O discurso do "Estado falhado" parece ser a nova narrativa da direita depois da tragédia dos incêndios. Para a direita, as funções do Estado devem resumir-se a garantir a segurança das pessoas e o direito à propriedade. Falhando um desses aspetos, não importa tudo o resto: trata-se de um "Estado falhado".
Este discurso do "Estado falhado" é bastante perigoso, mas é tremendamente eficaz, e a direita sabe isso. Foi exatamente com esse discurso, a incutir esse espírito nas pessoas, de um "Estado falhado" (que é sempre representado pelo PS) a propósito do resgate financeiro, que a direita chegou ao poder em 2011. Também foi assim em 2002 ("o país está de tanga").E, no fundo, em 1926. E é assim, a voltar a criar a mesma sensação, mesmo numa circunstância e a propósito de um evento diferente, que a direita conta voltar ao poder. Para acabar com o "Estado falhado", privatizando tudo e reduzindo o Estado à segurança. Não admira que o Observador acarinhe tanto esta ideia.
Este discurso do "Estado falhado" é bastante perigoso, mas é tremendamente eficaz, e a direita sabe isso. Foi exatamente com esse discurso, a incutir esse espírito nas pessoas, de um "Estado falhado" (que é sempre representado pelo PS) a propósito do resgate financeiro, que a direita chegou ao poder em 2011. Também foi assim em 2002 ("o país está de tanga").E, no fundo, em 1926. E é assim, a voltar a criar a mesma sensação, mesmo numa circunstância e a propósito de um evento diferente, que a direita conta voltar ao poder. Para acabar com o "Estado falhado", privatizando tudo e reduzindo o Estado à segurança. Não admira que o Observador acarinhe tanto esta ideia.
1 comentário :
Filipe Moura, no calor dos acontecimentos foste levado de boa pelo mediatismo das tragédias. A tua análise ficou política e superficial em vez de técnica, adequada e rigorosa.
O aproveitamento político indevido/injustificado das tragédias tem sido uma constante na nossa democracia. Exemplos não faltam à direita, à esquerda e ao centro. É “fácil e barato”, mas é manhoso.
O que se quer é uma democracia com qualidade onde os políticos, os partidos, o Governo e a Assembleia da República andem a debater os problemas do país e a propor e discutir soluções, em vez de andarem a desempenhar o papel de artistas de circo e de trágico-comédias, a fazer politiquice, a apregoar populismos e na caça ao voto popular, aproveitando-se do baixo nível de educação e de informação que é generalizado em Portugal. Infelizmente, os políticos portugueses são o espelho, a amostra da nossa sociedade. Logo, são de baixo nível. É pena mas é assim.
Contudo, e para este caso dos incêndios ou para qualquer outro no passado ou que venha a surgir, não devemos entrar nem na vereda do aproveitamento político manhoso e injustificado, nem na vereda dos que acham que qualquer crítica que se faça ao desempenho do Governo ou do Ministro seja sempre e imediatamente um aproveitamento político manhoso.
Vamos ser sérios e analisar o mérito das críticas. Vamos ser sérios e ver as circunstâncias em que ocorreram as tragédias.
Neste caso levantam-se várias questões e são bem conhecidas várias das circunstâncias. Apontaste bem que as tragédias decorreram de incêndios fora da fase Charlie. Apontaste bem que as tragédias decorreram em alturas de vagas de calor extraordinárias. Mas há mais, muito mais, se quisermos uma análise mais completa. Existe toda uma herança de gestão e administração da protecção civil e dos bombeiros, que vem de governos anteriores. Existe um panorama florestal e de gestão das florestas que vem de políticas de vários governos. Existe uma cultura política para não se levar a sério a questão da adaptação às alterações climáticas. Existe a mania continuada de se terem uma data de cargos na protecção civil que são por nomeação política. Etc. etc.
No meio disto tudo, têm vindo a público algumas questões mais técnicas de falhas de coordenação e de actuação de bombeiros, SIRESP, protecção civil, autoridades, Ministério da Admin. Interna e da própria Ministra. Fala-se também de linhas da EDP que não estavam devidamente mantidas (coberto florestal demasiado crescido em baixo das linhas). Nem todas as críticas parecem ser infundadas. Nem tudo o que falhou parece ter sido por força de circunstâncias ou de heranças. Não acredites que quando muda o governo, nada pode ser feito de diferente do que era feito antes. Além disso, quando se vai para o governo, é precisamente para que se possa mudar o que se pensa estar errado.
Portanto, quando fazes esta análise, põe de parte a demagogia ou o exagero de algumas das declarações da oposição, tal como tens de pôr de parte as declarações ridículas, infelizes e até insultuosas da Ministra, do Secretário de Estado e do Primeiro-Ministro. As declarações, quer de um lado quer do outro, não mudam os factos e o sucedido, e não mudam o facto de haver culpa técnica ou política em particular. A politiquice não deve toldar a tua análise, que me parece muito superficial e tendenciosa. Não desculpes os políticos só porque são da tua cor ideológica. Se têm alguma culpa nestes incidentes, devem pagar por isso.
Acabar de vez com os incêndios massivos que destroem vidas, o ambiente e a nossa economia é uma causa de Portugal, não da esquerda ou da direita, e muito menos das politiquices que procuram desculpar ou condenar funcionários do Estado, com base na ideologia subjacente ao partido a que pertencem.
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