sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A política portuguesa e os incêndios

A propaganda do CDS de que "nunca morreram cem pessoas em incêndios quando éramos governo" é miserável. Quer o incêndio de Pedrógão, quer os de domingo passado, ocorreram fora da época alta (a "fase Charlie"). Um ocorreu ainda na Primavera. O outro já em pleno Outono. Alguma vez, durante o governo do CDS, ocorreu um Verão com quase seis meses (as ondas de calor começaram em Abril) como o que tivemos este ano? Alguma vez ocorreram 523 incêndios num dia a meio de Outubro? Se fosse num dia a meio de Agosto, com os meios todos operacionais, com certeza que os danos teriam sido bem menores. As alterações climáticas não são a causa mais geral dos incêndios em Portugal, mas a elas se devem em grande parte as tragédias que vivemos este ano.
Dizer isto não implica que o governo não tenha que assumir as suas responsabilidades (que é diferente de culpa). Quer a floresta, quer a administração interna precisam de políticas novas, e é evidente que Constança Urbano de Sousa não estava em condições de as prosseguir. Acresce a sua reação desastrosa no dia do incêndio (de quem queria mesmo sair do governo). A sua demissão era inevitável - já desde a divulgação do relatório de Pedrógão a semana passada. António Costa poderia ter sido um pouco mais lesto para evitar dar a impressão de que a saída se deve a uma exigência do Presidente. Marcelo deu-lhe tempo para isso.

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