Há já alguns meses que me convenci de que o governo cairá nas autárquicas ou não cairá até 2015. O Jornal de Notícias publica hoje um conjunto de sondagens sobre essa batalha para a qual faltam apenas quatro meses. A amostra está muito desvirtuada: tirando Lisboa, as outras nove câmaras municipais são a norte do eixo Aveiro-Viseu. Tendo a cautela de apontar esse vício de amostragem, observo o seguinte (acreditando nas sondagens...).
- Há seis municípios em que haverá transferências de voto significativas do PSD (e CDS) para o PS: Lisboa (oito pontos percentuais, garantindo a vitória de Costa); Vila Real, com uma transferência de sete pontos a tornar possível a vitória do PS; Viseu (+12%, mas longe de possibilitar a vitória do PS); Gaia (cerca de 8%, mas polarizando a eleição entre o PS e um dissidente do PSD, à custa do candidato PSD-CDS «oficial» - Abreu Amorim); Aveiro, onde o PSD perde uns 5% mas mantém a Câmara, com um ligeiro reforço BE-CDU; Viana do Castelo, onde o PSD-CDS perde uns 4 pontos, divididos por CDU e PS (que mantém a maioria absoluta).
- No Porto, o PS perde uns dez pontos, a favor de Moreira e Menezes (que pode ganhar); em Braga, o PSD conquista a Câmara ao PS, à tangente;
- Casos mais atípicos: em Matosinhos, passa-se de presidência PS com oposição de dissidentes do PS para presidência de dissidentes do PS com oposição PS; Guimarães fica na mesma (com ligeira descida do PS, que mantém a maioria absoluta).
É evidente que as consequências nacionais das eleições autárquicas serão muito dependentes de como se votar em distritos como Coimbra, Guarda, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Portalegre e Lisboa (mais a sul, e tirando o Algarve, o PSD conta pouco). No entanto, para já a inegável maré anti-PSD parece ter poucos resultados práticos. E pode ser mitigada pela manutenção da presidência da segunda cidade do país e pela conquista (inédita) da terceira.
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