segunda-feira, 7 de abril de 2008

Escolas: da municipalização à escola-empresa?

Infelizmente, a actual crise na escola pública tem sido pouco comentada e analisada fora do âmbito dos movimentos e blogues de professores. No blogue O Reino da Macacada, encontra-se um artigo interessante sobre as possíveis consequências da municipalização em curso da escola pública (já criticada aqui):
  • «A primeira das formas a avançar será a municipalização do sistema, já prevista para 2008/2009. Depressa (se é que já não têm consciência disso) as Câmaras Municipais vão chegar à conclusão que não têm vocação, capacidade, meios técnicos e humanos para gerir com eficiência toda a enorme massa estrutural que lhes vai cair nos braços, com os seus problemas muito específicos e exi­gências muito próprias.
    Daí a passarem a tarefa para “empresas especializadas” transferindo-lhes na totalidade (ou quase) as competências que o governo lhes delegará será um pequeno passo. E, também num futuro não muito distante vamos ver os pro­gramas curriculares (com excepção dos programas estruturantes de língua materna, matemática e língua estrangeira – inglês) serem decididos pelos gru­pos de cidadãos com interesses religiosos ou económicos ou outros. Natural­mente, nenhuma dessas empresas funcionará por “amor à causa” ou por cari­dade. O seu objectivo será a produção de mais valias – o lucro!
    (...) Os prejudicados serão, em larga medida, os menos favorecidos. A excelência ficará reservada para as elites.» («A agenda oculta da educação»)

1 comentário :

Anónimo disse...

Essa manchete é um equívoco.
Aquilo que mudou foi a redução de funções das estruturas administrativas distritais, que começou logo depois da saída de Guterres. Não se trata de todo de municipalizar, mas de passar: mais competências para as direcções das escolas que vão ter agora maior especialização nesse sentido; para as direcções regionais que tratam da aplicação de todas as matérias políticas de fundo; e eventualmente haverá maior colaboração das autarquias, possivelmente a nível financeiro...
Estas visões sobre a reforma do ensino são consonantes com o padrão alarmista da comunicação social do país, muito embora, grandemente dissonantes da linha informada e racional-analítica, com que este blog tem apaparicado os leitores.