Há pelo menos três opções que a equipa de António Costa tomou à frente da Câmara Municipal de Lisboa que merecem da minha parte algumas críticas. Não sou necessariamente contra estas opções (pelo menos as duas primeiras), mas acho que podem ser melhoradas.
A primeira é a recolha de lixo. A recolha porta a porta de lixo reciclável, com um contentor de cada tipo em cada prédio, pode ser muito mais eficiente (admito que se recolha mais lixo assim). Pode parecer muito mais confortável... para os moradores. Para os produtores de lixo doméstico. Mas nem todo o lixo é doméstico. Se eu, lisboeta, levar comigo um jornal que queira deitar fora depois de ler ou um pacote de sumo que queira deitar fora depois de beber, terei que os conservar comigo até chegar a casa, pois os espaços para recolher estes lixos recicláveis na rua praticamente não existem mais (só os de vidros). Admito que o seu número pudesse ser diminuído, mas eliminá-los completamente não me parece uma boa ideia.
A segunda é as restrições à circulação automóvel de veículos antigos. Não ponho em causa as restrições que devem ser feitas na circulação automóvel, neste caso por causa da poluição (há inclusivé outros motivos para estas restrições). Mas, do modo como estão feitas, penalizam quem opta por não andar sempre a trocar de carro, por motivos económicos (sim!) e não só. Se um carro não está obsoleto, não deve ir para a sucata: trocar frequentemente de carro tem enormes custos económicos e ambientais para a sociedade. Mas estas restrições, da forma que são feitas, é isso que estimulam. Seria muito mais eficaz ecologicamente e socialmente muito mais justo se as restrições fossem no número de passageiros. Um carro antigo com três passageiros polui muito menos que três, ou mesmo dois, novos, só com um passageiro. Em lugar de restringir a idade dos veículos, proponho que se passe a impor um número mínimo de ocupantes, que podem ser dois ou, nalguns pontos, mesmo três passageiros. Qualquer que seja a idade do veículo.
A terceira é delicada e fraturante. A calçada portuguesa faz parte do património histórico de Lisboa. Aceito que possa ser perigosamente escorregadia em zonas mais inclinadas da cidade. Mas é a própria Câmara Municipal de Lisboa, a propósito da (justa) promoção do uso da bicicleta, que tem afirmado (e é verdade) que na maior parte da cidade de Lisboa, fora do centro histórico, o relevo não é muito inclinado. Logo, a calçada portuguesa deveria ser a regra do pavimento em Lisboa. Ouvindo argumentos camarários a justificarem a sua remoção, parece que a calçada portuguesa deveria ser a exceção! A isto acresce que a calçada, nos pontos onde deva ser removida, deve ser substituída por uma sua imitação que não destoe, de forma a que continue a ser identificada como o pavimento de Lisboa. Algo como mosaicos de maiores dimensões, que podem ser vistos por exemplo em pavimentos no Porto e em Braga. Parece que é intenção da Junta de Campolide substituir a calçada portuguesa por um piso liso, tendo para isso organizado um arremedo de um referendo! Espero que essa intenção não vá avante e que se encontre uma solução que não ponha em causa a segurança das pessoas nas ruas mais inclinadas nem a estética do pavimento.
Aproveito a este respeito para mencionar o trabalho meritório de rebaixamento dos passeios junto aos cruzamentos que tem sido feito por este executivo, corrigindo um mal de décadas na cidade que tornava muito difícil atravessar as ruas a pessoas com dificuldades de locomoção e a portadores de grandes volumes. Esta situação ainda não está corrigida em todas as ruas, mas já o foi nas principais artérias. É um exemplo de um trabalho discreto, que não vem nos jornais mas que melhora a vida de muita gente. Como muitas outras medidas deste executivo, que não são recordadas nem se discutem mas melhoraram muito a cidade: o melhor exemplo é talvez a retirada dos esgotos do Tejo. Globalmente o meu balanço destes mandatos é muito positivo - o balanço mais positivo de todos os presidentes de Câmara de Lisboa de que me recordo. Espero que o sucessor continue o bom trabalho e (re)considere os pontos que referi.
A primeira é a recolha de lixo. A recolha porta a porta de lixo reciclável, com um contentor de cada tipo em cada prédio, pode ser muito mais eficiente (admito que se recolha mais lixo assim). Pode parecer muito mais confortável... para os moradores. Para os produtores de lixo doméstico. Mas nem todo o lixo é doméstico. Se eu, lisboeta, levar comigo um jornal que queira deitar fora depois de ler ou um pacote de sumo que queira deitar fora depois de beber, terei que os conservar comigo até chegar a casa, pois os espaços para recolher estes lixos recicláveis na rua praticamente não existem mais (só os de vidros). Admito que o seu número pudesse ser diminuído, mas eliminá-los completamente não me parece uma boa ideia.
A segunda é as restrições à circulação automóvel de veículos antigos. Não ponho em causa as restrições que devem ser feitas na circulação automóvel, neste caso por causa da poluição (há inclusivé outros motivos para estas restrições). Mas, do modo como estão feitas, penalizam quem opta por não andar sempre a trocar de carro, por motivos económicos (sim!) e não só. Se um carro não está obsoleto, não deve ir para a sucata: trocar frequentemente de carro tem enormes custos económicos e ambientais para a sociedade. Mas estas restrições, da forma que são feitas, é isso que estimulam. Seria muito mais eficaz ecologicamente e socialmente muito mais justo se as restrições fossem no número de passageiros. Um carro antigo com três passageiros polui muito menos que três, ou mesmo dois, novos, só com um passageiro. Em lugar de restringir a idade dos veículos, proponho que se passe a impor um número mínimo de ocupantes, que podem ser dois ou, nalguns pontos, mesmo três passageiros. Qualquer que seja a idade do veículo.
A terceira é delicada e fraturante. A calçada portuguesa faz parte do património histórico de Lisboa. Aceito que possa ser perigosamente escorregadia em zonas mais inclinadas da cidade. Mas é a própria Câmara Municipal de Lisboa, a propósito da (justa) promoção do uso da bicicleta, que tem afirmado (e é verdade) que na maior parte da cidade de Lisboa, fora do centro histórico, o relevo não é muito inclinado. Logo, a calçada portuguesa deveria ser a regra do pavimento em Lisboa. Ouvindo argumentos camarários a justificarem a sua remoção, parece que a calçada portuguesa deveria ser a exceção! A isto acresce que a calçada, nos pontos onde deva ser removida, deve ser substituída por uma sua imitação que não destoe, de forma a que continue a ser identificada como o pavimento de Lisboa. Algo como mosaicos de maiores dimensões, que podem ser vistos por exemplo em pavimentos no Porto e em Braga. Parece que é intenção da Junta de Campolide substituir a calçada portuguesa por um piso liso, tendo para isso organizado um arremedo de um referendo! Espero que essa intenção não vá avante e que se encontre uma solução que não ponha em causa a segurança das pessoas nas ruas mais inclinadas nem a estética do pavimento.
Aproveito a este respeito para mencionar o trabalho meritório de rebaixamento dos passeios junto aos cruzamentos que tem sido feito por este executivo, corrigindo um mal de décadas na cidade que tornava muito difícil atravessar as ruas a pessoas com dificuldades de locomoção e a portadores de grandes volumes. Esta situação ainda não está corrigida em todas as ruas, mas já o foi nas principais artérias. É um exemplo de um trabalho discreto, que não vem nos jornais mas que melhora a vida de muita gente. Como muitas outras medidas deste executivo, que não são recordadas nem se discutem mas melhoraram muito a cidade: o melhor exemplo é talvez a retirada dos esgotos do Tejo. Globalmente o meu balanço destes mandatos é muito positivo - o balanço mais positivo de todos os presidentes de Câmara de Lisboa de que me recordo. Espero que o sucessor continue o bom trabalho e (re)considere os pontos que referi.
1 comentário :
(1) Parece-me que tem razão.
(2) Discordo. Alguém vai ter que ser penalizado, alguém vai ter que deixar de andar de carro. A opção pelos carros antigos é a que menos perturba os cidadãos em geral. Obrigar as pessoas a andar com dois penduras no carro só para satisfazer a fiscalização seria pior.
(3) Discordo totalmente. Como peão que sou e já com alguma idade, e já com ampla experiência de quedas, não tenho qualquer dúvida de que é absolutamente imprescindível eliminar totalmente a maldita calçada. Já caí em pedras escorregadis mais do que uma vez - e geralmente, acrescento, em sítios planos. A pedra é boa para tudo menos para se andar sobre ela.
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