domingo, 29 de março de 2009

Os dotes premonitórios dos equídeos

Por ter escrito algumas palavras singelas duvidando da capacidade dos cavalos de Nuno Álvares Pereira para prever as aparições de Fátima, o Carlos Esperança teve direito a 74 (!) comentários, quase todos de monárquicos enraivecidos por se dar atenção a esta pérola da sua divindade terrena (o cidadão Duarte Pio):
  • «Quando passava de Tomar a caminho de Aljubarrota, a 13 de Agosto de 1385, D. Nuno foi atraído à Cova da Iria, onde, na companhia dos seus cavaleiros, viu os cavalos do exército ajoelhar, no mesmo local onde, 532 anos mais tarde, durante as conhecidas Aparições Marianas, Deus operou o Milagre do Sol».
Significativamente, os militantes monárquicos não aproveitaram a ocasião para explicar:
  1. Como pode o mesmo Sol estar aos pinotes para quem o vê em Fátima, e imóvel para quem o vê em Leiria, Lisboa ou Londres;
  2. Porque existirão pessoas que séculos após o seu falecimento aparecem preocupadas com revoluções que ainda não aconteceram;
  3. Porque é que os mesmos que acreditam na «ressurreição» são contra a investigação em células estaminais;
  4. Como e porquê terão algumas pessoas, depois de mortas, a faculdade de curar queimadelas de óleo de fritar peixe;
  5. Porque é que os cavalos tiveram dotes premonitórios que faltaram aos cavaleiros.
Serve a mencionada caixa de comentários para concluir que o movimento monárquico merece a mesma preocupação do que os grupos dedicados à astrologia.

8 comentários :

Filipe Castro disse...

Enquanto os monárquicos se preocuparem com cavalos ajoelhados e pingos de óleo milagrosos a coisa até é divertida. Mas estas organizações, tipicamente cheias de pobres de espírito, têm um lado sinistro: não param de conspirar contra a mobilidade social, ou seja, contra a democracia e contra a justiça.

Em vez de uma meritocracia, Portugal é um sovaco mal cheiroso por causa desta ideologia.

Anónimo disse...

Parece ter tido lugar uma desaparição milagrosa...

Há quem tenha coragem de se expôr ao ridículo. Mas há disparates que fariam corar até o maior sem-vergonha, mesmo anónimo.

PQ disse...

Bem visto.

dorean paxorales disse...

"Significativamente, os militantes monárquicos não aproveitaram a ocasião para explicar:"

Aqui o monárquico de serviço vai explicar:

"1. Como pode o mesmo Sol estar aos pinotes para quem o vê em Fátima, e imóvel para quem o vê em Leiria, Lisboa ou Londres;"

Porque é um milagre.

"2. Porque existirão pessoas que séculos após o seu falecimento aparecem preocupadas com revoluções que ainda não aconteceram;"

É milagre também.

"3. Porque é que os mesmos que acreditam na «ressurreição» são contra a investigação em células estaminais;"

Aquilo que se passa na cabeça de muitas pessoas às vezes só se pode descrever como um milagre.

"4. Como e porquê terão algumas pessoas, depois de mortas, a faculdade de curar queimadelas de óleo de fritar peixe;"

Porque fazem milagres. Duh.

"5. Porque é que os cavalos tiveram dotes premonitórios que faltaram aos cavaleiros."

São ainda mais pobres de espírito, logo mais propensos a participar de um milagre.

Não percebes nada disto.

Ricardo Alves disse...

«Aqui o monárquico de serviço vai explicar:

(...)

Porque é um milagre.

(...)

É milagre também.

(...)

Aquilo que se passa na cabeça de muitas pessoas às vezes só se pode descrever como um milagre.

(...)

Porque fazem milagres. Duh.

(...)

São ainda mais pobres de espírito, logo mais propensos a participar de um milagre.

Não percebes nada disto.»

Rendo-me. Buuuuáááááááá... ;( ;( ;( ;(

Zeca Portuga disse...

Eu não sei se os cavalos têm dotes premonitórios... mas que há burros a discuti-los, prova-se aqui que sim.

Ou seja: há cavalgaduras mais coerentes que alguns tratadistas da filosofia asinina desta casa.

Se os ICAR (Insolentes e Contraculturais Ateus Republicanos) não estão satisfeitos com a explicação de D. Duarte, sempre podem provar que ele é falsa. T al como podem fazê-lo em relação ao milagre do sol, chamando mentirosos e palermas àqueles que testemunharam tal facto (e eram bastantes, ao que sei).

Nem os ameaçadores imbecis republicanos, treinados pela máfia da maçonaria e da Carbonária, instruídos pelo Costa que acabava com a religião em duas gerações, conseguiram desmentir tal acontecimento.

Claro que o Esperança, com a sua mais sublime e equídea inteligência, pode esclarecer tudo isto, e o dom de, tudo o que disser, sobrepõe-se a tudo o que as testemunhas dos factos disserem!

O Esperança é o maior!

Ricardo Alves disse...

«que há burros a discuti-los, prova-se aqui que sim»

Fala por si.

«em relação ao milagre do sol, chamando mentirosos e palermas àqueles que testemunharam tal facto»

Os que estiveram lá e nada viram seriam «mentirosos» e «palermas»? Assim não vai lá, Zeca anónimo...

João Moutinho disse...

Os cavalos são uma espécie que tem vindo a ser alterada pelo Homem desde há cerca de 5.000 anos quando os priemiros cavalos começaram a ser doemesticados, ao que se pensa, na actual Ucrânia.
Tanto que um assunto que preocupa os cientistas está relacionado com a preservação do que seria o protótipo do cavalo. Lançando os animais, que mais se aproximam desse estereótipo, nas estepes asiáticas. Infelizmente o sucesso no estado selvagem não tem sido o desejado.
Isto para dizer, que sendo eu tendencialmente monárquico, e pouco aficionado de touradas, considero que os estado evolutivo em que os equídeos pratiquem a genuflexão por sua iniciativa face a um sinal Divino ainda não foi alcançado.