domingo, 1 de julho de 2007

Diálogos nas catacumbas

Nas últimas horas tenho sobretudo escrito em caixas de comentários: sobre a escola pública e os seus programas (ver aqui); e sobre a laicidade em França e o véu islâmico (ver aqui, embora as ideias de Bacelar Gouveia sobre a laicidade, ali descritas, sejam simplesmente insultuosas).

8 comentários :

Anónimo disse...

Tenho visitado blogs e sites, tanto portugueses como brasileiros, que tratam do possível perigo que representam os grupos radicais islâmicos, mas infelizmente, são praticamente todos de anti-socialistas/anticomunistas, pró-capitalistas.

E este blog é de esquerda mas que enxerga o "islamofascismo" como uma real ameaça?

Se sim, então achei o site certo em relação ao que tenho pensado.

Ricardo Alves disse...

«brazuca comunista»,
fique por aqui. Este blogue é de esquerda e vê realmente um perigo no islamo-fascismo. Ou seja, é normal. ;)

Anónimo disse...

Ricardo, por que tenho a impressão de que a esquerda, a ocidental em especial, tem se islamizado?

O que vocês pensam sobre?

Ricardo Alves disse...

«brazuca comunista»,
não exagere. A esquerda não se tem islamizado. Existem alguns grúpusculos, que só no Reino Unido têm expressão política relevante, que defendem uma colaboração com o islamismo. Fora isso, existe alguma relutância a criticar o islão entre outros grupos de esquerda, por se acreditar erradamente que se o fizerem podem perder apoio entre os imigrados de origem muçulmana.

Igor Caldeira disse...

Ricardo, não sei se se trata apenas de uma questão de estratégia, no sentido de não perder apoios. Tenho a certeza que esse raciocínio também existe, mas como poderíamos explicar então a posição da esquerda portuguesa? Temos muito poucos muçulmanos, eleitoralmente não valerão mais de 0,5%.

A minha opinião é que existe alguma confusão e um raciocínio do tipo "inimigo do meu inimigo meu amigo é", talvez não consciente, mas automático.

Ricardo Alves disse...

Igor,
em parte existe esse tipo de raciocínio («inimigo do meu inimigo...»); e em parte existe anti-americanismo sem equilíbrio nem compreensão de que existem outros problemas para além do «imperialismo ianque». Só isso pode explicar a timidez de alguma esquerda portuguesa na questão dos cartunes, por exemplo. Por outro lado, há muita direita que se os cartunes fossem do Ratz teria tido uma postura totalmente diferente...

Igor Caldeira disse...

Concordo. Já agora, eu empreguei a palavra raciocínio e depois da tua resposta ocorreu-me que não sei até que ponto se pode chamar um raciocínio político e não um reflexo político. As posições na esquerda e na direita no que respeita ao integrismo islâmico estão genericamente invertidas e não creio que haja um pensamento muito profundo por detrás das posições de uns e de outros. Se um debate sério fosse forçado gostaria de ver algumas proeminentes figuras políticas a manter as suas posições.

Ricardo Alves disse...

Igor,
justamente. Tanto as posições de «esquerda» como as de «direita» sobre o islamismo são meros reflexos. Não me parecem muito reflectidas. Têm mais a ver com alinhamentos anti/pró-americanos do que com qualquer reflexão aprofundada sobre o que é realmente o islamismo.