Apesar do título deste blogue, a divisão entre «esquerda» e «direita» não é para mim tão fundamental como outras separações: entre laicistas e clericais, ou entre democratas e autoritários, ou ainda entre individualistas e colectivistas. Há correntes de «esquerda» (e de «direita», já agora) nos dois pólos de qualquer das dicotomias que estabeleci mais atrás. A «esquerda» e a «direita» são oposições circunstanciais inevitáveis na luta pelo poder que se gera em sociedades democráticas (e o circunstancial dura muito tempo, para quem não reparou).
Neste blogue tenho atacado com alguma veemência os liberais, nomeadamente os d´O Insurgente e do Blasfémias. Faço-o porque me parecem clericais alguns, autoritários muitos, e de qualquer forma hostis àquilo que foi a verdadeira tradição liberal em Portugal. O referendo sobre a despenalização da IVG veio mostrar, com muita clareza, quem são os únicos liberais para quem a liberdade individual não é um valor vão: os do Movimento Liberal Social, o Carlos Abreu Amorim e o Tiago Mendes.
7 comentários :
Os liberais do Insurgente e do Blasfémias não são liberais. São neoliberais, que é muito diferente. Os liberais do mundo inteiro querem que o estado os deixe em paz e os proteja dos abusos dos poderosos. Os neoliberais portugueses querem que o estado nos imponha a moral católica e deixe os poderosos abusar à vontade.
E por falar em criticar os "liberais" do Insurgente: ainda não consegui voltar a entrar aqui no blog. :-)
Filipe Castro,
Gostava de perceber essa sua distinção entre liberais e neoliberais.
Eu sou pelo mínimo de intervenção do estado em quase tudo. Na economia, na cultura e em tudo em que tem a ver com a vida privadas das pessoas. Por isso sou a favor de uma carga fiscal baixa, da extinção de grande parte dos subsidios, da semi-privatização da segurança social.
A excepções serão a Justiça (ainda que se possa desjudicializar muita coisa, aliás, caminha-se nesse sentido), a Saúde e a Educação. (e nestas julgo que quem tem rendimentos muito altos deveria pagar).
Sou também ateu, anti-clerical, a favor do Sim em relação à IVG, da despenalização do consumo de todas as drogas, do casamento entre homosexuais e da legalização da prostituição. Sou contra a moral do estado, seja qual ela for.
E isto torna-me liberal ou neoliberal? Estou curioso...
eu e eu?
O Filipe Castro tem toda a razão.
Bom post Ricardo Alves. :)
Falta referir ambos os autores do Arte da Fuga.
Pronto, pronto. O Luis Pedro e os do Arte da Fuga também. ;)
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