O ministro das finanças alemão, dizia há pouco que "quem investir o seu dinheiro em países onde paga menos impostos, ou
talvez onde seja também menos controlado, assume o risco quando os
bancos desse país deixam de ser solventes".
A ideia é simples: em cada acordo, há sempre duas partes. Sendo que ambas estavam cientes do risco à partida, ambas devem contribuir quando esse risco se concretiza. Parece-me uma ideia sensata, tomando em conta as devidas e sensatas proporções. Como alguém dizia, um grande investidor numa conta cipriota tem mais noção do risco que um pensionista cipriota, por exemplo.
Estranho é esta ideia só agora aparecer. No primeiro pacote de "ajuda" à Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e na Itália, as condições impostas faziam recair a responsabilidade exclusivamente sobre os bancos (e por consequência sobre o Estado onde eles se localizam) ou sobre quem emitiu dívida, os Estados soberanos. Apenas no segundo pacote grego, e já depois de um longo período de troca de mãos da dívida grega, é que foi também imposta uma perda aos investidores.
Porque é que Berlim impõe agora este princípio, se o poderia ter sugerido antes? Terá algo a ver com a nacionalidade dos investidores* nos diferentes casos? E porque não se discute esta viragem radical na política europeia sobre a repartição dos encargos?
*No caso grego e espanhol, era sabido que grande parte da dívida privada e soberana era detido por investidores alemães.
*No caso grego e espanhol, era sabido que grande parte da dívida privada e soberana era detido por investidores alemães.
2 comentários :
Penso que o Miguel tenha dado as respostas às suas perguntas.
O Chipre é apenas uma guerra geopolítica entre a Europa e a Rússia e países do médio oriente. E isso é tão claro como a água!
Acabei de colocar uma nota no post, porque a minha insinuação tinha ficado demasiado implícita.
No casos da dívida soberana grega, e dos investimentos em bancos espanhóis, uma grande parte desse dinheiro era de "investidores" alemães. Nessa altura, passou-se toda a responsabilidade para o lado do devedor.
Agora, por magia, já se defende a repartição das obrigações entre o devedor e o credor.
A assimetria é óbvia.
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