quinta-feira, 9 de março de 2006

Da «guerra dos sexos» intra-partidária às quotas de gajas

Existe um problema real de discriminação das mulheres no mercado de trabalho: entram mais mulheres do que homens nas universidades, mas há mais homens do que mulheres empregados. Evidentemente, uma parte da explicação residirá no ciclo biológico, outra parte na divisão do trabalho doméstico, mas a única parte que pode ser discutida politicamente é a discriminação no emprego, que não é nem uma fatalidade genética nem um assunto privado, e é bem real (notar também que as mulheres têm salários inferiores aos dos homens).
Instituir quotas sexuais nas listas de candidatos a cargos políticos não ataca os problemas acima referidos. Pelo contrário, trata-se apenas de mais um episódio da «guerra dos sexos» no interior dos partidos, que aliás nos mostra que os dois partidos mais afectados pela lógica «identitária» («género», «orientação sexual»...) a nível interno são o PS e o BE.
As consequências destas quotas eleitorais na representação política serão despiciendas. Nos cargos de decisão (o Governo, por exemplo), o efeito será nulo. Talvez fosse melhor ter tentado outra abordagem. Por exemplo, recompensas fiscais para empresas de dimensão grande ou média que tenham mais de 50% de mulheres...

3 comentários :

Anónimo disse...

Talvez fosse uma boa ideia.

Luis Moutinho disse...

estou convicto que sem pelo menos este tipo de medidas o caminho para a igualdade de oportunidades entre géneros será muito mais longo.

Anónimo disse...

A maioria das médias empresas portuguesas é uma unidade fabril contando entre 150 a 400 empregados.
Qualquer destas fábricas tem muito mais de 50% de operárias. Desculpa, mas não vejo como os benefícios fiscais possam vir aumentar mais ainda a igualdade de oportunidades nas pme's.

Agora, se o target forem as grandes empresas...

Abraço