segunda-feira, 8 de junho de 2009

O fim da História?

Quando se pensa nos últimos 2000 anos de história da Europa percebe-se que o período de paz, democracia, justiça e prosperidade que os países protestantes viveram entre o Plano Marshall e a eleição da Margaret Thatcher (milk snatcher) foi incaracteristicamente longo.

A decadência planeada da classe média está a dar os seus frutos rapidamente e os resultados das eleições europeias demonstram eloquentemente esta evidência: a esmagadora maioria das pessoas prefere ser governada e não se indigna com as histórias dos dias loureiros. (Indigna-se com as histórias dos taveiras e dos berlusconis na exacta mediada em que é puritana e sexualmente reprimida, mas isso é outra história).

Ou seja, a minoria que se indigna com as injustiças e impunidades do capitalismo selvagem não conta para a História senão rara e marginalmente. O mundo sempre foi dos populistas. Três quintos dos europeus não se interessam se a Europa é social ou medieval, e dos 40% que se interessam, metade quer ser governada por dias loureiros e santanas lopes.

A esquerda acredita que a verdade liberta e que as pessoas têm amor próprio e, se forem educadas, não se importam de trabalhar em conjunto para deixar um planeta melhor aos filhos, etc.

Mas a História desmente-os, sempre do lado do Dias Loureiro e dos neocons. Haja Fátima, futebol e fado, e os portugueses são felicíssimos. Como dizia um amigo meu, toda a gente sabe que os ricos precisam mais de dinheiro do que os pobres, porque têm muitas despesas. Aos pobres, qualquer bocadinho de pão serve para fazerem uma festa e se houver uma rodela de chouriço fazem logo um picnic junto à estátua do Salazar e rezam-lhe uma missa.

O Fukuyama a falar do fim da História é talvez o episódio mais patético da história do neo-conservadorismo.

2 comentários :

JDC disse...

Giro como foi Saramago o rosto da condenação moral do episódio com Berlusconi... Terá ele uma sexualidade reprimida ou é só um comunista hipócrita?

Filipe Castro disse...

As pessoas que odeiam o Berlusconi fizeram todas coro com os puritanos. Mas não se esqueça que os comunistas sempre foram uns puritanos, homofóbicos e reaccionários como os meninos da acção católica, sempre do contra cada vez que alguém tinha uma ideia. Metade do Maio de 68 foi contra a intersindical e os controleiros, que queriam saber se os militantes dormiam com as mãos por cima dos lençóis, etc.

Mas a inveja é uma arma devastadora. Se os comunistas mostrassem à populaça as miúdas que os milionários comem todos os dias, o mundo virava neo-realista outra vez. :o)