terça-feira, 29 de abril de 2008

Da escola como intervalo publicitário

  • «Quase uma em cada cinco escolas do ensino básico conta já com o programa de ensino de publicidade, o Media Smart, dois meses depois de o módulo ter sido introduzido, anunciou hoje a associação de anunciantes. Segundo a entidade, o primeiro módulo do Media Smart está a ser ensinado em 1101 escolas públicas e 67 privadas, sendo que, no total, existem em Portugal cerca de 6500 escolas dos primeiros e segundo ciclo. (...) O programa Media Smart destina-se a desenvolver as competências das crianças para interpretar mensagens publicitárias, sendo constituído por três módulos que abordam diferentes vertentes da publicidade - introdução à publicidade, publicidade dirigida a crianças e publicidade não comercial. O programa arrancou oficialmente no dia 21 de Fevereiro, numa iniciativa da APAN e do Ministério da Educação, e visa dotar os alunos do 1.º e 2.º Ciclos de ferramentas que lhes permitam compreender e interpretar a publicidade, com o objectivo de "fazer escolhas mais conscientes".» (Público)
Se não parecer mal, gostaria de pedir à Sra. Ministra da Educação que encontre tempo, por exemplo no intervalo entre dois programas publicitários, para se ensinar, sei lá, Matemática ou Português. Sem desmerecer do papel importantíssimo que tem a «matéria» publicidade para o desenvolvimento das capacidades cognitivas das criancinhas, claro, e do seu futuro enquanto cientistas, técnicos, advogados ou médicos.
E não posso também deixar passar esta ocasião sem assinalar o espírito desinteressado, quiçá mesmo altruísta, com que empresas como a Danone, a Nestlé, a Kellog´s, a McDonald´s, a Porto Editora e os Hipermercados Modelo Continente patrocinam esta iniciativa. Tenho a certeza de que não esperam receber nada em troca.

4 comentários :

Filipe Castro disse...

A parte melhor do capitalismo selvagem é aliás o altruísmo.

Filipe Castro disse...

Acho isto uma coisa inacreditável: o admirável mundo novo!

O Sócrates tem todo o direito de nos vender às multinacionais para amealhar algum para a velhice, dele e dos seus; mas chamar-se a si próprio e à massa informe que constitui o partido dele "socialista" é um crime de hipocrisia hediondo, uma canalhice ignóbil, das que ficam na História.

Haverá maneira de começarmos uma petição para obrigar os energúmenos do P"S" a mudarem o nome do partido?

Ricardo Alves disse...

Há pessoas no PS que são socialistas. Os alegristas, por exemplo. Mas estão em minoria.

João Vasco disse...

Tudo isto mete nojo.
Como é possível?
Como é possível que mal se fale sobre este assunto? Isto é tão evidentemente escandaloso!

Seria asqueroso mesmo que não roubasse tempo às restantes disciplinas e prejudicasse a formação de base dos alunos, já por si cheia de deficiências.