terça-feira, 3 de novembro de 2009

ICAR e o sucesso do sexismo e homofobia

A Igreja Anglicana já há 17 anos que permite que mulheres exerçam o sacerdócio, e a Igreja Episcopal ordenou em 2003 um bispo abertamente homossexual. Em ambos os casos, muitos membros destas comunidades foram-nas abandonando para se converterem ao catolicismo, ocorrendo uma verdadeira "sangria" destas Igrejas.

Ainda assim, muitos tradicionalistas, descontentes com esta abertura, mas renitentes em abandonar a sua liturgia e herança, têm mantido a sua pertença a essas Igrejas.

De acordo com esta notícia do Economist, a ICAR está a resolver este "problema", permitindo que dioceses e comunidades inteiras adiram à Igreja Católica como um grupo, mantendo muitas das suas tradições. Os sacerdotes destas comunidades podem até ser casados, muito embora não possam ascender a Bispos nessa circunstância.

Os progressistas católicos ficam portanto numa situação complicada. Será certamente mais difícil defender a ordenação de mulheres quando o exemplo de uma Igreja que seguiu esse caminho é exemplo de um fracasso do qual a ICAR se está agora a aproveitar. Há pessoas (e pelos vistos não são poucas) para quem o sexismo ou homofobia de impedir a ordenação de mulheres ou homossexuais é mais importante do que a tradição familiar, a comunidade em que se cresceu, ou mesmo todas as outras tradições.
Mal por mal, eu sou da opinião que nenhuma tradição deve ter valor intrínseco; mas para quem dá valor às tradições, é curioso que as priorize desta forma, considerando as tradições sexistas e homofóbicas mais importantes que as outras todas.

8 comentários :

Ricardo Alves disse...

O Ratzinger sabe o que faz. Está a encher a ICAR de conservadores.

Anónimo disse...

Mas os conservadores não são cada vez menos? Parece-me um pouco desesperado.

Ricardo Alves disse...

É desesperado. Desde o início do pontificado que o Ratzinger tem mostrado que prefere uma ICAR pequena, mas mais coesa (conservadora).

João Vasco disse...

Mas neste caso ele está a expandir a ICAR, não a torná-la mais pequena.

Se Moncho disse...

Na minha humilde opiniom os progressistas católicos tenhem-no muito fácil. Aceitar que em realidade são protestantes e trocar a igreja católica por outra na que se sentam mais a vontade.

João Vasco disse...

Essa ideia de que os católicos progressistas não são verdadeiros católicos é capaz de ser complicasda de aceitar pela parte deles...

Curiosamente quando era novo passei precisamente por essa decisão. Abandonei o catolicismo ainda antes de abandonar o cristianismo.

Ricardo Alves disse...

Está a «expandir» fazendo entrar conservadores (FSPX ou anglicanos misóginos), numa Europa que ele próprio sempre disse estar em secularização acelerada. Ele sabe que está a reforçar a componente conservadora e que isso terá custos na sociedade como um todo.

Quanto aos progressistas que são católicos, concordo com o nosso amigo galego: fundem outra igreja.

Anónimo disse...

Mas neste caso ele está a expandir a ICAR, não a torná-la mais pequena.

Sim, mas está a passar de um bote que se está a afundar para um iate que se está a afundar.