sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ó engenheiro Belmiro, não dá para arranjar uma dentadura à velha?

Não existem diferenças substanciais no conteúdo da comunicação dos dois principais grupos de super e hipermercados portugueses. Quanto muito existe na forma.
O Pingo Doce faz promoções no 1º de Maio, numa altura em que se falava em acabar com feriados. Subsidia uma Fundação, com o nome do fundador, onde se patrocina a ideologia e a direita que nos governa. E o presidente (CEO ou lá como se diz), Alexandre Soares dos Santos, por alguma estranha razão visto como “neutro” ou “isento”, tem acesso frequente a jornais onde dá entrevistas carregadas de ideologia e agenda política, tendo também contribuído para a queda do anterior governo e a chamada da troika. Numa dessas entrevistas, mais recentes, defendeu que achava muito mal um homem na sua posição não ter pago quase nada por um pacemaker, que lhe foi colocado através do Serviço Nacional de Saúde.
O Continente é mais subliminar na forma de transmitir a sua mensagem, mas no fundo ela é a mesma. Belmiro de Azevedo não dá tantas entrevistas, mas esteve ao lado de Passos Coelho na campanha eleitoral. Alguns slogans do Continente parecem propaganda de Passos Coelho (“vamos fazer mais com menos”). E agora há a velhinha, a recordar-nos que no tempo dela não havia lojas como o Continente, que é muito amigo dos pobres e desgraçados. Recorda-nos isto… sem dentadura. Deve ser parte do “fazer mais com menos”: tal como um pacemaker, que deve ser pago, uma dentadura é um luxo, e deve ser reservado a quem a pode pagar ou a quem realmente precisa (quem não tiver mesmo dente nenhum, e comprovadamente não sobreviver só ingerindo líquidos). Quem tiver só três ou quatro dentes vive bem sem ela.

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