quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pessimismo de esquerda....

Bem sei que Pacheco Pereira acha que a diferença entre esquerda e direita é que nós somos pessimistas e eles são de um optimismo realista (e progressista) louvável.

Mas eu li isto num dos meus blogs preferidos (wehavekaosinthegarden):

"(...) A crise mundial do capitalismo global está aí, (nem era necessário ser economista para ver que esta globalização acabaria por alastrar a pobreza e arrasar com os mercados), o petróleo já quase batei nos 120 dólares por barril, o dólar afunda-se, os preços das matérias-primas e dos alimentos não para de subir assim como os juros. O desemprego aumenta e a única coisa que desce é o nosso poder de compra com os salários as não acompanharem a inflação (nem a mentirosa, onde metem montes de produtos supérfluos só para esconder a realidade, porque a verdadeira, a que tem a ver com o mais importante que é a alimentação, dessa nem vale a pena falar)."

E eu - certamente ferido do pessimismo atávico dos esquerdistas - concordo plenamente: o capitalismo tem de ser regulamentado senão acaba SEMPRE por acelerar desenfreadamente e apontar à primeira parede, como a história demonstra até à exaustão. Cada vez que o mundo cai nas mãos de um cartel de gananciosos as coisas acabam em crises gigantescas.

Vem um artigo na Harper's deste mês que explica que se o cabaz que se usa nos EUA para determinar a inflação incorporasse a energia e os bens alimentares, os EUA - esse milagre económico dos monetaristas - tinham neste momento 9% de inflação (e quase 10% de desemprego).

Roger Ailes, o presidente da máquina de propaganda FOX "News" Channel, que organizou o golpe de estado que levou Bush ao poder em 2000, passa os dias a repetir a máxima pós-moderna: "nós fazemos a realidade americana; se não reportarmos um acontecimento, será que ele aconteceu?"

Agora parece que a realidade está, devagarinho, a bater-lhes à porta...

Mas não nos devemos precipitar a julgar esta situação em termos apocalípticos antes de ouvirmos os nossos sábios do costume: Z.M. Fernandes, J.A. Saraiva, Pacheco Pereira, ou talvez mesmo João Carlos Espada tenha alguma notícia de Oxford que nos permita adquirir uma compreensão mais profunda da situação.

Ou talvez César das Neves e o Dr. Arroja nos possam explicar este fenómeno em termos duma vingança de Deus (uma manifestação da Sua infinita bondade) por causa da promiscuidade dos homens-sexuais, da imoralidade das mães assassinas de bébés, ou da falta de um Salazar que metesse os liberais, destruidores da família, na ordem?

Esperemos pelo próximo número da revista Atlântico!

10 comentários :

João Vasco disse...

Pensei que a "Atlântico" ia acabar, visto que o BCP (que era quase o único financiamento que tinham) saiu das mãos da Opus Dei.

Filipe Castro disse...

:o)

...mas então? ...e o mercado?! Não imaginava que o orgão oficial do neo-liberalismo era subsídio-dependente! Como é que uma coisa destas pode ser?

Ricardo Alves disse...

Estive a ver o blogue deles e parece que a «Atlântico» acabou mesmo. Ou a crise já chegou à Opus, ou então o BCP fartou-se de perder dinheiro...

Filipe Castro disse...

...eu continuo deliciado! O bastião do capitalismo selvagem dependia miseravelmente de subsídios para respirar! :o) Ohohoh!

Ninguém queria anunciar no pasquim deles?

Que maravilha: isto é como um Jeová a receber transfusões e mais transfusões e a comer morcelas e papas de sarrabulho ao almoço e ao jantar, e depois a dizer-nos que se tocarmos em sangue vamos para o Inferno. :o)

Filipe Castro disse...

Queria-lhes perguntar porque é que acabou a revista Atlantico e nao consigo encontrar nenhum blog de direita. Foram todos underground?

Ricardo Alves disse...

http://atlantico.blogs.sapo.pt/1239918.html

Anónimo disse...

A atlântico acabou. O sr Paulo pinto de patranhas parece que ainda anda a vender peixe para conseguir que alguém os subsidie.

Anónimo disse...

"visto que o BCP (que era quase o único financiamento que tinham) saiu das mãos da Opus Dei."

Nao, nao, descobriram que a maioria dos ecribas eram perigoamente ateus

Anónimo disse...

escribas, ofe córse

Anónimo disse...

Anónimo: nem você sabe da missa a metade( nem eu).
Mas posso-lhe dizer que um dos escribas, em 1982, fazia umas tristes figuras de esquerda, numa escola dos arredores de Lisboa.
Era ligado ao PS e tudo...