sábado, 9 de maio de 2009

Onde está a República na Praça?

Acho muito bem que se renove a Praça do Comércio. Do projecto anunciado, gosto do fim da circulação automóvel nas laterais, do seu alargamento para esplanadas, talvez até dos losangos. Não sei se gosto da plataforma circular junto ao cais das colunas, e desgosto do «corredor de pedra» anunciado e, particularmente, do desnivelamento da placa central: preferiria a Praça plana até ao rio. E, mesmo se acho bem o aumento da área de circulação pedonal, duvido que o trânsito se safe com duas faixas junto ao rio. E faltam as árvores que não tornem a Praça inóspita quatro meses por ano. E bancos.

Mas, já agora, não entendo qual a relação entre a remodelação apresentada da Praça e a celebração do centenário da implantação da República. Insiste-se na temática dos «descobrimentos», com rotas de navegação do século 16 desenhadas no chão. Onde é invocada a República na Praça renovada?

Os «descobrimentos», recorde-se, já eram história antiga quando o «Terreiro do Paço» passou a Praça do Comércio. O centro de Lisboa é geométrico, pombalino, moderno. Para quê ir lá meter os «descobrimentos»? Para quando a ruptura com a cultura política que insiste no Afonso Henriques, no Vasco da Gama e no Nun´Álvares?

43 comentários :

Nuno Castelo-Branco disse...

A dita "república" nada te a fazer na Praça. Não entende isto? É básico. Nada, nada e nada. A única relação é um crime que convém os senhores esconderem. Querem comparar o legado de Afonso Henriques e do gama com aquele representado por gente como o Costa, o Bernardino, o Dente de Ouro e outros "heróis" do estilo? tenham vergonha.

Ricardo Alves disse...

O Dente de Ouro, que me pareça, é um herói do Nuno. Mas sim, acho que já chega de celebrar as figuras históricas do reino medieval e dos «descobrimentos». O Portugal que hoje existe, uma democracia constitucional sem territórios extra-europeus, deveria homenagear Sebastião José, Manuel Fernandes Tomás, Mouzinho da Silveira, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Afonso Costa, Machado dos Santos, António Sérgio, Norton de Matos, Humberto Delgado e Salgueiro Maia.

Os «descobrimentos» e Aljubarrota já enjoam. E pouca relação têm com o Estado moderno e cosmopolita que Portugal é hoje.

Nuno Castelo-Branco disse...

O Dente de Ouro "meu" herói...? Essa é boa, pois jamais me passaria pela cabeça idolatrar assassinos a soldo do sr. Afonso Costa, Formigas Brancas que seriam reciclados pela PIDE, etc.
O Ricardo bem sabe que uma boa parte dos nomes que acima cita, rejeitariam liminarmente a "sua república" e convenhamos, o Costa e os outros não pesam historicamente. A obra dessa gente é negativa, não construíram, não educaram, nem sequer estimularam o espírito cívico. A iª república foi um absurdo dissolvente. Aliás e como muito bem dizia Eça, o programa liberal foi feito pela Monarquia e assim, o prp não passava de um grupelho onde campeava a demagogia. A essa gente devemos o século XX que tivemos e isto é incontornável, queiram ou não queiram. Se ainda têm uma república - corrupta, inepta, patrona de desigualdades e atentatória da independência nacional -, devem-na a Oliveira Salazar: o ditador protegeu-a, consagrou o trapo que vos serve de bandeira, enalteceu "venerandos" criou a classe política que temos, enfim, consolidou-a. Batam-lhe palmas, é um dos vossos.
E querem consagrar agora Bernardinos, Costas e gente que pouco pesou no bem comum e na própria sobrevivência de Portugal? O povo não os reconhece e ignora-os e creio, acredite, que jamais conseguirão compará-los a figuras "enjoativas" (como o Ricardo diz( que surgem em qualquer livro da história universal: os ídolos extremistas do bambúrrio de 1910 jamais se consagrarão em "beneméritos da pátria": nem agora, quanto mais no futuro?! Se os senhores nem se lembram hoje de um Fontes, imaginem então essas nulidades absolutas...

Ricardo Alves disse...

O Dente de Ouro não estava «a soldo» de Afonso Costa. Quando muito, dos monárquicos. Leia as memórias de Berta Maia.

Não sei o que imagina que seja «a minha República». E provavelmente também não me interessa saber.

Relativamente à 1ª República, que tanto o preocupa, permitiu implantar o registo civil, tirar da clandestinidade as comunidades religiosas minoritárias, descriminalizar a blasfémia, fundar universidades e alargar direitos civis às mulheres. Entre outras coisitas que não o devem interessar muito.

Salazar nunca se afirmou republicano. O discurso que tinha sobre a 1ª República era muito semelhante ao seu. E, como deve saber, a restauração da monarquia esteve por um fio aquando da morte de Carmona.

Quanto à República actual, não partilho do seu negativismo. Aliás, considero que se trata do melhor regime da história portuguesa. Mas esta é a minha opinião.

Ah, e não distorça o que eu disse: não disse que Afonso Henriques e Vasco da Gama eram «enjoativos». Disse que a exploração que deles fazem já enjoa. E que nada tem a ver com a cultura política democrática e humanista que é a actual.

dorean paxorales disse...

Tentam equipara aqui a abolição do crime de blasfémia como a saída do país da idade média.

Estamos em 2009. A blasfémia é crime na Dinamarca. Não consta que haja opressão por aquelas bandas e era capaz de jurar que a rainha não corre perigo de vida.

Ricardo Alves disse...

Eu não tentei equiparar nada. A questão é que hoje seria inimaginável não se poderem publicar cartunes blasfemos. Ou o registo de nascimentos, casamentos e falecimentos ser civil.

Mas, para ser justo, não se percebe a opinião dos monárquicos sobre esses assuntos.

Houve um atentado contra a família real holandesa, há poucos dias, que provocou meia dúzia de mortos. Queres falar disso?

dorean paxorales disse...

Não és o único neste blogue a reivindicar essa grande conquista de Outubro. Daí ter sido vago na 'acusação'.

"Mas, para ser justo, não se percebe a opinião dos monárquicos sobre esses assuntos."

Eu também não percebo. Mas confesso que nunca tentei perceber. Há uma lei com filosofia parecida, hoje em dia, em Portugal: respeito pelos símbolos nacionais. Ainda nos anos noventa a polícia chateava um estudante durante a semana académica de Lisboa por se ter enrolado com a bandeira.
Hoje em dia, o uso desses símbolos está banalizado e tornou-se impensável penalizar alguém pela sua violação.

"Houve um atentado contra a família real holandesa, há poucos dias, que provocou meia dúzia de mortos. Queres falar disso?"

Não saberia o que dizer.
De qualquer modo, a Holanda não é propriamente o melhor exemplo a citar numa defesa do regime republicano...

Ricardo Alves disse...

Ninguém te pode negar a capacidade de baralhar os debates.

Mas, honestamente, acho que concordamos em que não se entende se os monárquicos querem debater os acontecimentos de há cem anos, restaurar a monarquia do século 19 (ou a do século 15?) no século 21, se querem «vingar» o 25 de Abril e a descolonização, se querem garantir um «ethos» conservador através do monarca, etc...

Nuno Castelo-Branco disse...

que disse o que não podia saber. O marido foi morto pelos apaniguados do Costa, porque era tido como simpatizante do sidonismo. Todos o sabem e mesmo os "vossos" historiadores se calam perante a evidência.
Quanto ao "ethos conserbador", tenha cuidado, porque os seus correligionários do PS que estão do "lado de cá", não lhe acharão piada. sabe do que falo, com certeza...
No que se refere à sua interpretação da história, vale o que vale. No entanto, desde já lhe digo que prefiro mil vezes a "obscurantista e medievalesca" Dinamarca de Hoje, à cintilante república de sarjeta que é esta vossa terceira. Compreende-se o porquê de tanto apego e zelo republicano: a garantia do tacho, a ânsia de servir-se em vez de servir. É essa a grande diferença entre republicanos e monárquicos. Em regra somos desinteressados e o Serviço é um fim, um programa de vida. Os republicanos - salvo honrosas excepções -, são o melhor argumento quanto à sobrevivência deste tipo de regime. O futuro o dirá.

Nuno Castelo-Branco disse...

Desculpe-me Ricardo, mas o comentário acima está incompleto. Dizia que:

"BERTA MAIA era no momento do julgamento do crime da Camioneta Fantasma, uma traumatizada mulher que disse o que não podia saber"

No final, faltou-me (na pressa) a palavra chave e a frase deve ser assim: ... "são o melhor argumento CONTRA a sobrevivência do regime".

Por vezes irrito-me e dá nisto. As minhas desculpas.

dorean paxorales disse...

Ricardo,

Não há muitos monárquicos entre as minhas convivências e acredito que, tal como entre "republicanos", haverá de tudo: democratas (i.e., republicanos), fascistas, socialistas, místicos, Pedro Namora, et c....

Porém, aqueles que conheci apenas querem uma chefia de estado igual à das monarquias europeias. Onde também existe casamento civil e outras conquistas de Outubro.

Voltando à vaca fria: não estou a ver vantagens nos 'republicanos' comemorarem o seu centenário numa praça tão funesta. É facilmente considerado uma provocação.
Por outro, concordo que os descobrimentos é uma temática estafada.

Filipe Castro disse...

O Nuno está a comparar alhos com bugalhos quando compara a monarquia dinamarquesa com a 3a. república portuguesa. Agora eu podia, por exemplo, comparar a república alemã com a monarquia (de modelo miguelista) da Arábia Saudita.

A Dinamarca é um país com uma cultura muito menos machista e autoritária do que a portuguesa, e como é um país protestante, não sofreu a opressão da Contra-Reforma. Hoje a Dinamarca é um país de gente educada, onde o mérito vale mais que o apelido das pessoas. Se a Dinamarca fosse uma república ainda seria melhor.

dorean paxorales disse...

Filipe disse:

"Se a Dinamarca fosse uma república ainda seria melhor."

Palpita-me que os dinamarqueses, do estado-nação mais antigo da Europa (sempre em monarquia), têm poucas lições a receber dos bem-intencionados do resto do mundo... :)

Ricardo Alves disse...

Dorean,
a Praça é funesta para quem?

O local físico onde hoje se encontra a Praça do Comércio era, durante a Inquisição, um dos locais onde se realizavam os autos-de-fé. E, em Fevereiro de 1927, lutou-se e morreu-se ali pela República democrática. O 25 de Abril também não anda muito longe (Rua do Arsenal). O raio do regicídio foi mais marcante do que qualquer um desses acontecimentos? Porquê? Algum dos mortos desse dia era pertencente a uma raça de chimpanzés diferente da nossa? Eram super-homens?

Quanto à Dinamarca, é um exemplo de falta de igualdade em matéria religiosa, para não falar em falta de privacidade. E creio que só têm um arremedo de registo civil desde o ano 2000. Nós estamos bem melhor, exactamente graças aos republicanos de Outubro. Mas há muito quem não queira reconhecer isto... ;)

(Mas ainda bem que estamos de acordo quanto ao esgotamento dos descobrimentos enquanto temática cultural estatal...)

dorean paxorales disse...

Começando pelo fim: sendo a Dinamarca um sistema parlamentar e uma sociedade participativa que nada tem a aprender com a nossa desgraçada terra, achas que se os dinamarqueses estiverem muito incomodados com a sua falta de liberdade religiosa não são capazes de mudar a lei? Ou estás convencido que só matando a rainha e os filhos e levando a gloriosa república que o PRP inventou ao país mais rico da Europa (exagero...) é que aquilo entra nos eixos?

...

Os teus republicanos não pretendem celebrar autos-de-fé nem o advento do estado-novo. Pretendem comemorar um regime que teve como evento seminal um assassinato nessa praça. Se fosse o cinco de Outubro o motivo da festa, fazia mais sentido irem beber mines para a rotunda do marquês.

Porque terreiro do paço não tem mais nenhum outro simbolismo para um "republicano" que o gerado por esse crime.
É por isso uma decisão, no mínimo, de extrema arrogância e mau-gosto; no máximo, está carregada de desejo de conflito.

A liberdade política implica respeito pelas opiniões e sensibilidades dos outros. Sem isso, a república não vale um chavo.

Nuno Castelo-Branco disse...

Faço minhas e na íntegra, as palavras do Dorean.

Quanto ao facto de a ..."Dinamarca se fosse uma república seria ainda melhor"..., deixe-me que lhe diga que esta frase denota uma certa distância acerca da realidade político-constitucional daquele país. Ainda há algumas semanas, naquele programa da SIC sobre os Estados membros da UE, uma deputada SOCIALISTA dinamarquesa explicava o porquê do sucesso e progresso no seu país: a estabilidade das instituições, a chefia do Estado independente do sistema partidário, a plena soberania do Parlamento em matéria de constitucionalidade e a consequente simplificação de todo o sistema, sem Supremos, procuradores e outras excelsas inutilidades de que a república portuguesa é bastante pródiga.

Tem razão, Dorean, a coisa a ser comemorada no Terreiro do Paço, é uma provocação que pagarão bem caro. Aliás, nada disto é estranho, dada a escandalosa falta de tacto desta gente, perante o regime que aboliu a Pena de Morte - que tanto jeito faria ao Afonso Costa...- , insistindo em ignorar o mais longo período de liberdades constitucionais da nossa história.
Na moção lamentando o Regicídio em 1-2-2008, bem vi alguns dos deputados monárquicos do PS a votar de olhos em baixo (2 deles conheço MUITO BEM) e se o fizeram, tal se deve à obediência partidária que condicionará as próximas listas eleitorais. Enfim, o PS perdeu uma boa oportunidade de se demarcar dos facínoras prp, aproximando-se pelo contrário, do perseguido Partido Socialista de Azedo Gneco, ignobilmente vergastado pelos srs. Costa, Bernardino e quejandos. O saudoso deputado PS/monárquico Luís Nunes de Almeida - dos melhores, senão o melhor que o PS já teve -, morreria outra vez naquele dia. De vergonha! Começo a desconfiar que o PS dos Candais e comp. Lda., não passa de um travesti do partido "democrático" da defunta 1ª república, apropriando-se do nome e da reputação do mais carismático PS dos tempos da Monarquia.Deve ser o tal enriquecimento sem justa causa...

Mas acredite, Ricardo, não se aventure em qualquer tipo de comparação com as monarquias euroepeias, porque saímos todos esmagados. Até a Espanha, país multi-étnico e flagelado pelas autonomias semi-secessionistas, consegue fazer cumprir plenamente os mandatos parlamentares. O António José Saraiva escreveu há uns anos um artigo no Expresso (O Fim do Regime), no qual considerava a Monarquia como um dos decisivos factores do sucesso dos nossos vizinhos. Andamos todos cegos?

Ricardo Alves disse...

Dorean,
no teu último comentário dedicaste-te justamente a ilustrar aquilo que eu criticava no meu comentário anterior: consideras portanto o regicídio mais importante do que trezentos anos de inquisição, com autos-de-fé naquele mesmo local físico? Consideras que nós, republicanos, consideramos o regicídio um «acontecimento seminal»?! Francamente, morreu mais gente em Fevereiro de 1927 nessa mesma Praça do Comércio, na luta contra uma ditadura que duraria mais 47 anos, do que em Fevereiro de 1908! E achas realmente que o 25 de Abril também é secundário face ao regicídio? A República não é só o regime que tivemos entre 1910 e 1926. Hoje vivemos em República graças ao 25 de Abril. Se achas realmente que o regicídio é mais importante do que a Inquisição, a revolta de Fevereiro de 1927 e o 25 de Abril, tens mesmo que explicar porquê. As pessoas que morreram eram diferentes das outras?

Finalmente, e quanto ao Reino da Dinamarca aplica-se o mesmo que posso dizer sobre o Reino Britânico. Como sabes, só há cerca de um ano se aboliu a lei da blasfémia na Grã-Bretanha. Em 1977 ainda serviu para uma pena de prisão (suspensa) pela publicação de um poema. No final do século 20, já havia a internet e ainda era ilegal ser republicano no Reino Unido. Ainda hoje há escolas públicas com religião obrigatória, incluindo, num caso bem documentado, o ensino do criacionismo. Achas que tudo isto é irrelevante porque têm um PIB superior? Eu acho que esse não pode ser o único critério.

Nuno Castelo-Branco disse...

A blasfémia existe em Portugal, Ricardo. Tenha o desplante de chamar "corrupto" ao presidente da república - por ter amigos que o são e que ele alegadamente protege - e verá o que lhe acontece. A sua república, seráficamente o processará, indo-lhe directamente onde mais lhe dói: o bolso. Não quero dar-lhe exemplos mais ou menos recentes, porque não quero ser processado por essa gente.
Curioso esse afiar da espada em nome de critérios..., num país onde se cortam cabeças dentro das esquadras da PSP. Num país onde os titulares dos órgãos de soberania mostram todos os dias o desprezo por quem lhes sustenta as vaidades: carrões, mordomias, ajudas de custo, 3 presidentes passivos e 1 activo; uma lista civil 30% mais cara que as auferidas pelos monarcas de Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Luxemburo, Noruega; uma inexistente separação de poderes, onde a justiça é abusada pela política; um desastroso desordenamento territorial que inviabiliza qualquer arremedo de vitalidade local; uma relação conflituosa com as regiões autónomas que só são consideradas se se submeterem á autoridade partidária lisboeta; uma total amoralidade quanto ao que se considera ser o serviço dos gestores empresariais do estado, volatilizando-se o sentido do dever, em prol do locupletamento (aliás, particularidade muito ao tipo de sebastião José), etc, etc e etc. Aconselho-o vivamente a consultar o que os seus camaradas da Esquerda Monárquica dizem. Ficará surpreendido.

Ricardo Alves disse...

Nuno,
há indícios claros de dinheiro que passou das mãos do padre Lima e outros monárquicos confessos para as mãos do «Dente de Ouro». Dinheiro espanhol, já agora. Pelo contrário, não há qualquer indício de que Afonso Costa fosse o mandante da Noite Sangrenta, como afirma mais acima. Sugeri-lo deve ser um resultado da sua «irritação», porque é uma tese que desqualifica quem a avança, como é o seu caso.

Como confessou o Dente de Ouro a Berta Maia, quando este já fora condenado e já não tinha nada a perder:

«[Em casa do padre Lima] Falava-se em vingar a morte de el-rei D. Carlos, empalmar o movimento revolucionário que se preparava, liquidando os republicanos, dando-lhes caça... principalmente aos de 5 de Outubro».

E o Dente de Ouro confessou que quem lhe deu a lista dos nomes para assassinar foi o dito padre Lima.

Que havia ligações a Espanha foi discutido em pleno Conselho de Ministros.

Ricardo Alves disse...

Quanto a argumentos do género «eles querem é tacho, nós somos puros e queremos servir», desculpe lá mais deixe-os para a mesa do café.

Mas se acha que os monarcas são chimpanzés diferentes de nós, gostaria de saber a sua opinião sobre as ligações do Duarte à Arqueonautas:

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/03/arqueonautas-sa.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/03/indignacao.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/03/caca-aos-tesouros.html

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2009/03/arqueonautas-sa-website.html

Mas fico satisfeito com a sua promessa de que quando restaurar a monarquia vai permitir que se ofenda a pessoa do rei. Agora só tem de convencer disso os monárquicos salazaristas com quem colabora publicamente em blogues... ;)

Ricardo Alves disse...

Quanto ao seu protesto contra a brutalidade policial, mesmo se isolada, acompanho-o. Simplesmente, numa inspecção rápida ao seu blogue não dou conta de o assunto o preocupar. Portanto, fico com a impressão que as tropelias da polícia não o comovem por aí além e que a sua preocupação não é sincera. Digo «impressão» porque não quero ser precipitado a fazer juízos de valor sobre uma pessoa que não conheço.

Pelo contrário, aqui na casa pode ler isto:

http://esquerda-republicana.blogspot.com/search/label/Direitos%20do%20Homem

http://esquerda-republicana.blogspot.com/search/label/Artigo%2034

Nuno Castelo-Branco disse...

A democracia é uma excelente coisa que até permite que em seu nome se digam asneiras. Enfim, colaboro tanto com "monárquicos salazaristas", como o Ricardo decerto colabora com "republicanos estalinistas". A grande diferença, é que os ditos "salazaristas" jamais restaurariam a pena de morte, mas quanto aos seus estalinistas, não tenho tanta certeza disso. E o Ricardo decerto estaria presente na lista de indesejáveis. Conhece o caso Imre Nagy? E o caso masaryk? Olhe, o Mário soares a eles se refere bastas vezes e com toda a razão!
Quanto ao "sr." Duarte, enfim, não surge UMA ÚNICA linha sua que indicie qualquer crime ou vigarice, ao contrário daquilo que a vox populi aponta há décadas a"srs" Mários, Jorges, etc. E agora até e indirectamente, a um tal "sr" Aníbal. Veja lá como somos todos más línguas.
Preocupa-o que não me manifeste muito contra a violência policial. Tem razão, se considera ser "violência policial" a protecção da sua vida e integridade física, tal como episodicamente acontece em zonas onde o Ricardo decerto jamais colocou os pés. Não ataco quem me protege, mas sou radical quando se cometem atrocidades pelo simples abuso de poder. São felizmente actos raros, mas aos quais há que dar remédio e nisso, tanto o Ricardo como eu, temos a obrigação de os denunciar. Quanto à minha sinceridade, enfim, lá está a costumeira catilinária da diabolização - que pressagia o pior - do potencial adversário. Não se preocupe que não me imiscuo na política partidária, nem sequer beneficio de qualquer lugar no aparelho do Estado. Estou mais livre que o meu gato. Não sou a tal "ameaça ao tacho", como acima diz.

Quanto à desgarrada habitual da propaganda mais perene e insistente da nossa história, nada mais que isso é: não sabia que o governo sidonista era apoiado pelos monárquicos que se opunham ao Costa? Não sabia que o Machado Santos e o Maia detestavam de morte o famigerado, inepto e corrupto Costa? Não sabia que o Dente de Ouro - o Abel Olímpio - estava comprovadamente envolvido com a Formiga Branca? Não se deixe impressionar pela propaganda que a vossa 2ª república tão lustrosamente poliu, pois as fontes republicanas são bastante eloquentes: dê uma vista de olhos nas Memórias do José Relvas e nos Diários do João Chagas e ficará a saber quem eram na realidade os cabecilhas do partido "democrático". O que nos tem a dizer com o radicalíssimo cerceamento dos cadernos eleitorais de uma forma sem precedentes e logo em 1911? e dos ataques à liberdade de imprensa, substituindo a censura A POSTERIORI dos tempos da Monarquia, pela censura A PRIORI pós 1910? também é mentira? e do esmagar do movimento sindical, do Partido Socialista - com a escabrosa apresentação pública da troca de cartas entre a sede do PS e o Paço das Necessidades? Parece-lhe bem? É que isto não é propriamento o México do PRI, Ricardo. "Isto" ainda é um país da Europa. Os mais insuspeitos historiadores, mesmo aqueles conotados com a república - Oliveira Marques, por exemplo -, logo lhe farão ver a quem aproveitou a Leva da Morte, a Noite Sangrenta, a Legião vermelha, a Formiga Branca, os caciques locais do Costa (o meu bisavô foi um deles, em Valença do Minho e pelo que consta, era vergonhosamente feroz!). Enfim, "pequenos nadas". Um dia destes ainda veremos os sobreviventes republicanos dizer que o Afonso Costa jamais fez os seus apaniguados beijar a famosa Browning que matou D. Carlos. Ainda farão desaparecer definitivamente os bilhetes postais com as efígies do Buíça, do Costa (, do Afonso Costa e, do Bernardino e do Almeida; ainda farão desaparecer a memória do museu da revolução republicana, onde os assassinos, os bombistas e as armas do crime eram expostos e exaltados; ainda farão desaparecer a memória de uma soez campanha de difamação e de ódio, como aquele "Marquês da Bacalhoa" que o imbecil Teófilo considerava como uma das basilares pedras da república. Podia continuar noite fora, mas não vou ocupar-lhe mais o tempo. Não sou um fanátic, mas admito perfeitamente a existência de quem queira sê-lo. Não é decerto o seu caso.

Ricardo Alves disse...

«Aconselho-o vivamente a consultar o que os seus camaradas da Esquerda Monárquica dizem.»

Refere-se àquele blogue(1) que não tem um único texto original na página principal? É que eu fui lá e só vi Silva Peneda, António Barreto, Medina Carreira e um texto de um deputado do PSD. Sabia que esses personagens eram de direita, mas que eram monárquicos não era do meu conhecimento. Muito menos sabia que colaboravam num blogue. ;) ;)

(1) http://esquerdamonarquica.wordpress.com/

Ricardo Alves disse...

Ó Nuno,
não se irrite que eu não queria «diabolizá-lo». Simplesmente, não entendo porque atira umas farpas contra a violência policial e contra o salazarismo em conversa comigo, e depois não é consequente naquilo que escreve no seu blogue. Fica a impressão (repito, a «impressão») de que nada disso lhe importa assim tanto.

Mas, olhe, fiquei esclarecido quanto às suas convicções monárquicas: a República que existe é má porque há quem diga em conversas de café que os políticos são todos corruptos, e a República que existiu foi má por causa do recenseamento eleitoral, de um panfleto de propaganda, de cartas postais com o Buíça e o Alfredo Costa (o que no entanto prova que eram populares...), e porque o Nuno acredita que o Afonso Costa mandou incertos beijocar uma pistola.

Sinceramente, arrume lá as suas ideias e pense bem se quer uma monarquia por causa do passado que não volta, ou se a quer por causa de um futuro para o qual não traria nada de bom.

Até amanhã!

Ricardo Alves disse...

Ah, quanto à Arqueonautas, a questão é que prova que o Duarte tem pouca estima pelo património nacional afundado, e que apoia o seu saque pelos modernos salteadores de tesouros (estrangeiros!). Crime talvez não seja, mas não estou convencido de que seja plenamente legal face a algumas convenções internacionais. O Filipe saberá explicar melhor.

Agora é que é.

Filipe Castro disse...

Eu acho que é difícil ignorar o lado profundamente anti-democrático da monarquia. Nas monarquias o povo não tem o direito de escolher o chefe de estado. Parece-me absurdo.

Filipe Castro disse...

Quanto aos Arqueonautas SA., acho que já escrevi aqui que há uns anos recebi um email dum amigo deles a dizer que tinha ouvido dizer no Vietnam que eles me iam matar (e ele achava bem, porque eu fazia críticas e queixas... :o)

Mandei-o para a Judiciaria, mas como não havia nomes, não havia nada a fazer.

Julgo que não é preciso dizer mais nada: é o Casal Ventoso, mas com titulares importantíssimos. O vosso rei foi presidente dessa empresa durante vários anos.

Como a destruição do património cultural não está criminalizada em muitos países, acho que se não pode falar de crimes, a não ser no sentido moral: destruir o passado por dinheiro é uma coisa ignóbil.

Filipe Castro disse...

E só mais um argumento contra a mornarquia: não se pode defender a monarquia sem se defender o rei. E quando o rei não é uma pessoa excepcional... os monárquicos acabam a defender o indefensável.

Parece-me pouco saudável terem de defender uma pessoa absolutamente mediana, que não tem a seu favor nenhuma qualidade excepcional (artística, cultural, de erudição, coragem, etc.)

Talvez por isso seja tão difícil discutir com os monárquicos portugueses (e os ingleses e os holandeses). Os espanhóis têm um rei altíssimo, extraordinariamente simpático, de uma educação impecável, com um sentido de estado enorme. Podem-se gabar. Os ingleses e os holandeses, com aquelas famílias de arrogantes, feios, broncos, reaccionários e sem graça nenhuma, só se podem endireitar muito e mudar de assunto.

E quem diz os holandeses diz os súbditos do rei Msuati III da Suazilândia...

O argumento da estabilidade das mornárquias também não faz sentido. Estabilidade é o que os sauditas precisam menos...

Ricardo Alves disse...

«não se pode defender a monarquia sem se defender o rei»

Exacto. Pelo contrário, nós podemos defender a República e criticar o Cavaco. ;)

dorean paxorales disse...

Ricardo disse:

"consideras portanto o regicídio mais importante do que trezentos anos de inquisição, com autos-de-fé naquele mesmo local físico?"

não. e continuo sem perceber a comparação. que tem a república a ver com autos-de-fé? vai dizer que o costa acabou com a inquisição?
off-topic.

"E achas realmente que o 25 de Abril também é secundário face ao regicídio?"
off-topic, pelas mesmas razões.

"A República não é só o regime que tivemos entre 1910 e 1926. Hoje vivemos em República graças ao 25 de Abril."

Eu diria mesmo mais: só há república desde 25 de Novembro de 1975. Que é bastante mais parecida com a monarquia de 1908 que com a outra de 1910-1974. Toma lá e vai buscar.

De resto, continuas a insistir num argumento que não apresento nem apresentei: a da diferença entre mortes.


O título do teu artigo, aliás, é excelente na ilustração do engodo.
O argumento dos autos-de-fé e 1927, com todo o respeito por qualquer vida perdida pela estupidez humana, são razões da treta. A "república" quer celebrar-se onde teve a sua primeira vitória política (dentro ou fora de eleições). É essa a resposta à pergunta que fazes no título.

Acho muito estranho que para se comemorar a revolução de Outubro não tenham escolhido a rotunda do marquês. Não foi lá que a coisa se decidiu para o vosso lado?

Se isto do terreiro do paço for para a frente, ou muito me engano ou vai haver sarilho. E não me parece que sou o único a pensar assim. Aliás, talvez seja mesmo esse o objectivo.

dorean paxorales disse...

Ricardo,

Sem dúvida alguma que, desde 1910, vivemos muito mais livres que os dinamarqueses.
Estranho é que as coisas por lá mudam não quando iluminados levantam revoluções mas quando os súbditos assim bem o entendem.

Ricardo Alves disse...

«vai dizer que o costa acabou com a inquisição?»

Não, mas acabou com o delito de blasfémia (já sei que vais dizer que isso não tem importância nenhuma...), tirou as comunidades religiosas minoritárias da clandestinidade, implementou o registo civil e separou a ICAR do Estado. Não é pouco. Sabes que a igreja luterana dinamarquesa não desempenhou bem o mesmo papel do que a ICAR, certo?

«só há república desde 25 de Novembro de 1975»

Disparate. O 25/11 não mudou nada de essencial ao que estava definido desde as eleições de 25/4/75. No 25/11, não houve mudança de poder. Só uma confirmação.

Em 1908 vivia-se em ditadura. Com jornais fechados, e dezenas de políticos na prisão prontinhos para serem deportados para Timor. Se achas que o regime que temos hoje é semelhante a isso, diz-me lá onde estão os políticos deportados...

Ricardo Alves disse...

A remodelação da frente ribeirinha é um projecto paralelo ao das celebrações do centenário. E, quanto à remodelação da Praça do Comércio, não há um único elemento republicano na remodelação proposta. Pelo contrário, até vão meter os descobrimentos numa praça pombalina. Como se o Gama e o Álvares Cabral tivessem alguma coisa a ver quer com Pombal.

A Rotunda do Marquês já esteve fechada há poucos anos. Faria pouco sentido passar pelo mesmo outra vez.

Repito, não vejo relação entre a remodelação anunciada da Praça do Comércio e as celebrações do centenário da República. E tu ainda não a demonstraste, já agora.

dorean paxorales disse...

Ricardo disse:

"Não, mas acabou com o delito de blasfémia (já sei que vais dizer que isso não tem importância nenhuma...),"

Isso não tem importância nenhuma.

"tirou as comunidades religiosas minoritárias da clandestinidade, implementou o registo civil e separou a ICAR do Estado. Não é pouco. Sabes que a igreja luterana dinamarquesa não desempenhou bem o mesmo papel do que a ICAR, certo?"

ora, tirar poder e influência à igreja era essencial na estratégia do prp para deixar de ser um partido urbano (Lisboa e Porto) e minoritário.


"Disparate. O 25/11 não mudou nada de essencial ao que estava definido desde as eleições de 25/4/75. No 25/11, não houve mudança de poder. Só uma confirmação."

Então, na tua opinião, o 25XI foi dispensável à democracia? Boa.

"Em 1908 vivia-se em ditadura. Com jornais fechados, e dezenas de políticos na prisão prontinhos para serem deportados para Timor. Se achas que o regime que temos hoje é semelhante a isso, diz-me lá onde estão os políticos deportados..."

Tens razão. A 1a e a 2a repúblicas são muito mais parecidas com essa descrição.

dorean paxorales disse...

"Como sabes, só há cerca de um ano se aboliu a lei da blasfémia na Grã-Bretanha. Em 1977 ainda serviu para uma pena de prisão (suspensa) pela publicação de um poema. No final do século 20, já havia a internet e ainda era ilegal ser republicano no Reino Unido."

E nos oitenta ainda havia censura prévia a espectáculos de cinema (incluindo tv) e teatro. Não me parece que tenha qualquer relação com a monarquia.

Apesar destes pesares, tu sabes bem (acho) como é um sítio onde o direito à opinião é sagrado - "independentemente do apelido", como diria o Filipe Castro.

Não sei até que ponto isto (com blasfémias e tudo) é resultado da monarquia inglesa; mas certamente a monarquia inglesa resulta disto.

dorean paxorales disse...

"Repito, não vejo relação entre a remodelação anunciada da Praça do Comércio e as celebrações do centenário da República. E tu ainda não a demonstraste, já agora."

Tens razão. Veremos se me engano.

Já agora, e fora de diatribes, acho que a praça não necessita de nenhuma "decoração alusiva extra". Para mim, mais que outra coisa, simboliza a reconstrução após o terramoto e é, sem precisar de mais, a praça mais bonita que já vi até hoje.

Ricardo Alves disse...

«tirar poder e influência à igreja era essencial na estratégia do prp para deixar de ser um partido urbano (Lisboa e Porto) e minoritário»

Claro, só podia ser por más razões.

«o 25XI foi dispensável à democracia?»

O tipo de regime já estava decidido desde 25/4/1975, quer devido ao número de participantes nas eleições, quer devido aos partidos triunfantes. Ao nível do governo e das forças armadas, a esquerda radical também já estava em recuo. Restava a agitação nas ruas, nas empresas e nos campos, mas essa acabaria de cansaço, mais tarde ou mais cedo.

«A 1a e a 2a repúblicas são muito mais parecidas com essa descrição»

Diz-me lá quem foram os políticos deportados durante a 1ª República. Nomes.

Vejo que estamos de acordo que o RU não é grande exemplo de liberdade de expressão. E estamos de acordo também que não há qualquer elemento republicano na remodelação anunciada da Praça (ao contrário do que implicaras antes). E que a Praça é bonita. Têm é que lhe meter umas árvores e uns bancos.

dorean paxorales disse...

"Ao nível do governo e das forças armadas, a esquerda radical também já estava em recuo. Restava a agitação nas ruas, nas empresas e nos campos, mas essa acabaria de cansaço, mais tarde ou mais cedo."

Nem me passa pela cabeça discutir agora aqui isto...!

Deportados? Machado dos Santos, por exemplo. Queres mais?
Se sindicalistas são políticos, toma lá 700 embarcados na Pêro d'Alenquer a mando do costa, após a primeira greve geral nacional de todos os tempos, 1912. Bondade do costa: muitas vezes os activistas sindicais eram simplesmente mortos.

1913, nas comparações que o Terra Livre faz entre o costa e João Franco a lista de abrilistas é longa:

Hoje, em 27 de Abril, alguns republicanos, reflectindo o geral
descontentamento pela marcha dos negócios públicos, tentam uma
rebelião que foi sufocada como a do 28 de Janeiro [...] Entre uma
e outra situação há apenas uma diferença. Enquanto o odioso e odiado
João Franco publicava o Decreto de 31 de Janeiro autorizando-se
abertamente a deportar os presos, o democrático e popular presidente
do actual Ministério, sem publicar nenhum decreto, prestidigitando
com os vadios, enviou para os Açores os presos políticos, com o
espanto e surpresa de toda a gente49. Efectivamente, os implicados na intentona do 27 de Abril foram rapidamente deportados para Angra do Heroísmo: o capitão Lima Dias, o general Fausto Guedes, o capitão-tenente Fontes Pereira de Melo e diversos revolucionários do quartel de infantaria 5, na Graça, foram conduzidos para o Arsenal de Marinha e dali para o cruzador República. Outros implicados seguiriam idêntico destino: o capitão Viana de Andrade, o capitão-de-mar-e-guerra Soares Andreia, Lomelino de Freitas, capitão-tenente Serejo Júnior, tenente Ernesto José dos Santos —estes últimos heróis do 5 de Outubro —, Júdice Bifcer, o editor Gomes de Carvalho, etc. Transportados para os Açores, ficaram os abrilistas sob a jurisdição do coronel Ribeiro da Fonseca, sob cuja alçada correram os processos movidos aos revolucionários. Os oficiais presos (Lima Dias, Lobo Pimentel, Fausto Guedes, etc.) ficaram em Angra, nas casas do castelo de Angra, no mesmo lugar onde outrora estivera preso Afonso VI.
(«Hoje como ontem! /Outra vez João Franco», in Terra Livre, n.° 13, p. 1.)

dorean paxorales disse...

"Vejo que estamos de acordo que o RU não é grande exemplo de liberdade de expressão."

laboras em mal-entendido... sempre houve liberdade de expressão no r.u.. caso contrário, a censura não teria sido eliminada pelo próprio regime. nunca foi necessário aos britânicos mudarem aquele para serem livres. muito pelo contrário: quando se meteram numa "república" foi pelas mais ultramontanas razões e acabaram mal.
não queres antes comparar a liberdade de expressão entre a inglaterra e o portugal de 1910-26?

"E estamos de acordo também que não há qualquer elemento republicano na remodelação anunciada da Praça (ao contrário do que implicaras antes)."

estamos de acordo que é cedo para me pronunciar.

"E que a Praça é bonita. Têm é que lhe meter umas árvores e uns bancos."

aqui, não podíamos estar mais de acordo. :)

Nuno Castelo-Branco disse...

Caro Ricardo,

FINALMENTE estamos de acordo! A praça precisa de voltar ao que foi antes de 1910, isto é replantar árvores, colocar bancos e manter o conjunto arquitectónico (apesar do arco tardio) tal como no projecto de concepção. O Terreiro é do povo de Lisboa. Se quiser dar-se ao trabalho de me aturar, dê uma vista de olhos no meu post acerca da remodelação (ontem ou anteontem), onde surge no Estado Sentido uma foto do Terreiro com as ditas árvores*



*Mas sem Buíças escondidos atrás delas, por favor...

Ricardo Alves disse...

Dorean,
não podes comparar a Inglaterra de hoje com o Portugal da 1ª República, pela simples razão que há cem anos pelo meio.

Repito que o Reino Unido não é grande exemplo de liberdade de expressão. Nomeadamente quanto à causa republicana (vai lá ver quantos deputados britânicos republicanos assumidos há no Parlamento de Westminster, e quantos monárquicos assumidos há no Parlamento de S. Bento; podes também querer comparar quantas vezes já se votou o carácter republicano do regime em Portugal, e quantas vezes se votou a monarquia no RU... zero).

Ricardo Alves disse...

Nuno,
se concordava comigo nos bancos e nas árvores, poderia ter começado a sua intervenção por aí...

Nuno Castelo-Branco disse...

Referendos à república em Portugal : Z E R O!

Referendos à monarquia no RU: ZERO!

Deputados assumidamente republicanos no R.U. Na verdade, são poucos, porque o "movimento republicano é nulo. Apenas isso. Falta de liberdade no reino Unido? Que grande novidade! O problema é certos sectores poderem dizer o que bem, lhes apetece, mesmo apelar à violência, como é o caso dos radicais islâmicos. Queria ver se o mesmo se poderia passar em Portugal. Conhece o famoso caixote/palanque no Hyde Park? Experimente fazer o mesmo no Rossio...

Quanto a dizer que concordava consigo quanto aos bancos e árvores, isso não sei, porque foi a primeira vez que li qualquer coisa sua acerca do assunto. No entanto, se se der ao trabalho de ir até ao E.S., verificará que andamos a chamar a atenção das "autoridades competentes" para múltiplos casos de destruição de património em Lisboa. É que isto não serve apenas para época eleitoral. O espírito cívico que a república desbaratou e que vinha dos tempos da Monarquia da Carta, jamais renasceu: sem o espírito da Carta jamais teria existido vontade para a abolição da pena de morte, liberdade de expressão e de organização político-partidária; jamais teria existido aquele conjunto de pessoas que fizeram brilhar as letras - e quase nenhum dos grandes escritores era republicano, desde Herculano a Garrett, Eça, Castilho, etc - e forjaram, para o bem e para o mal, o sentimento patriótico que infelizmente a demagogia do prp fez descambar num nacionalismo bacoco que faria a cama ao estado Novo. E este actual regime - que por sinal e apesar de tudo é o mais parecido com aquele caído em 1910 -, nada faz para educar os portugueses. Muito pelo contrário.