sexta-feira, 9 de junho de 2006

A extrema-direita

Ah! É verdade! E vi as reportagens sobre a extrema-direita.

Acho que as pessoas deviam ter o direito de organizarem e legalizarem os movimentos que quisessem, deste que não fizessem a apologia da violência.

Neste caso, acho que toda a visibilidade dada a este movimento é boa, porque toda a gente devia saber que o desemprego, a exclusão, a ignorância e a falta de auto-estima geram pessoas assim, cheias de medo (da diferença, do mundo, da diversidade), absolutamente ignorantes da história da Europa, recente e antiga, e frequentemente desesperados e violentos.

Estou farto de ver documentários e ler artigos sobre a extrema-direita, europeia e americana, e não vejo mal nenhum em que se mostre aos portugueses os problemas dos jovens que se consideram excluídos, que não têm razões para acreditar no futuro e que por isso reagem assim, tornando-se violentos, acabando por vezes como assassinos perigosos que depois é preciso prender, depois de terem assaltado e morto inocentes.

A extrema-direita é (e sempre foi) um refúgio dos excluídos, dos infelizes, dos desempregados que se vêem a si próprios num beco e não sabem como hão-de sair. Acho que são um caso de polícia, no sentido em que precisamos de saber quem são, por onde andam, etc., mas acho que a solução para este problema não é a repressão pura e simples. Na minha vida conheci três ou quatro skin heads e eram todos uns desgraçados, sem futuro, sem emprego, sem estudos, sem namorada... não acho que os devamos odiar.

Isto não quer dizer que eu não ache que devia haver penas muito, muito pesadas para crimes de ódio. Muito mais pesadas do que as que temos! Se percebi bem, este dirigente que o documentário mostrou - esqueci-me do nome dele - já matou um inocente.

4 comentários :

cãorafeiro disse...

este post não vai suficientemente longe e inclui elementos de acomodação que me perturbam.


filipe: não achas estranha a falta de espírito crítico do repórter? eu acho. já vi muitas reportagens de investigação sobre este tipo de fenómenos, mas aqui apenas se dava voz aos marginais, sem que sequer as informações por estes fornecidas tenham sido verificadas (exemplo: o 'concerto' alegadamente autorizado nas caldas da raínha. onde está a prova de que as autoridades o permitiram?)

trata-se de gente extremamente perigosa e não de infelizes como tu referes. a palavra infeliz traz consigo um elemento de compaixão que aqui é descabida.

e a questão não está nas leis, mas no facto de que as nossas autoridades legítimas não estão a garantir o seu cumprimento. a apologia do fascismo e nazismo é proíbida, o incitamento ao ódio também. mas em nome de preciosismos, subverte-se o espírito da lei, aceitando que gente assim tome de assalto o PRD e o transforme num partido neo-nazi.

na Sérvia, pude ver com os meus próprios olhos do que esta gente é capaz se lhes derem espaço. e têm namoradas e amigos, ao contrário dos 3 ou 4 infelizes que tu citas.

Anónimo disse...

Assino por baixo cão rafeiro. Tolerância zero a estes gajos.Se fossem governo metade de nós não existiam, ou estavamos na prisão.Filipe ainda não foi suficientemente informado sobre o que foi o nazismo e o que estes gajos fazem na Alemanha, EUA (Oklahoma remember?), paises de Leste?
Inofensivos, coitadinhos, casos de policia? O Holocausto tambem foi uma mentira não?

João Miguel Almeida disse...

Há ideias no post que deviam ser clarificadas. O que significa essa distinção entre a liberdade de organizar movimentos e a apologia da violência? O problema é que no actualmente após a revisão crítica da História do comunismo preparou-se o terreno para estabelecer equivalências entre comunismo e fascismo e/ou nazismo. Se os partidos comunistas são legais os partidos fascistas não deviam também sê-lo? A minha resposta é claramente negativa. A experiência histórica do comunismo pode aproximá-lo da violência fascista ou nazi, mas há profundas diferenças ideológicas. Engels ficou horrorizado com os atentados bombistas do IRA. Durante o século XIX a ideia de muitos comunistas é que a Revolução nasceria de uma greve geral. No século XX, o comunismo é invocado para justificar enormes violências, mas a carnificina do século passado foi aberta pela I Grande Guerra, da qual o marxismo-leninismo pode ser considerado uma consequência, não uma causa.
O fascismo é intrínsecamente violento. Mesmo que não ocupe o aparelho de Estado. O que é que seria a expulsão «não-violenta» de negros? Impossível saber, é uma contradição de termos, um absurdo.
Não duvido que muitos membros da extrema-direita tenham histórias de vida tristes. O problema é que a fronteira entre agressor e vítima é muitas vezes problemática. Já Camus distingua, no «O Homem Revoltado», entre revolta, que conduz à justiça, e ressentimento, que alimenta a vingança. Hitler também foi um «pobre cabo» nas trincheiras da I Grande Guerra. E daí? Não deixa de ser uma figura sinistra.

João Miguel Almeida disse...

Errata: não é correcto referir-me ao IRA para o século XIX. As bombas que chocaram Frederick Engels foram colocadas por republicanos irlandeses em Westminster Hall. O facto é lembrado por Eric Hobbsbawn no início de «Age of Extremes. The Short Twentieth Century». O historiador britânico sublinha que, como antigo combatente, Engels horrorizava-se com a ideia de uma guerra travada contra não- combatentes.Auto-justificação de um ex-marxista? Mas eu nunca li nenhum ex-fascista ou ex-nazi a falar dos antecedentes não-violentos das suas ideologias...