Ouvi grande parte da audiência de Portas na Comissão parlamentar de ontem. O resumo é que vários deputados lhe perguntaram, repetidamente, quais tinham sido as «considerações técnicas» para não autorizar a aterragem do avião de Morales; e que ele não respondeu. Ou melhor, «respondeu» com longas divagações em que aparecia intercalada a expressão «não querer importar um problema que não é nosso». Portanto, o que Portas cobardemente insinuou é que não autorizou a aterragem porque temia que Snowden estivesse a bordo. Não sabemos quem lhe deu a informação falsa (SIED? CIA? outros?). Mas concluí que mentiu conscientemente ao colocar as palavras «considerações técnicas» no seu comunicado. Ou então, sonegou informação ao Parlamento sobre gravíssimas questões técnicas.
Note-se que esta genialidade do monárquico Portas conseguiu que a bandeira da República portuguesa fosse queimada por uma multidão em La Paz. É um epitáfio adequado para a passagem pelo MNE do homem que à hora a que este artigo sair estará prestes a tornar-se no primeiro vice-primeiro-ministro desde 1985.
3 comentários :
Não seria caso para organizarmos (nós, povo) um pedido de desculpas formal à Bolívia e aos Bolivianos, enviando-o para o consulado, a demarcarmo-nos da posição dos nossos governantes?
Sim, boa ideia!
Ironicamente, o provável país de origem do problema que não é nosso, também não quis importar um problema que não é dele, deixando o problema de não importar um problema que não é nosso, um problema ainda, mas completamente nosso.
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