quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Comunicado da ARL

«1.A Associação República e Laicidade considera que o único dever das autoridades de um Estado laico e democrático na actual «polémica dos cartunes» é reafirmar o direito inalienável dos cidadãos ao exercício da liberdade de expressão, o qual inclui o direito à blasfémia. A Associação República e Laicidade não pode, portanto, deixar de lamentar e repudiar o comunicado do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros datado de 7 de Fevereiro de 2006.
2. Contrariamente ao que sustenta aquele documento oficial, a presente crispação internacional não evidencia uma «guerra de religiões», mas sim o confronto entre laicidade e clericalismo. A liberdade de expressão, constitucionalmente garantida, é um direito fundamental que tem valor exactamente na medida em que não conhece excepções. Um alegado «dever de respeito» pelos «símbolos e figuras» religiosos não pode ser constituido em limite à liberdade de expressão, sob pena de destruir o debate livre e aberto que caracteriza as sociedades democráticas.
3. A Associação República e Laicidade – embora respeitando a legitimidade das crenças religiosas pessoais – considera também que quem exerce o cargo de Ministro do Governo da República Portuguesa não deve aduzir dogmas de fé (nomeadamente, a existência de um «profeta Abraão») como justificação de tomadas de posição políticas.
A bem da República.
Lisboa, 8 de Fevereiro de 2006

Declaração do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a crise dos cartoons

1 comentário :

a.castro disse...

Este senhor, mais Mário Soares, antes das eleições tinham espaços regulares na TV e dispendiam ideias quase de extrema-esquerda, nada condizentes com o passado de cada um.
Freitas, desde que lhe deram um tacho no governo, remeteu-se ao silêncio...
Quando agora abriu a boca sobre os cartoons foi para dizer asneira. Surpreende, na medida em que parece tê-lo feito dessincronizado com o 1º ministro... ou sincronizado?... os políticos são sempre um mistério...