###Também, se bem que oficialmente não se admita, os alawitas ocupam posições de poder no governo, no exército, etc, desproporcionais com relação à sua demografia relativa: pouco mais que 10% da população síria. Os alawitas sírios possuem um largo historial de conflicto com a maioria sunita do país. Ajudaram os franceses no mandato destes útlimos a reprimir a insurgência sunita no país. E já com Assad no poder a revolta islâmica contra a ditadura elegeu os alawitas como um dos alvos preferenciais. Por outra parte é verdade que os Assad demonstraram grande sabedoria ao longo dos tempos recentes na gestão do problema, nunca fazendo alarde da sua identidade religiosa específica e incorporando vários sunitas em posições de poder neste país, onde são a grande maioria, claramente em oposição a política por exemplo seguida por Saddam no Iraque, de repressão e humilhação sistemática da maioria xiita. Essa sabedoria é a grande responsável pelo facto de que a eternamente esperada (por israelitas e americanos, mas não só) guerra civil síria até agora não tenha chegado. De qualquer forma a afiliação dos Assad aos xiitas por via alawita não pode ser desprezada assim tão levianamente quando queremos compreender a relação íntima entre os governos sírio e iraniano, e também a cooperação total que ambos partilham com o Hezbolah libanês, também xiita.
Estes factos muito importantes para entender tanta coisa sobre o Médio Oriente não aparecem na foto-viagem do Daniel (que tem por outro lado muitas coisas, entre fotos e descrições de lugares, que a mim me gostaria conhecer de perto já que do mundo islâmico ainda não fui, para muita pena minha, mais além de Marrocos, Tunisia e Turquia, e tal como no seu caso, imagino, eu também sinto muito maior interesse pelos países árabes que por conhecer mais Europa) mas podem ser encontrados, quase tal qual como as apresento admito, no muito interessante livro de Robert Fisk: The Great War for Civilisation: The Conquest of the Middle East. Imaginando provavelmente ser mais sensível que o Daniel Oliveira à algumas, apesar de tudo poucas, parcialidades do jornalista de guerra inglês, sei que ele também aconselhou a leitura do livro no programa de televisão em que participa, e entendo que no entanto não o tenha lido inteiro, ou então que não se recorde de tudo. Ninguém o poderia já que falamos de um verdadeiro "calhamaço" de mais de mil páginas. Um conselho portanto, se ainda não o fizeram e quiserem, comprem, mas deixem para ler depois de Agosto e depois das praias...
5 comentários :
Para isso Cuba.
Esta tua mania de embirrar com a intelectualidade bem pensante tem que acabar.
E tu não estás com meias medidas, esfregas-lhe logo com um calhamaço de mil páginas na cara.
Luís, o post não é uma crítica ao Daniel se bem que se possa ficar esta impressão, e neste caso deverá ser visto como um defeito do post. Escrevi o post precisamente porque acho que é uma informação que falta à maioria das análises que se fazem da situação na zona. O erro do Daniel é então perdoável precisamente porque é frequente, e porque é frequente decidi que se justificava que aquilo que inicialmente foi só um comentário ao seu post se tornasse um post do ER.
Bom post, apesar do à sem h. É claro que se trata de uma crítica ao Daniel Oliveira. E logo a mais dura e certeira. Relembra-nos a profunda ignorância da personagem acerca de quase tudo aquilo sobre que escreve e fala. Melhor ler uns bons livros do que andar de um lado para o outro a encher a cabeça com mais vento ainda.
O comentário do Fernando Martins também não é necessariamente uma pera doce. E logo vindo de quem vem.
Aquilo que há a fazer em Portugal é um trabalho sério para cultivar se não o conhecimento pelo menos o sentido crítico dos cidadãos, tanto mais que isso na escola (e logo no domínio da História) nem sempre é feito.
Suspeito que quanto maior for o nível de exigência menores serão as audiências. E na política todos sabemos bem para que se querem as audiências ...
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