segunda-feira, 15 de abril de 2013

Revista de blogues (15/4/2013)

  • «Um princípio republicano que me é particularmente caro resume-se nisto: a política é um serviço, não é uma profissão. Também porque o leninismo (em circunstâncias históricas que até o admitiam) criou a figura do revolucionário profissional, e a manteve, muitos países acabaram em monarquias norte-coreanas. Entre nós mais que uma profissão transformou-se numa carreira, com jota-iniciação e passagem a sénior deputado ou autarca, com a agravante de nos partidos do arco se ir rodando pelo poder empresarial, que não busca nos políticos talentos mas mero tráfico de influências. O anedótico episódio dos presidentes de câmara que querem mudar de concelho porque lhes limitaram os mandatos chega a ser caricato. É certo que o mal vem detrás, não faz qualquer sentido o típico pára-quedismo que admite aterragens em concelhos onde nunca se viveu, aproveitando normalmente famas mediáticas. Mais um tribunal acaba de mandar Luís Filipe Menezes ganhar a vida noutro lado (que diabo, o homem até é médico, não fica desempregado), e a falta de clarificação da AR promete enriquecer o luso-anedotário; dificilmente o assunto será resolvido a tempo de, na altura da legalização das candidaturas e no curto prazo em que cada juiz as valida, haver jurisprudência nacional. A insistência do PSD neste caso já brada aos céus. Como Passos Coelho se vai afirmando um reputado especialista em bodes expiatórios e calimerismos puros e duros, e não vendo nenhum ex-autarca do PSD no desemprego ou na emigração, começo a desconfiar que a insistência em seabras, menezes a até ribaus, tem um fito: chegar à noite das eleições e choramingar que a pesada e inevitável derrota eleitoral que se avizinha é culpa dos tribunais. Então se chegar ao Constitucional, vai ser um festival de lágrimas. (...)» (João José Cardoso)

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