A linha vermelha representa a curva da procura de mão de obra, e a linha azul a curva da oferta. A amarelo e cinzento claro estão reperesentados os ganhos dos trabalhadores numa situação em que o mercado está desregulamentado. Ambos esses ganhos estão sobre-representados neste esquema visto que, pelas considerações já expostas, o declive da linha azul deveria ser muito reduzido. A cor de vinho, cor de laranja e cinzento escuro estão representados os ganhos dos empregadores numa situação em que o mercado não está regulamentado. Os valores a verde representam a quantidade de horas transaccionadas, bem como o seu preço, em situação de equilíbrio, sem regulamentação.
Os valores a castanho representam a quantidade de horas transaccionadas e o seu preço, numa situação em que ocorre o estabelecimento de um mínimo para estas transacções. Os ganhos dos trabalhadores estão agora representados a amarelo e cor de laranja, e os ganhos dos empregadores estão agora representados a cor de vinho. Os valores a cinzento, claro e escuro, representam ineficiência.
Do ponto de vista dos trabalhadores, a transição de uma situação de desregulamentação para uma em que o salário mínimo é estabelecido e superior ao valor de mercado vai propiciar-lhes ganhos e perdas. Os ganhos estão representados a laranja, e as perdas estão representadas a cinzento claro.
É certo que o número de horas vendidas vai diminuir, e será essa a causa das perdas assinaladas a cinzento claro, mas é fácil que os ganhos obtidos pela venda da hora de trabalho a um preço superior(área laranja) compensem essas perdas. Na verdade, quando a área laranja é muito superior à área cinzenta clara, parece claro que este sistema favorece a ganeralidade dos trabalhadores, e tem a potencialidade de favorecer todos.
Os grandes perdedores do estabelecimento do salário mínimo são os empregadores.
É possível defender que as perdas deste grupo são superiores aos ganhos dos trabalhadores, e que por isso o salário mínimo é indesejável.
No entanto, as perdas deste grupo podem ser consideradas menos relevantes que os ganhos do outro. Não pela simples razão de que a este grupo correspondem muito menos indivíduos que ao grupo dos trabalhadores, mas por outras condições relativas às diferentes situações sócio-económicas dos dois grupos.
Equanto que o primeiro grupo tem poucos rendimentos, e o ganho de utilidade marginal por um pequeno acréscimo no rendimento pode ser muito significativo, o segundo grupo pode suportar algumas limitações na capacidade de contratar sem sofrer prejuízos de maior.
Posto de outra forma, o ganho de liberdade e qualidade de vida de saír de uma situação de quase-escravatura no limiar substência, pela parte de muitos trabalhadores, pode ser mais valorizado que as perdas de liberdade contratual de ambas as partes, e lucro adicional que se torna impedido por esta forma de regulamentação.
Há algumas considerações adicionais a fazer sobre este assunto.
10 comentários :
Éh pá, voces neste blogue devem ter andado a ler demais as teorias do "Homem das Neves"!! Cá para mim voces gastaram uns trocos a fazer MBA's na católica, e no fim, ficaram sem perceber nada. E eu que pensava que so na independente se faziam cadeiras por correspondência, e era só inglês técnico
aartedotuga.blogspot.com
artista:
"cá para mim" não percebeste nada daquilo que "EU neste blogue" escrevi.
Para a próxima escreve um comentário com conteúdo.
Obrigado.
Com o sem conteúdo, aqui vai o meu pedido de desculpas, mas a critica que fiz era para ser lida com mais profundidade.
Porém, volto a insistir, agora de uma forma mais directa, porque os simples preferem explicações directas, que a interpretação do seu gráfico e da teoria subjacente ao algoritmo que o construiu, é pelo menos digna do contraditório (falo no sentido global dos seus posts com tema comum). A sua interpretação é típica de um economista de uma escola "clássico", se é assim que se deve chamar. Aceite-se ou não, a subjectividade (i.e.,uso dos sentidos para interpretar)que que utiliza para interpretar dados matemáticos (ciência exacta), revela o peso da "escolástica" ideológica na construção da sua teoria explicativa. Receio que o senhor se orgulhe de sujeitar o seu raciocínio a regras ideológicas (esq ou direita, não interessa), e por isso tudo o que se afasta dele, deve considerar “pecado” ou desvio de conduta, que não se atreve a expressar.
Essa foi a razão porque manifestei os meus "sentimentos" pela economia enquanto ciencia. Os números não mentem, mas interpretações que se escrevem sobre eles, essas sim podem e são na sua maioria falaciosas. Ressalvo que a minha intenção não é julga-lo nem tão pouco dar-lhe uma lição, desprovida de conteúdo. Mas, não posso deixar de lhe lançar o desafio: Pegue no texto que escreveu, retire tudo o que possa ter mais do que uma interpretação e depois publique o texto. Prometo que lhe escrevo uma critica com conteúdo.
Se fosse meu aluno voltava, convidava-o a voltar a estudar a materia
João,
Um dos erros que cometes aqui é considerar a diferença entre a curva (procura ou oferta) e o preço. O que deves considerar é o total que os trabalhadores recebem, ou seja, a àrea Q1*P1 vs a àrea Q2 vs P2. Isso é que te dá uma ideia do beneficio para os trabalhadores. Com as curvas que apresentam (e ainda mais com curvas realistas) é francamente negativo.
Em suma, tu estás a dizer que apesar de o total dos salários pagos a esta gente ser menor, eles ficam todos mais contentes. Acho pouco realista :)
Ludwig:
Há dois erros na tua objecção.
A primeira é que SM*Q2 pode, em muitos casos, ser maior que S1*Q1.
O segundo é que por definição não há ganho abaixo da linha de oferta, precisamente porque é isso que a define.
Se o trabalhador preferisse trabalhar abaixo do valor da linha azul a morrer à fome, a linha azul estaria mal traçada: teria de estar abaixo.
Assim sendo, o que poderás dizer é que em casos realistas a linha azul está próxima da origem e tem declive quase nulo (e aí os valores do ganho aproximar-se-ia mais das áreas que referes.
No entanto, isso é algo que eu próprio aviso no texto: que a linha azul deveria ter um declive menos acentuado, e que aqui só está mais acentuado para efeitos esquemáticos.
artista:
Nos meus textos eu escrevi:
«A primeira de todas é comentar que o raciocínio exposto partiu dos pressupostos da economia clássica: a mesma que é usada para passar a imagem - distorcida e enganadora, como creio ter demonstrado - que o salário mínimo desfavorece os trabalhadores menos qualificados, que pelo contrário são quem mais beneficia desta regulamentação do mercado.»
Por isso, é óbvio que eu parti de certos pressupostos que se podem questionar. Mas o meu objectivo era mesmo esse: partir desses pressupostos e denunciar uma conclusão enganadora que outros afirmam decorrer deles.
Posto isto, acho muito pouco construtivo criticar alguém por usar certos pressopostos em abstracto.
Devemos questionar os pressupostos em concreto, e com boa fundamentação. Não é dizer "se pensas dessa forma és um sacana neoliberal". Se a esquerda não encontrar outras formas de argumentar e desconstruir as falácias que nos vão sendo apresentadas, não vejo como poderá vencer o debate intelectual, que será importante para conseguir concretizar as suas ideias.
Pelo contrário - e note-se que a minha formação é em engenharia - acho que se mais gente de esquerda ler e estudar economia - mais do que uma escola, quanto mais se souber, melhor -, poderá facilmente identificar os erros e falácias da direita, e denunciar com muito mais fundamentação as conclusões errôneas que esta vai apresentando como factos.
E assim, as ideias esquerda poderão ter um impacto muito diferente na forma como é exercido o poder.
João,
Acho que estás a confundir várias coisas. Se uma curva de oferta é determinada pelo custo de produção, então o ganho é de facto a àrea acima da curva. Mas no caso do emprego não é assim, e o ganho é o ordenado recebido. Este é simplesmente o numero de horas vendidas multiplicado pelo preço médio.
Se comparares os casos nas curvas do teu gráfico vez que os trabalhadores ficam a perder.
Mas se a escolha é entre trabalhar ou morrer à fome, a oferta vai ser totalmente inelástica. É constante para qualquer preço. Neste caso o que o ordenado mínimo faz é simplesmente eliminar aqueles postos de trabalho para os quais a procura estava abaixo desse valor. No teu gráfico, seria eliminar a àrea entre Q1 e Q2, sem qualquer benefício.
Mas acho que o problema principal é que estás a usar o gráfico de um forma errada. Este modelo (muito simplificado) descreve a variação hipotética do preço de um produto em função da procura e da oferta, assumindo informação perfeita e interacção entre todos os agentes, o que permite que o produto tenha o mesmo preço por todo o mercado. As curvas são hipotéticas. São algo como "Se só oferecessem N unidades, e se fizessem um leilão por toda a gente, iam vendê-las a um preço de S cada uma".
Mas parece-me que estás a interpretar a curva como uma distribuição de preços na população, e isso é errado. A curva dizer-te que só havendo 10 unidades seriam compradas a 100 cada uma não quer dizer que havendo 50, dez destas sejam compradas a 100 cada uma.
Seja como for, este modelo é completamente inadequado porque assume uma uniformidade que não existe no mercado de trabalho, em que cada par trabalhador-emprego é quase como um produto diferente...
O melhor para isto é largar estes modelos demasiado simples e usar algo mais complexo. Vou ver se arranjo tempo para uma simulação estocástica, deve ser engraçado. Manda-me um email se estiveres interessado em fazer isto a dois...
«Mas no caso do emprego não é assim, e o ganho é o ordenado recebido. Este é simplesmente o numero de horas vendidas multiplicado pelo preço médio.»
Não. O ganho é ordenado recebido menos o dinheiro tal que fosse ao trabalhador indiferente trabalhar ou não o fazer.
No caso em que a curva da oferta representa o custo de produção, o que representa realmente é mesmo isso: um valor tal que é indiferente para o produtor fabricar e vender o seu produto, ou não o fazer.
«Se comparares os casos nas curvas do teu gráfico vez que os trabalhadores ficam a perder.»
Isso é algo que depende da escala, da forma da curva, etc... há muitos casos em que, mesmo vendo as curvas da forma que referes (que creio incompleta) a área pode aumentar com a imposição de um salário mínimo.
Nesses casos, é defensável que ele seja imposto.
«Mas parece-me que estás a interpretar a curva como uma distribuição de preços na população, e isso é errado. A curva dizer-te que só havendo 10 unidades seriam compradas a 100 cada uma não quer dizer que havendo 50, dez destas sejam compradas a 100 cada uma.» - Claro que não! Isso corresponderia uma curva de procura constante, o que não é o caso no meu esquema.
«Seja como for, este modelo é completamente inadequado porque assume uma uniformidade que não existe no mercado de trabalho, em que cada par trabalhador-emprego é quase como um produto diferente...»
É uma simplificação, mas nota que só é feita face à mão de obra pouco qualificada, tal como refiro várias vezes ao longo do texto.
João,
Se vendem Q horas a um preço médio de P, o rendimento total dos trabalhadores é P*Q. Isto pode estar mais ou menos acima da linha imaginária abaixo da qual alguns preferiam ir roubar, mas contar a diferença à linha que inventas introduz um erro enorme e desnecessario. O critério mais claro é: aumentar P*Q é bom, diminui-lo é mau.
mesmo que o critério fosse esse - que não concordo que seja - as minhas considerações continuam a aplicar-se.
É possível aumentar a área com o salário mínimo em muitos casos, e nesses é perfeitamente defensável a aplicação de um salário mínimo acima do valor de mercado.
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