sábado, 27 de julho de 2013

O PCP e o BE devem pôr os olhos no CDS

Nos já quase 37 anos de governos constitucionais, o CDS-PP esteve no governo quatro vezes. Sem nunca ter mais do que 16% (e só em 1976), muitas vezes abaixo dos 10%, este pequeno partido de direita marca o regime com numerosos ministros; os seus dois líderes históricos, Freitas do Amaral e Paulo Portas, passaram pelo cargo de vice-primeiro-ministro. Nos mesmos 37 anos, a esquerda à esquerda do PS teve sempre mais votos, nunca menos de 10% e algumas vezes 20%. Mas não teve um único secretário de Estado.

O desequilíbrio político fundamental da 2ª República é este: quando a direita governa, o regime desequilibra-se à direita; quando o PS governa, gere o centro. Em quase quatro décadas, a esquerda «radical» foi sempre muito pura, coerente e intransigente. O resultado é que nunca teve poder. O CDS foi algumas vezes oportunista, incoerente e maquiavélico. O resultado é que exerceu o poder.

Sem surgir à esquerda uma força política que seja capaz de desempenhar um papel semelhante ao do CDS, a 2ª República continuará a tender mais e mais para a direita.

16 comentários :

j. disse...

A Alemanha tendeu imenso para a esquerda durante o governo SPD/Verdes, pioneiro na desregulação laboral e contenção salarial (mais as implicações que a nível de competitividade isso teve para os países europeus periféricos), por exemplo... Será preciso falar da Itália? Ou do triste papel da "Esquerda Democrática" no atual governo grego? Deixem-se de ilusões: o enquadramento neoliberal da União Europeia inviabiliza políticas de esquerda. No atual estado de coisas, e tendo a extrema-direita expressão residual no nosso país -- felizmente! --, tanto melhor que a esquerda anticapitalista cresça eleitoralmente a olhos (nunca) vistos. Perante uma ameaça "comunista", o centrão irá forçosamente esquerdizar-se, que nem nos tempos do PREC.

Maquiavel disse...

Maneiras que é isso mesmo! O PCP e o BE devem pôr os olhos no oportunista, incoerente e maquiavélico CDS... e nunca o tentar imitar!
Devem é atentar na Aliança de Esquerda finlandesa, que mantém 2 ministérios num governo abrangente liderado pelo partido irmão do CDS... e que mesmo assim coligado faz oposição interna, e já ameaçou várias vezes os tais conservadores que se tentam avançar com a agenda neoliberal o Governo vai abaixo. E como em novas eleições os tais conservadores neoliberais ficariam apeados do poleiro, fecham a matraca. E pimba!

Augusto disse...

Francamente, acha que Portugal precisa de uma ESQUERDA oportunista?

Veja o que se passou com a ultima reunião entre o Bloco de Esquerda e o PS, é o PS que tem de mudar..

O que precisamos é de um programa simples, claro,REALIZÀVEL, sem demagogia, que tenha uma caminho alternativo a esta politica neo-liberal..

E nem numa medida que o bom senso exigiria ao PS que a apoiasse , isso se consegue, estou a referir-me á RENEGOCIAÇÃO DA DIVIDA......

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Ricardo Alves disse...

Portugal não precisa de uma esquerda oportunista. Necessita de uma esquerda pragmática. Dizer que são os outros que têm de mudar é fácil, mas irrealista porque sempre tiveram mais votos e qualquer mudança terá de passar pelo PS.

Ricardo Alves disse...

Concordo com as críticas quanto à orientação da UE, que realmente deixa margem estreita para qualquer governo de esquerda.

Miguel Carvalho disse...

Não podia concordar mais.
O PCP e o BE são a esquerda das vitórias morais. E isso de pouco nos serve.

Guilhotina disse...

Deves acreditar que vives numa democracia. Se a "esquerda" radical tomasse o poder pelos votos, não estaria mais do que vinte e quatro horas no poder. Seria certo e sabido que seriam desalojados por uma força de intervenção rápida da UE. Aliás, o próprio syriza na Grécia apercebeu-se disso, pois estava em preparação um golpe de extrema-direita. Já agora, estamos na 3º república e não na 2ª.

Ricardo Alves disse...

O Estado Novo não foi uma República. Quanto às chantagens de «golpes de Estado», ceder-lhes é fazer-lhes o jogo.

Maquiavel disse...

Caro RA, por mais que näo gostemos, o Estado Novo decorreu em República. Recordo-te que o seu texto legal era a Constituiçäo Política da República Portuguesa de 1933.
Podemos é enfatizar que o Estado Novo era uma república muito pouco republicana e ainda menos democrática, isso sim.

João Vasco disse...

Não que tenha uma opinião muito forte quanto a essa questão (se chamamos 2ª ou 3ª república ao actual regime), mas sei que existem muitos regimes ditatoriais que se chamam a si próprios "democráticos" e ninguém os reconhece como Democracias apesar do nome que dão a si próprios.

De forma análoga, o nome da Constituição que o regime escolheu não é garantia de que essa era a forma de organização do regime.

Maquiavel disse...

Caro JV, existem Monarquias e Repúblicas. Tanto pode existir uma democracia como uma ditadura em cada uma delas.

Anónimo disse...

Se a designação é ou não histórica ou constitucionalmente correcta, pois que seja uma afirmação política clara: o Estado Novo não foi uma república. Eu, pelo menos, recuso-me a chamar-lhe de república. Foi uma ditadura exertada à força num regime que havia sido republicano, e que de várias formas subverteu os princípios que o deviam reger.

Ricardo Alves disse...

O Estado Novo foi o regime em que se juntaram todos os que se tinham oposto à implantação da República, por esta ou aquela razão. Doutrinariamente, até está no pólo oposto à República de 1910-26 em muitos aspectos.

Filipe Moura disse...

Já que venci a barreira de potencial necessária para deixar comentários, acrescento (para a posteridade) que estou em total desacordo com este post.

Maquiavel disse...

Näo estás sozinho, meu caro. Ajunta-te a nós e... traz um amigo também!

Ricardo Alves disse...

Porquê, Filipe?