativa do eleitorado do PSD está descontente com o rumo que o partido (e a governação, já agora) tem vindo a tomar.
Se a isto acrescentarmos as fracas vitórias do PS que referi e as derrotas em feudos internos de António José Seguro, como Braga e Matosinhos, verifica-se que uma boa parte do eleitorado do PS também não está nada satisfeita com a liderança do partido. E atenção: a grande e inequívoca vitória do PS foi em Lisboa, à custa... de António Costa.
Julgo que é evidente (pelos resultados do partido e pelos resultados... do próprio líder) que o eleitorado do Bloco de Esquerda também não está satisfeito com a liderança de João Semedo.
É comum falar-se em descontentamento "com os partidos" como a causa para o crescimento das votações em independentes. Porém, creio que se trata bem mais de descontentamento com as lideranças dos dois maiores partidos e do Bloco de Esquerda (o que pode ter a ver com o modo de funcionamento dos partidos) do que com o sistema partidário em si.
1 comentário :
Uma análise excelente, FM!
Realmente foste ao âmago da questäo com grande acutilância.
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