domingo, 11 de janeiro de 2009

«Aos que por obras humanas se vão dos deuses libertando»

  • «Se a ideia mais comum entre os crentes é que para se ser ateu é preciso ter um trauma pessoal contra os deuses e/ou os seus seguidores, ele, apesar de despedir a teoria ("É compreensível que a fé queira encontrar uma motivação também irracional para a descrença"), presta-se bem ao estereótipo. Afinal de contas, foi um padre - o "Morgadinho" - que, aos 19 anos, o denun- ciou à PIDE. (...) Nascido há 66 anos, filho mais velho de quatro numa família da pequena burguesia, com uma mãe professora primária e um pai funcionário do fisco, fez a catequese ("A minha mãe podia ter problemas no emprego se não fizesse") e até aos 10/12 anos nem lhe passava pela cabeça duvidar da existência de um deus único e virulento, que o fazia chegar a casa a chorar "com medo do fim do mundo" e "cheio de ódio aos judeus, maçons, comunistas e ateus. Eram assim as doces catequistas: a fanatização terrorista senti-a entre os 8 e 10 anos". Aos 14, porém, "estava curado". A dada altura disse ao padre que "se o deus era presciente e sabia o que eu ia fazer, não fazia sentido eu ser responsabilizado. O padre respondeu dizendo: 'Tens a mão de Satanás na garganta, não te posso dar a absolvição.' Disse-lhe que já não sentia a mão e ele absolveu-me. Percebi que aquilo era uma treta." Do arranjo do mundo com divindade à espreita diz não ter tido jamais nostalgia. Pelo contrário: "Senti uma enorme libertação." Acabaria por, em 1971, regressado de quatro anos e quatro dias anos de tropa (em Moçambique) e integrado na cooperativa Devir - onde se cruzou com Sottomayor Cardia, Carlos Carvalhas, e o amigo de liceu António Fonseca Ferreira -, abandonar o ensino. "Fi-lo com mágoa, mas ganhava muito mal." Vai para Coimbra (onde vive ainda, já reformado) trabalhar para a Sandoz. Até 1976, mantém a ligação à CDE. "No 25 de Abril abalei para Lisboa mal soube, para me oferecer para o que fosse preciso. E dois anos depois larguei a política. Achei que o principal já havia: democracia. Mas não abandonei a actividade cívica." Fez parte de várias associações, "sempre de carácter humanitário", até que de um blogue, o Diário Ateísta (participa também no Sorumbático e no Ponte Europa ), nasce a Associação. "O cardeal-patriarca disse, a nosso propósito, que os ateus estavam a copiar as igrejas, pela reunião comunitária. Enfim..." Os inimigos tocam-se? "As pessoas acham que os ateus negam deus, mas enganam-se: aos ausentes não é preciso negar. Aliás, costumamos dizer que nós só somos um pouco mais ateus que os bispos católicos: eles negam todos os deuses excepto um; nós negamos também esse." Ri. "A sério: Achamos que é necessário retirar o ateísmo do armário. Fizemo-lo na convicção de que podemos ter uma acção pedagógica, através de algum eco nos media. E é preciso reconhecer que Portugal tem caminhado no sentido da laicidade, tem havido grandes avanços."» (Diário de Notícias)

2 comentários :

Zeca Portuga disse...

Quem é a besta de que fala?

Esqueceu-se do nome do dito, a assim tem menos piada. É certo que, mesmo com nome ninguém o conhecerá. Além de se perceber que se trata de um analfabeto quase sem formação social, de um revoltado com problemas de identificação pessoal, salta-me à vista uma afirmação que traduz a baixíssima formação da besta, a sua inqualificável falta de conhecimentos, mas, sobretudo, a caquéctica e muito nublada pretensão de discutir assuntos que não domina: “eles negam todos os deuses excepto um; nós negamos também esse.”

Ora, nem sabe a besta que o Deus dos católicos, dos judeus, dos muçulmanos, etc.… é o mesmo Deus.

È admirável este ar intelectual dos analfabetos inveterados, quando se prontificam a discutir assuntos que não dominam. É ainda mais notável ver que, pela sua “brilhante biografia”, estagnou na idade da “delinquência juvenil” – não cresceu, não amadureceu, não tomou um caminho: pura e simplesmente estagnou e continuou com as ideias de jovem revoltado, atrevido, insolente, na-idade-do-sabe-tudo; quando o estupidez juvenil faz que achemos que somos os mais evoluídos, experimentados e actualizados, entre toda a humanidade.

Acho interessante o facto dos ateus, uma meia dúzia de gatos pingados, acharem que o resto da população é que está errada, e eles certos – é mais o menos o mesmo que conduzir numa auto-estrada em contra mão e achar que os outros condutores todos é que estão em sentido contrário!!!!

Ricardo Alves disse...

«Zeca Portuga»,
1) recorrer ao insulto demonstra falta de argumentos;
2) insultar sob anonimato revela cobardia e falta de carácter.