O argumento dos segundos é o seguinte: numa sociedade tendencialmente liberal, o papel do estado deverá ser cada vez menor, pelo que terá cada vez menor necessidade de sustento, e assim, a violação das liberdade individuais que contitui a cobrança de impostos coerciva terá um impacto cada vez menor. Mais liberalismo implica menos "ataques" à propriedade privada, e consequentemente maior protecção da mesma.
O argumento dos mais liberais de esquerda é o seguinte: é o estado que actualmente protege a propriedade privada, e fá-lo coagindo os indivíduos a não furtar. Se o estado vai limitar menos as liberdades individuais, a propriedade privada será menos protegida.
Acho que nenhum dos lados tem razão nesta discussão. Acho que ambos os lados são "verdadeiros" liberais se, fora destas questões da propriedade, defenderem realmente valores individualistas.
Deveria ser possível a pena de morte? É correcto impedir o consumo de drogas pesadas? E leves? A prostituição deve ser proibida? É legítimo controlar a entrada de emigrantes? A eutanásia deve ser proibida?
Se respondeu "sim" a estas perguntas todas, não invente desculpas: o leitor não é um liberal. Se tem pena, porque gosta da palavra "liberal, pois fá-lo sentir-se um pouco rebelde, mas não gosta nada da bandalheira em que a "ditadura da liberdade" resulta, auto-intitule-se "liberal à la Pedro Arroja" para causar menos confusão.
13 comentários :
«Se tem pena, porque gosta da palavra "liberal, pois fá-lo sentir-se um pouco rebelde, mas não gosta nada da bandalheira em que a "ditadura da liberdade" resulta, auto-intitule-se "liberal à la Pedro Arroja" para causar menos confusão.»
lol Muito bem apanhado João :) e nesse saco o Pedro Arroja está acompanhado por uma legião de "liberais".
«Liberal ortodoxo» também serve. Ou, ainda mais descritivo: «liberal-salazarista».
Não digas isso muito alto Ricardo olha que os meninos e meninas "liberais" (ortodoxos/salazaristas/arrojas) ficam amuados lol
É correcto impedir o consumo de drogas pesadas? E leves? A prostituição deve ser proibida?
sim, nao, nao
todos os liberais defenderam a sociedade regrada. somos seres sociais e consequentemente morais. o estado é um mal necessario que confisca e aplica as regras gerais de conduta da comunidade.
de nada vale invocar a opiniao de hobbes, homo homini lupus. fico-me por isaiah berlin: "a liberdade para os lobos significou, muitas vezes, a morte para os carneiros"
"É legítimo controlar a entrada de emigrantes?"
está a falar de imigrantes?
vasco, nao vivemos num universo kantiano, nao existe uma cidadania mundial, nao há um sentimento de casa comum, nao partilhamos a mesma religiao, nem há sequer um acordo de principios ou uma moral universal, muito menos concordamos quanto ao enquadramento pré-politico e nem vale a pena falar em regime politico
os liberais nao sao lunaticos
e se o vasco acredita que se deve abolir hoje e já daqui a cinco minutos as fronteiras nao é porque é liberal, é algo para qual nao tenho nome
quando as regras mudarem nao é sinal que a minha geração chegou ao poder, foi a sociedade que mudou
Uma chamada de atenção: Pedro Arroja nao é liberal, é, e nunca o escondeu, um autoritario
Curioso que ele e os seus seguidores se vejam enquanto tal...
reconheço que nao cabe a mim estipular quem é e quem nao é liberal. existe dezenas, centenas, talvez milhares de liberalismos, a loja liberal está fartamente abastecida. recuando um passo, posso apenas concluir que o meu "liberalismo" nao é o "liberalismo" de arroja
David Lourenço Mestre:
Atenção, eu não disse que tem de serponder NÃO a todas as perguntas para ser um liberal. Mas se responder SIM a todas, duvido que o seja...
Posto isto, nem sequer estou a dizer que "ser liberal" é "bom", e muito menos que responderia "não" a todas as perguntas do exemplo.
Apenas estava a dar conta de uma realidade: o liberalismo não é de esquerda nem de direita, nem de centro.
E o Pedro Arroja, por anedótico que pareça, afirma-se como sendo "liberal". Eu sei que é ridículo, mas é verdade.
Bom, então estamos todos de acordo. Maçada.
David:
Vejo uma diferença entre as palavras de Berlin e as de Hobbes, mas não uma contradição. Enquanto Berlin diz que a liberdade dos lobos significa muitas vezes a morte para os carneiros, Hobbes tenderia mais a dizer que ela significa necessariamente a morte para os carneiros. Gosto mais do Hobbes, não usa tantos rodeios.
E que tal se definíssemos um princípio que servisse de resposta para todas essas perguntas: sugiro o seguinte. «Não há crime sem vítima».
josé luis sarmento:
Algumas pessoas alegam que a vítima é o próprio, e por consequecia os seus amigos e familiares.
Quanto mais individualista for o indivíduo, mais desvalorizará tais alegações. E mais facilmente considera que não há crime no que respeita ao consumo de drogas, eutanásia, etc...
Um liberal tem de defender os valores individulistas, pelo menos até certo ponto. Se não, não é liberal...
Sarmento, nao sou adepto da teoria da maldade latente no ser humano e da opçao autoritaria de hobbes. Sou apenas um ceptico quanto à natureza da especie
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