segunda-feira, 4 de abril de 2005

Revista de imprensa (4/4/2005)

  1. As deputadas Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda, integrantes do mini-grupo parlamentar católico (MHD), entregaram na Assembleia da República um projecto de lei que pretende suspender os julgamentos por crime de aborto. O comentário que me ocorre é que concordo que deixe de haver julgamentos, mas que continuo a preferir que a AR despenalize o aborto mesmo sem recurso a referendo. E a haver este último, que seja o mais rapidamente possível, antes da eleição do próximo Presidente da República… Pergunta: com a lei destas senhoras deputadas, o que aconteceria a uma clínica (privada) que facilitasse interrupções voluntárias de gravidez sistematicamente? Diário de Notícias
  2. Na França, há protestos contra o luto nacional por ocasião da morte do monarca absolutista do pseudo-Estado vaticânico, protestos esses que vêm de políticos de relevo. É aquilo a que se pode chamar um país numa fase mais avançada de luta... Libération
  3. O obituário de Karol Wojtyla no Libération está a quilómetros do tom reverente e apologético que medra na nossa comunicação social. O Le Monde, no entanto, é quase tão beato como a nossa RTP. Já o editorial do The Guardian beneficia de alguma distância protestante e é razoavelmente equilibrado. Por cá, apenas o Carlos Esperança, no Diário Ateísta, tem a coragem de dizer com todas as letras quem foi realmente Karol Wojtyla. E toda a imprensa faz por esquecer a maneira escandalosamente grosseira e mal educada como Karol Wojtyla recebeu o Presidente da nossa República e a sua esposa.
  4. Entretanto, nas Filipinas, o clero católico ameaça de excomunhão os políticos que apoiem políticas de controlo de natalidade. A luta pela liberdade individual, inevitavelmente contra Karol Wojtyla e a sua herança, continua. Libération
  5. O Independente de sexta-feira traz um artigo sobre a campanha da Associação República e Laicidade pelo fim dos símbolos e rituais religiosos nas escolas públicas. Além disso, tem um artigo onde detalha o currículo de António de Oliveira Guterres como monitor de Formação Moral na Mocidade Portuguesa. Deliciosa é a reacção de um padre amigo de Guterres à entrada deste no PS: «Então tu aderiste ao PS? Com a tua formação cristã, estava mais a ver-te no CDS». Sem comentários.

2 comentários :

Anónimo disse...

Obrigado, Ricardo.
Creio que muitos pensam como nós mas os constrangimentos autoritários herdados da ditadura continuam a fazer-se sentir.

Anónimo disse...

Ricardo,

Parabéns pelo blog, excelentes textos já aqui li;

Entretanto, queria perguntar-te sobre esse episódio da recepção do Papa a Jorge Sampaio... confesso que nada sei sobre isso. Que foi que aconteceu?

saud.
aar