O meu dentista contou-me que estava a preparar-se para arranjar um dente a uma senhora e ela, sem qualquer provocação, desatou a opinar sobre os mercados e os salários mínimos.
Ele balbuciou qualquer coisa sobre a existência de negócios que não fossem suficientemente rentáveis para proporcionar uma vida decente a quem neles trabalhasse e ela desatou a vociferar e a perguntar-lhe se não gostava que as cadeiras de jardim, em teca, que estavam à venda não sei aonde – feitas na Indonésia – custassem para aí 20 dólares, em vez dos 200 que valiam...
Ele ia-lhe a dizer que não era prazer nenhum estar sentado numas cadeiras lindíssimas, que só tinham custado 20 dólares, num planeta em que as crianças tivessem que se prostituir para comer, porque as mães e os pais faziam cadeiras de teca por 10 dólares por mês, mas calou-se.
Saiu da sala, respirou fundo, voltou a entrar, meteu-lhe um tubo na boca e tratou-lhe do dente.
1 comentário :
o dentista terá sempre a escolha de comprar uma cadeira, porventura mais cara, que esteja conforme as suas normas éticas.
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