- «Primeiramente, não compreendo em que é que a formação religiosa pode contribuir para uma aprendizagem do multiculturalismo, a não ser o conhecimento de usos e costumes. Para tal, disciplinas como História, Filosofia, Geografia, entre outras, podem dar ao jovem aluno a formação essencial (...) Estas propostas revelam-se as falácias do costume. O que se pretende é dar formação católica disfarçada de teologia comparada, antropologia e ética. O que se pretende é dar a entender que existe uma abertura ao ensino da compreensão do sagrado enquanto fenómeno social, enquanto se evangeliza e converte.» (Fractura.net)
- «É com alguma tristeza que vejo, cada vez mais, a grande confusão que assola os ateus pela sua dificuldade em compreender alguns conceitos. O materialismo leva-os a encarar os Mistérios da Existência como puzzles ou palavras cruzadas. Pequenos enigmas para resolvermos. Mas não são. A nossa espiritualidade, a nossa relação com o Divino e todo o propósito da existência são Mistérios que nos transcendem e nunca estarão ao alcance da nossa compreensão. É por isso que podemos dizer, com toda a certeza, que a resposta a estes Mistérios é a fé nos Blin. (...) Os Blin em que creio, os verdadeiros, são a Liberdade de Viver o Amor. Ou o Amor pela Liberdade da Vida ou, ainda, a Vida de Amor Livre. É este conceito, claro e simples, que deve ser entendido e separado dessas superstições em que caem certas pessoas bem intencionadas mas blinologicamente ingénuas. Porque só a fé nos verdadeiros Blin dá resposta aos Mistérios da existência, e isto é inegável para quem compreende o conceito.» (Que Treta!)
Em defesa dos chulos
Há 2 horas
6 comentários :
"O que se pretende é dar a entender que existe uma abertura ao ensino da compreensão do sagrado enquanto fenómeno social, enquanto se evangeliza e converte."
Ao tentar impedir o ensino opcional de disciplinas como Religião e Moral o que fica à vista é que se pretende mesmo isso: a conversão forçada ao ateísmo.
Nuno Gaspar,
para converter ao ateísmo seria necessário que a escola ensinasse provas da não existência de «Deus», que refutasse explicitamente dogmas religiosos, e que expusesse as contradições da teologia. Não é isso que acontecerá se a escola pública deixar de ter «Religião e Moral». Note que eu nunca defendi o ensino obrigatório do ateísmo. Eu defendo a escola laica, não defendo a escola ateísta.
Ricardo: grato pelo apontamento. Ao ver as minhas palavras aqui reproduzidas até fico com a impressão de ter escrito algo verdadeiramente inteligente! :-)
Nuno: não existe da minha parte qualquer propósito de fomentar o ensino do ateísmo nas escolas. O ateísmo não é algo que se ensine, pela simples dificuldade de provar que as divindades não existem. Esta é a mesma dificuldade que existe em provar a sua existência.
Ao contrário, creio que as religiões devem ser abordadas nas aulas do ensino básico e secundário. Simplesmente acho que a sua abordagem deve ser encarada sob um ponto de vista sociológico, histórico, e antropológico e filosófico.
Depois, como na vida, que ganhe o melhor. Mas que o faça graças ao esclarecimento e à liberdade de escolha.
Abraços,
cjt
cjt,
eu é que agradeço.
Concordo com as suas afirmações no artigo e no comentário acima.
ctj e Ricardo,
O ateísmo é uma opção religiosa como outra qualquer e pode e deve ser ensinado por quem demonstrar interesse pelo seu estudo.
Não é por não se conseguir provar a existência ou inexistência de Deus que deixa de se poder criar um espaço em que os alunos despertem o interesse pela área religiosa e moral, subordinada a um credo particular ou abordando diferentes opções de igual modo. A demissão (tentada) da escola em abordar estas temáticas, como, ao que parece, até a própria disciplina de filosofia, em lugar de proporcionar um escolha livre dos alunos, pode torná-los, quanto a mim, mais vulneráveis a abordagens religiosas mais arcaicas, ateístas ou deístas.
Nuno:
1. O ateísmo não é uma opção religiosa. Concedo que alguns tenham pelo ateísmo um, permitam-me a expressão, fervor religioso.
Pela parte que me toca - a mim, ateu - não existe esse tipo de fervor.
Acerca do ateísmo digo ainda que este não pode ser ensinado. É, simplesmente, uma escolha que se faz.
É impossível ensinar o ateísmo a uma criança pois esta, não sendo ainda adulta, não consegue arranjar explicações racionais para muitos dos eventos que presencia ou de que faz parte. Torna-se ainda mais difícil explicar a uma criança - e, já agora, a um adulto - que um evento, porque não tem explicação científica, prova exactamente, e apenas isso mesmo: que é um evento sem explicação científica, como o eram tantos há apenas alguns anos atrás.
2. Não se consegue provar a existência de deus, assim como não se consegue provar a sua inexistência.
O credo na existência de divindades ou de quaisquer seres sobrenaturais é uma questão de fé e, portanto, não doscutível sob um ponto de vista racional.
Por outro lado, a inexistência de provas científicas em relação à existência de divindades não faz prova da sua inexistência - a ausência de prova não faz prova da ausência.
O que pessoas como eu têm é um grau muito elevado de cepticismo, que quero considerar como algo saudável.
3. A moral é algo que o aluno, enfim, o ser humano, aprende naturalmente pelos códigos culturais e sociais de determinado contexto.
Neste sentido, cabe à escola ensinar, isso sim, a ética. Esta é a reflexão do indivíduo sobre essa tal moral e como a sua aceitação ou não influi na interacção social. Trata-se, acima de tudo, do ensino da liberdade.
4. Não vejo, pelos motivos acima, necessidade do ensino da religião e moral, a não ser no estrito plano de estudos sociais, históricos, filosóficos e antropológicos.
Estes são, a meu ver, os terrenos privilegiados para que os homens consigam distingir semelhanças e diferenças entre os diferentes processos religiosos e morais.
Assim são livres de optar pela religião ou tipo de moral que mais lhes sirva para alimentar a "alma", sob o seu ponto de vista ético, entretanto adquirido.
Por fim, uma nota que considero importante:
Não tenho, por princípio, qualquer tipo de problema em relação à liberdade religiosa. Creio ser, sob todos os aspectos, algo a conservar.
Não tenho, também, qualquer espécie de problema em afirmar que a democracia moderna deverá alguma coisa - embora isto seja muito discutivel - às tradições religiosas judaico-cristãs e, mais modernamente, ao protestantismo.
Lamentavelmente sou obrigado a pensar, escutando a História - quer a política, quer a do pensamento, quer a do sofrimento humano - que estamos melhor sem as religiões. Mas isso é apenas uma opinião pessoal, que nunca transmitiria desta forma a um aluno, caso fosse professor.
Abraços,
cjt
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