Já que se fala no Vítor Cunha, e a propósito de um post que colocou recentemente, não resisto a fazer uma observação a respeito do blogue onde escreve - o Blasfémias - que vou acompanhando regularmente.
Vítor Cunha mostra parte de um livro de José Jorge Letria. Desconheço o livro, mas eis a mensagem apresentada (texto original em verso, sublinhados de Vítor Cunha):
«Gostava de ser polícia por achar que autoridade é uma coisa importante mas só quando garante a nossa liberdade.
O polícia que abusa do poder que outros lhe dão não o tenho em boa conta, é só de fazer de conta, não é melhor que o ladrão.
Se um dia eu me fardar, há de ser para respeitar de cada um os direitos, os princípios e os preceitos em que importa acreditar, senão juro que ser polícia nem mesmo só para brincar»
Mensagem: a polícia deve obedecer à lei, não deve abusar dos seus poderes, deve proteger a liberdade.
Isto é quase um destilado dos valores liberais.
Não se dá por isso, porque são valores liberais que já foram aceites pela sociedade em geral: do CDS-PP ao PCP, não vejo nenhum político com responsabilidades que publicamente os conteste. Mas são valores liberais, ainda assim: a defesa da liberdade, a indignação com o abuso de poder por parte do estado ou seus representantes, o primado da lei. Se há coisa que diferentes liberais - com perspectivas tão diversas sobre tudo e mais um par de botas - podem concordar, é nisto.
Na verdade, quando estamos a falar de princípios liberais tão aceites que nem o conservador Paulo Portas nem o comunista Jerónimo de Sousa poderiam publicamente colocar em causa, quem os ataca terá uma posição anti-liberal algo extremista.
Já no Blasfémias, um blogue supostamente liberal, se este texto é citado, é para o aplaudir certamente. Não digo isto porque a infantilidade do texto para miúdos de 6 anos se assemelhe ao nível de alguns posts lá colocados, e concedo que a mensagem, sendo tão consensual, não pode ser considerada corajosa ou arrojada. Mas trata-se, ainda assim, da defesa de valores liberais - um blogue liberal não terá grandes problemas com isso.
Mas este tem.
Vitor Cunha colocou a etiqueta "esquerda trauliteira" no post, pelos vistos escandalizado com os valores ali advogados (que a polícia respeite a lei, que não abuse do seu poder, que preserve a liberdade).
Se mais provas fossem necessárias de que o Blasfémias não é um blogue liberal, aqui estaria esta, em todo o seu esplendor. Alguém ensine este autor o que é o liberalismo, para ele fazer como a Helena Matos e disfarçar com um pouco mais de subtileza a sua aversão profunda aos valores liberais.
Vítor Cunha mostra parte de um livro de José Jorge Letria. Desconheço o livro, mas eis a mensagem apresentada (texto original em verso, sublinhados de Vítor Cunha):
«Gostava de ser polícia por achar que autoridade é uma coisa importante mas só quando garante a nossa liberdade.
O polícia que abusa do poder que outros lhe dão não o tenho em boa conta, é só de fazer de conta, não é melhor que o ladrão.
Se um dia eu me fardar, há de ser para respeitar de cada um os direitos, os princípios e os preceitos em que importa acreditar, senão juro que ser polícia nem mesmo só para brincar»
Mensagem: a polícia deve obedecer à lei, não deve abusar dos seus poderes, deve proteger a liberdade.
Isto é quase um destilado dos valores liberais.
Não se dá por isso, porque são valores liberais que já foram aceites pela sociedade em geral: do CDS-PP ao PCP, não vejo nenhum político com responsabilidades que publicamente os conteste. Mas são valores liberais, ainda assim: a defesa da liberdade, a indignação com o abuso de poder por parte do estado ou seus representantes, o primado da lei. Se há coisa que diferentes liberais - com perspectivas tão diversas sobre tudo e mais um par de botas - podem concordar, é nisto.
Na verdade, quando estamos a falar de princípios liberais tão aceites que nem o conservador Paulo Portas nem o comunista Jerónimo de Sousa poderiam publicamente colocar em causa, quem os ataca terá uma posição anti-liberal algo extremista.
Já no Blasfémias, um blogue supostamente liberal, se este texto é citado, é para o aplaudir certamente. Não digo isto porque a infantilidade do texto para miúdos de 6 anos se assemelhe ao nível de alguns posts lá colocados, e concedo que a mensagem, sendo tão consensual, não pode ser considerada corajosa ou arrojada. Mas trata-se, ainda assim, da defesa de valores liberais - um blogue liberal não terá grandes problemas com isso.
Mas este tem.
Vitor Cunha colocou a etiqueta "esquerda trauliteira" no post, pelos vistos escandalizado com os valores ali advogados (que a polícia respeite a lei, que não abuse do seu poder, que preserve a liberdade).
Se mais provas fossem necessárias de que o Blasfémias não é um blogue liberal, aqui estaria esta, em todo o seu esplendor. Alguém ensine este autor o que é o liberalismo, para ele fazer como a Helena Matos e disfarçar com um pouco mais de subtileza a sua aversão profunda aos valores liberais.
3 comentários :
Os blasfemos arrombaram o baú do liberalismo e tiraram o que lhes conveio. Uma espécie de Locke picking...
Você está a começar a ficar obcecado pelo assunto, eheh. Eu costumo lá comentar, mas já o fiz mais. Agora venho aqui e outros lados. ;)
Eu e o Filipe Moura somos autores diferentes. Escrevemos sobre este assunto quase ao mesmo tempo, mas foi coincidência. Eu só escrevi este texto.
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