Belmiro de Azevedo fez declarações falsas.
Assumindo que foram feitas de boa fé, Belmiro falou sobre o que não sabe, mostrando ignorância a respeito da realidade económica. Uma cerimónia de entrega dos diplomas dos finalistas do MBA Executivo da Porto Business School, parece-me um sítio desadequado para exibir tal ignorância.
As declarações que fez, repetidas pela imprensa sem as contrastar com a realidade dos factos, correm o risco de levar as pessoas a equívocos, e merecem portanto ser desmentidas.
Belmiro de Azevedo disse:
«Os salários só podem aumentar - e oxalá que isso aconteça – quando, de facto, um trabalhador português fizer uma coisa igual, parecida, com um trabalhador alemão ou inglês, seja o que for", afirmou Belmiro de Azevedo, esta quinta-feira, à margem da cerimónia de entrega dos diplomas dos finalistas do MBA Executivo da Porto Business School.»
Acrescentou que «os alemães, por hora, fazem três ou quatro vezes mais do que os portugueses».
No Vias de Facto, o Miguel Madeira esclarece:
«A expressão coloquial "fazer mais" é ambigua, podendo ter vários significados - ficar mais horas a trabalhar, produzir mais por hora, produzir mais no total...
Indo às estatísticas da OCDE temos:
Se formos pelo sentido "trabalhar mais", é exactamente ao contrário - os portugueses, em média, trabalham mais horas que os alemães; se formos pelo sentido de produzir mais por hora, efectivamente um trabalhador alemão produz mais (quase o dobro) do que um português, mas está muito abaixo de produzir "três ou quatro vezes mais"; se formos pela produção total (é só multiplicar a produtividade por hora pelo número de horas), um alemão produz 40% mais que um português.»
No Rua da Constituição, tendo como base os dados da OCDE, o Hugo Abreu diz mais:
«Em média, os Alemães produziam por hora 1,7 vezes mais e ganhavam por hora 2,2 vezes mais do que os Portugueses. Destes dados resulta que, para estarem, proporcionalmente, ao nível salarial dos Alemães, os Portugueses deveriam ganhar, em média, mais 29%, sem precisarem de aumentar a sua produtividade.»
Os dados denunciam com clareza o equívoco profundo (na melhor das hipóteses) de Belmiro de Azevedo.
De qualquer das formas, vale a pena lembrar, como faz o Nicolau Santos, que o termo "produtividade" tem um sentido técnico diferente daquele que muitas pessoas acreditam que tem.
Note-se que o erro de Belmiro é independente desta questão.
Assumindo que foram feitas de boa fé, Belmiro falou sobre o que não sabe, mostrando ignorância a respeito da realidade económica. Uma cerimónia de entrega dos diplomas dos finalistas do MBA Executivo da Porto Business School, parece-me um sítio desadequado para exibir tal ignorância.
As declarações que fez, repetidas pela imprensa sem as contrastar com a realidade dos factos, correm o risco de levar as pessoas a equívocos, e merecem portanto ser desmentidas.
Belmiro de Azevedo disse:
«Os salários só podem aumentar - e oxalá que isso aconteça – quando, de facto, um trabalhador português fizer uma coisa igual, parecida, com um trabalhador alemão ou inglês, seja o que for", afirmou Belmiro de Azevedo, esta quinta-feira, à margem da cerimónia de entrega dos diplomas dos finalistas do MBA Executivo da Porto Business School.»
Acrescentou que «os alemães, por hora, fazem três ou quatro vezes mais do que os portugueses».
No Vias de Facto, o Miguel Madeira esclarece:
«A expressão coloquial "fazer mais" é ambigua, podendo ter vários significados - ficar mais horas a trabalhar, produzir mais por hora, produzir mais no total...
Indo às estatísticas da OCDE temos:
Time | 2012 | |
Variable | Average hours worked per person | GDP per hour worked as % of USA (USA=100) |
Country | ||
Germany | 1 393 | 90,9 |
Portugal | 1 691 | 53 |
Se formos pelo sentido "trabalhar mais", é exactamente ao contrário - os portugueses, em média, trabalham mais horas que os alemães; se formos pelo sentido de produzir mais por hora, efectivamente um trabalhador alemão produz mais (quase o dobro) do que um português, mas está muito abaixo de produzir "três ou quatro vezes mais"; se formos pela produção total (é só multiplicar a produtividade por hora pelo número de horas), um alemão produz 40% mais que um português.»
No Rua da Constituição, tendo como base os dados da OCDE, o Hugo Abreu diz mais:
«Em média, os Alemães produziam por hora 1,7 vezes mais e ganhavam por hora 2,2 vezes mais do que os Portugueses. Destes dados resulta que, para estarem, proporcionalmente, ao nível salarial dos Alemães, os Portugueses deveriam ganhar, em média, mais 29%, sem precisarem de aumentar a sua produtividade.»
Os dados denunciam com clareza o equívoco profundo (na melhor das hipóteses) de Belmiro de Azevedo.
De qualquer das formas, vale a pena lembrar, como faz o Nicolau Santos, que o termo "produtividade" tem um sentido técnico diferente daquele que muitas pessoas acreditam que tem.
Note-se que o erro de Belmiro é independente desta questão.
1 comentário :
Eheh, para calcular a tal Produtividade, chegam a dividir o PIB pelo numero de trabalhadores (e horário oficial de trabalho)
Peguemos na Grécia, cujo PIB diminuiu 25%.
Apesar de os gregos manifestamente trabalharem mais e mais horas, se formos dividir o PIB pelo numero de trabalhadores gregos, eles têm menos "produtividade".
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