sexta-feira, 9 de junho de 2006

Prémio Tuvalu e outras considerações

Durão Barroso, presidente da comissão europeia, ganhou um prémio. O prémio Tuvalu.

«Cada ano um júri composto por activistas de três associações ecologistas internacionais - «Agir pour l'environnement», «Action Climat», «Transport & Environnment» - escolhe o premiado do chamado «prémio Tuvalu do desregramento climático», designação essa que tem origem no nome da ilha do oceano Pacífico ameaçada pela subida do nível das águas como consequência do aquecimento do planeta. Trata-se obviamente de um anti-prémio pois que visa justamente denunciar a acção de um actor, político ou económico, que se tenha mostrado incapaz de agir a favor da luta contra o desregramento climático.

Para este ano a escolha do júri recaiu sobre Durão Barroso, presidente da Comissão europeia pelo facto do dito cujo, sobejamente conhecido pelos portugueses, se deslocar diariamente dentro da cidade de Bruxelas com a sua viatura pessoal que é, nada mais nada menos, uma viatura 4x4 de todo-o-terreno (!!!), que gasta mais de 13.2 litros aos 100Km em circulação urbana e que produz, pelo menos, 265g de CO2/km percorrido (sem contar a climatização), ou seja, mais de 60 toneladas de CO2 ao longo da sua vida útil.»
(Copiado descaradamente daqui, onde se encontra a história toda traduzida)

Fait divers à parte, continuo sem entender a alienação de muita direita que acha excessivo o quase nada que se está a fazer para fazer face ao problema do efeito de estufa.

Como é possível? Como é possível tamanha displiciência? Como é possível tamanha irracionalidade? Como é possível tamanha despreocupação com o planeta, com o futuro, com o mundo que deixamos aos nossos descendentes.

Como é possível não entender que a generalidade da comunidade científica, dos especialistas nestes assuntos, considera que as emissões excessivas são a causa mais provável do aquecimento global?
Como é possível ignorar que os danos materiais e económicos (para já não falar nos danos humanos) da inacção são muito superiores aos custos da prevenção?
Como é possível não entender que Quioto peca por ser tão suave, e nunca por ser tão duro?
Como é possível não perceber que todos os danos económicos que nos recusarmos a sofrer na actualidade serão pagos com juros de mortes, catástrofes e bens materiais, e que só a total cegueira e irracionalidade faria contraír tal empréstimo?

É assustador...

6 comentários :

Ricardo Alves disse...

«Durão Barroso (...) se deslocar diariamente dentro da cidade de Bruxelas com a sua viatura pessoal que é, nada mais nada menos, uma viatura 4x4 de todo-o-terreno»

Ora aí está um digno representante da cultura pato-bravista portuguesa...

cãorafeiro disse...

continuo sem entender a alienação de muita direita que acha excessivo o quase nada que se está a fazer para fazer face ao problema do efeito de estufa.


João Vasco: SE FOSSE SÓ A DIREITA!!!!!!!!!!!!!!!!!!

caminhamos para o abismo, porque todo o nosso sistema económico assenta no mito dos recursos inesgotáveis. perante a realidade de que os recursos não são infinitos, o que se faz? enceta-se a fuga para a frente, via nuclear. deve ser para chegarmos ao abismo ainda mais depressa.

mas não é uma questão de esquerda-direita.

ninguém está disposto a por em causa o sistema económico internacional, e sem isso, o abismo fica cada vez mais perto.

Se Moncho disse...

Se algo caracteriza a direita moderna é a sua defesa do egoismo. Assim que o sr. Barroso pensará, como tantos outros: "depois de mim, o dilúvio".

Pedro Viana disse...

O cãorafeiro menciona uma das causas para o combate acérrimo, sujo e mentiroso, da Direita à noção de que está a decorrer um processo de aquecimento global, e que tal se deve principalmente à actividade humana. E essa razão é o facto de tal problema evidenciar a existência de limites ao crescimento económico/produtivo, i.e. à economia, como resultado quer do seu severo impacto ambiental quer da finitude dos recursos naturais. A outra razão é que o problema do aquecimento global só pode ser solucionado através da regulação estatal, e ainda por cima a nível global, o que colide frontalmente com a ilusão de (grande parte) da Direita de que o "mercado" pode resolver por si qualquer problema.

Anónimo disse...

É a direira, a esquerda e pior ainda: no seio dos próprios grupos ambientalistas. Muitos deles opõem-se à maior parte das alternativas aos combustíveis fósseis, desde barragens, eólica até ao nuclear. E mesmo na categoria teórica já se opõem muitas vezes à fusão nuclear que a ser concretizada será uma fonte segura e limpa.

A redução de emissões simplesmente com base na eficiência energética é quase sempre o chavão. Assim não vamos lá de certeza.

João Vasco disse...

De acordo!