Há uma tendência para achar que os cortes na investigação científica têm afetado sobretudo as ciências sociais e humanas. É possível que os cortes tenham afetado um pouco mais as ciências sociais e humanas - nas bolsas, recorreu-se a estratagemas como desdobrar áreas das ciências da vida anteriormente agrupadas, e proceder de modo inverso nas ciências sociais e humanas, de forma a diminuir as disparidades no número de bolsas atribuído em cada subárea. De resto, tal corte extra não seria só nas ciências sociais e humanas, mas também nas ciências fundamentais (não aplicadas), como a Matemática e a Física, com menor prejuízo (mas também prejuízo!) das áreas mais aplicadas. Mas este efeito, a existir, é de segunda ordem: não é a causa principal. Conforme se pode ver na distribuição de bolsas de doutoramento e pós doutoramento recentemente atribuídas, os cortes são drásticos e afetam todas as áreas. O problema não está nas bolsas ou contratos atribuídos (que, em geral, creio terem-no sido a gente meritória, apesar de trapalhadas inacreditáveis e inéditas como as bolsas em Sociologia). Tão pouco o problema está em terem sido atribuídos mais bolsas ou contratos nesta área que naquela. O verdadeiro problema está nos cortes; está em terem sido atribuídas tão poucas bolsas e terem sido abertas tão poucas vagas de investigador FCT. Tudo o mais é, por agora, secundário, e só serve para dividir os cientistas, que é o que agora é menos preciso.
Dois notáveis artigos, justamente de autores de áreas bem diferentes: A FCT e a política de extermínio das Ciências Sociais e Humanas e Algo está mal no reino da FCT quando dois dos melhores alunos de Física do país não recebem bolsa.
Dois notáveis artigos, justamente de autores de áreas bem diferentes: A FCT e a política de extermínio das Ciências Sociais e Humanas e Algo está mal no reino da FCT quando dois dos melhores alunos de Física do país não recebem bolsa.
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